A guerra muçulmana
entre Sunitas e Xiitas ao serviço dos EUA e dos lóbis de armamento
internacional
António Justo
A Síria é o palco da guerra muçulmana entre a
confissão dos xiitas e a dos sunitas. A luta de influências entre os dois
grupos é bem-vinda aos países da Nato porque lhe oferece a oportunidade de
combater a influência russa na região e de fortalecer a Turquia como bastião
avançado da NATO numa região que se pode estender pela Ásia Central, Rússia,
Cáucaso, China, etc. Com a intervenção militar dos EUA, o Ocidente quer
fomentar a soberania do islão sunita (Turquia) sobre o islão xiita (Irão). A
Nato com a Turquia e a Arábia Saudita apoiam os rebeldes sunitas e a Rússia com
o Irão apoiam o governo sírio e os rebeldes xiitas (xiitas Hezbollah).
Baschar al Assad, presidente da Síria, pertence aos
muçulmanos Alevitas (uma comunidades islâmica liberal com raízes no islão xiita
mas que não segue os 5 deveres do Islão, nem o seu sistema de direito-sharia, e
não frequenta a mesquita, nem interpreta o Corão à letra e reconhece mulheres e
homens como iguais – um argueiro no olho islamista). Como se vê a Síria
oferece-se como o melhor campo de batalha para as rivalidades entre NATO e
Rússia, entre as facções sunita e xiita, entre Irão e Arábia-Saudita, entre
Ocidente e Irão, dando oportunidade a todos estes para apoiarem os seus grupos
rebeldes e em nome deles transformar um conflito religioso local num conflito
político-militar regional. Por isso a imprensa internacional dá tanta importância
aos rebeldes que camuflam interesses estratégicos estranhos à Síria e no fim só
se aproveitam os extremistas religiosos e o Ocidente na reconstrução.
Resumindo: na Síria alinham-se os interesses dos aliados EUA, Turquia,
Arábia-Saudita e dos sunitas contra os interesses da Rússia, do Irão e dos
xiitas.
O conflito descarregado na Síria é quase uma cópia da
“Guerra dos 30 anos” entre a confissão protestante e a confissão católica; por
trás do conflito religioso encontrava-se o conflito entre o sacro império
germânico e a Áustria (dinastia dos Habsburgo) que envolveram, nessa guerra, a
maior parte dos países da Europa. Tal como na guerra dos 30 anos do séc. XVII
em que os conflitos religiosos entre católicos e protestantes davam
oportunidade aos países e principados europeus para tentarem impor o domínio
duns sobre os outros, repete-se hoje um conflito religioso muçulmano não
declarado entre as duas confissões na Síria, Paquistão, Afeganistão, Iraque,
Egipto, Líbia ao serviço de tendências hegemónicas da NATO, Rússia, Turquia,
Arábia-Saudita e Irão.
Os Média ocidentais estão, duma maneira geral, ao
serviço duma informação confusa e confundidora, dado estarem também eles ao
serviço dos interesses estratégicos e económicos do Ocidente; por isso
favorecem uma intervenção do Ocidente contra a Síria. Quem paga a factura é o
povo ocidental com impostos e a obrigação de receber os refugiados que o
Ocidente produz e o povo muçulmano obrigado a manter-se sob o jugo divino e sob
o jugo regimes despóticos. Este conflito, que não deveria ser nosso, só serve a
escalação do poder e os interesses das indústrias de guerra e de reconstrução.
Uma intervenção militar seria mais um acto da selvajaria que o Ocidente e a
Rússia, com gosto, atribuem a outros povos não tão “desenvolvidos”.
António da Cunha Duarte Justo
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