O
Estado do Tempo – II
TEMPO(s)
Como água circulando pelos tecidos-terra
vivificando-a, o pensamento. Envolvido em cadência de tambor, evocação de uma
solenidade antiga trocada por repugnante pantomina.
Tum-Tum.
Tum-Tum-Tum.
Tum-Tum-Tum.
Todo
o tempo é temporário, transitório.
Sem palavras, apenas um leve rumor e, contudo, perfeitamente audível, de dentro, fala que é longe o cais dos abraços e move-se, ainda.
Continua a afastar-se e regressamos agora e sós.
Será? Ou não?
Sem palavras, apenas um leve rumor e, contudo, perfeitamente audível, de dentro, fala que é longe o cais dos abraços e move-se, ainda.
Continua a afastar-se e regressamos agora e sós.
Será? Ou não?
Tum-Tum.
De-vagar
o olhar
antecede o tacto
e o enleio que o aroma
arquitecta.
antecede o tacto
e o enleio que o aroma
arquitecta.
De-vagar
o alheamento
cobre de indiferença
os dias desesperançados
de brilho.
cobre de indiferença
os dias desesperançados
de brilho.
De-vagar
o ouvir
que soçobra no silêncio
dos voos parados
das gaivotas.
que soçobra no silêncio
dos voos parados
das gaivotas.
De-vagar seca,
em combustão interna,
a pele curtida
do tambor-alma.
em combustão interna,
a pele curtida
do tambor-alma.
De-vagar
a viagem
de dentro p’ra fora
tudo à volta acontece
sem espanto.
de dentro p’ra fora
tudo à volta acontece
sem espanto.
De-vagar o tempo
coisas sonhadas
canções por inventar
na
raiz dos sons
De-vagar
se apronta
o levantamento sem rebelião
antes consciência
feita acção.
o levantamento sem rebelião
antes consciência
feita acção.
De-vagar
o tempo
afasta a névoa, o desamparo
ateia-se o soletrar do fogo
e, no seu devir, o tempo sussurra:
SERVIR.
Tum-Tum.
Tum-Tum-Tum.
afasta a névoa, o desamparo
ateia-se o soletrar do fogo
e, no seu devir, o tempo sussurra:
SERVIR.
Tum-Tum.
Tum-Tum-Tum.
(in “Humanascer ou a Procura da Luz” de Manuel João Croca)
Anta, Sol e Árvores
(óleo sobre tela)
Pintura de Luís Delgado
2 comentários:
No servir é que está o ganho! Abraço.
Sim, acredito nisso.
Servir, aqui entendido como o oposto da subserviência. Evidentemente, como sei que tu bem sabes.
Abraço.
Manuel João
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