Uma Revista que se pretende livre, tendo até a liberdade de o não ser. Livre na divisa, imprevisível na senha. Este "Estudo Geral", também virado à participação local, lembra a fundação do "Estudo Geral" em Portugal, lá longe no ido século XIII, por D. Dinis, "o plantador das naus a haver", como lhe chama Fernando Pessoa em "Mensagem". Coordenação de Edição: Luís Santos.
sábado, 15 de março de 2014
A Quinta do Esteiro Furado, por Fernanda Gil
A Quinta do Esteiro Furado terá nascido da união entre a Quinta do Martim Afonso e a Quinta do Brechão. Foi propriedade da coroa e gerida por administradores, até à extinção das ordens religiosas em 1834. Depois disso, passou para a posse de diversos proprietários: Rui de Miranda, cavaleiro da casa real de D. Sebastião; Gerarldo Huguens, Flamengo; Manuel de Oliveira de Abreu e Lima, neto do antecessor proprietário e provedor do tabaco de Alfândega da corte; Luís José Pereira; Paulo Nunes; Domingos Garcia; Tomaz Creswel e sua mulher Marta Creswel; Lord Buknall e Carlos Creswel; João Manuel (Chumbeiro). Em 30 de Dezembro de 1972, a Quinta foi comprada por António João da Silva e mantém-se na posse dos herdeiros.
Possuía um palacete; uma capela ou ermida; campos de lavoura; oficinas de manutenção; garagens para carros de bois e carroças, armazéns para produtos hortícolas; estábulos; alambiques; conjunto de casas (antigas casas dos trabalhadores); lagares; um grande depósito de água, que também abastecia os navios ancorados no Tejo; armazéns para guardar ferramentas; um moinho de maré (desaparecido) chamado "Froje" e cinco salinas na dependência directa da Quinta: "Bombaça", "Sarjeda", "Guisada", "Arvéloa" (alvéloa/pássaro) e "Furadinho"; um cais e um esteiro. Com exepção dos campos de lavoura e do esteiro (agora, mais assoreado), tudo o resto desapareceu ou está em ruinas e vandalizado.
A Capela de S. Gerardo foi fundada em 1600 e construida em 1629. Tem uma torre tipo Senhorial, abastardada, com a insígnia da ordem de Santiago. Na fachada da Capela, junto à entrada, ainda existe uma lápide, que na sua frontaria tem a cruz da ordem de Santiago.
O próprio esteiro continha elementos naturais que propiciava grande actividade laboral às gentes da região: apanha de ostras e casca da mesma; apanha de lameginhas; pesca artesanal; apanha de limos e apanha de morrassas. Pelo seu pequeno cais, mesmo junto ao palacete, passou toda a actividade da Quinta, através do escoamento dos produtos, por via marítima, utilizando os barcos do Tejo: botes, varinos, canoas, batéis e outros.
Durante anos a Quinta dos Ingleses deu trabalho a muitas famílias de Sarilhos Pequenos.
Fonte: Marco Lino Fernandes
Música: Rodrigo Leão, "Carpe Diem"
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4 comentários:
Mais outro excelente apontamento.
A malta agradece e vai aprendendo.
Parabéns.
Abraço.
Manuel João Croca
Triste é que estas casas/quintas/palácios fazem parte da nossa história directa e qualquer dia já não existe nada...
É mais uma razão para este trabalho, pelo menos que fique para memória futura.
Obrigada pela apreciação, Manuel João
Abraço
São preciosos estes teus apontamentos sobre a nossa região, em que o bom gosto e a qualidade das imagens estão sempre presentes. Obrigado.
Obrigada, Luís Carlos... como preciosos são os teus apontamentos para divulgação da História de Alhos Vedros.
Obrigada!
Abraço
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