quinta-feira, 27 de março de 2014

D'ARTE - CONVERSAS NA GALERIA
 
3ª Série (13)
 
PINTURA
 
António Tapadinhas
 
 
 
MOINHOS DE ALBURRICA,
Autor António Tapadinhas, 1998
Óleo sobre tela 75x90cm


Barreiro, a vila operária, agora cidade sem operários, no seu período áureo, tinha uma unidade industrial que, só ela, empregava mais de 10.000 trabalhadores. Conhecida em Portugal pelas suas lutas reivindicativas, esta vila tornou-se um símbolo da oposição contra a ditadura, mas também num símbolo da poluição industrial, bem visível nos fumos verdes e alaranjados que as chaminés lançavam na atmosfera.
Actualmente, as normas ambientais são mais exigentes, mas os problemas continuam. 
Para além do moinho de maré que existe na caldeira, os moinhos de vento de Alburrica, devido ao seu enquadramento paisagístico privilegiado, até como símbolo do crescimento social e económico, tornaram-se o ex-líbris da cidade do Barreiro. Apesar da sua reconhecida importância histórica, por causa das modificações ambientais no estuário do Tejo, ou da ondulação provocada pelos catamarãs, ou pelo conjunto destes dois factores, pois como se sabe, um mal nunca vem só, se não forem tomadas medidas para evitar o ataque aos seus alicerces, estes três moinhos estão em risco de ruir, principalmente o Moinho Grande, único no país, segundo alguns historiadores.
Esta tela foi feita a partir duma fotografia que eu próprio tirei. Como habitualmente acontece, não dispensei duas sessões no local, para tirar algumas dúvidas que se mantinham.
No dia em que estive a dar os retoques finais, já com a tela montada no cavalete, um senhor de certa idade fez um comentário assaz elogioso sobre a pintura. Quando me voltei para agradecer as amáveis palavras, comecei assim:
- Olá tio, como está?
O senhor era o meu tio Pedro, que tinha aproveitado a baixa-mar para apanhar umas minhocas e casulos para a pescaria que tinha planeado para essa noite.
Confesso que já não me lembro se fui eu o seu companheiro de pesca!
António Tapadinhas
 
António Tapadinhas, artista multifacetado, nascido no Pinhal Novo, em 1942, já foi distinguido com diversos galardões, em áreas tão diferentes como Pintura, Desenho, Artes Gráficas, Literatura, Xadrez, Bilhar… Tem o Título e Diploma de Académico Correspondente da Academia Metropolitana de Letras, Artes e Ciências, AMLAC, de São Paulo, Brasil.
Na pintura, as suas obras têm em comum um audacioso cromatismo, vivo e dinâmico, pleno de exuberância, um hino à alegria de viver.

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