segunda-feira, 31 de março de 2014

REAL... IRREAL... SURREAL... (73)

Siderurgia, Autor António Tapadinhas, 2000
                     Óleo sobre Tela, 73x92cm
Na procura de temas para as minhas pinturas, a cidade do Barreiro tem sido uma das minhas favoritas, não só, por ser a cidade mais próxima da minha casa, mas também, por ser uma cidade de contrastes e, por isso mesmo, muito interessante.
Foi o principal eixo da ligação Norte-sul, por causa do Caminho-de-ferro e da travessia entre as duas margens do Tejo. Foi um importante centro corticeiro. A indústria química, cujo expoente máximo foi a CUF – Companhia União Fabril, onde chegaram a trabalhar mais de 8.000 operários, era a maior do País.
Em frente, no Seixal, separadas pelas águas do Tejo, florescia a Siderurgia Nacional.
Estes pólos de desenvolvimento, apresentados como um alicerce da economia, foram ultrapassado pela dinâmica do sistema, deixando feridas ambientais que só agora começam a ser tratadas.
Quando fui convidado pela câmara Municipal do Barreiro para fazer uma exposição, decidi apresentar o contraste entre a visão objectiva (?) da máquina fotográfica e a visão subjectiva (!) do pintor.

Na próxima semana apresentarei uma visão menos poética da mesma paisagem.


António Tapadinhas

5 comentários:

luis santos disse...


A pintura também destas coisas, neste caso a relembrança de dinâmicas sociais várias que, para o bem e para o mal, foram marcando este nosso tempo de vida. As fábricas, a Siderurgia e a CUF, parte significativa da região industrial onde nascemos e crescemos. Ali se perderam queridos familiares, durante anos fomos respirando fumaças várias que, em certas alturas, tornavam a atmosfera feia e quase irrespirável. Paralelamente,entre outras coisas boas, o desenvolvimento das gentes e do país também passou por lá. Enfim, uma pintura a partir da qual se podem escrever vários livros. Não sei se, como é de costume dizer-se, uma imagem vale por mil palavras, mas com certeza que esta pintura vale mais.

Aquele Abraço.

A.Tapadinhas disse...

Luís Santos: Presto homenagem ao comentário que a minha pintura despoletou, mesmo sabendo que a tua intensa curiosidade e apetência para as artes e ciências, não deixam escapar nada do que à tua volta se vai desenrolando. Para justificar as minhas palavras, estou a lembrar-me das tuas considerações acerca da 1.ª Conferência do Foral, no FB.
Que mantenhas por muito tempo esse entusiasmo, pois precisamos dele, como de pão (infelizmente, não só metaforicamente!) para a boca!

Abraço,
António

MJC disse...


Também eu gosto muito.

Da pintura e do texto que a "emoldura" e também dos comentários.

Este "Estudo Geral" é qualquer coisa...

Abraços.

Manuel João Croca

A.Tapadinhas disse...


MJC: O EG é

"Uma Coisa em Forma de Assim"
como diria o nosso amigo,

Alexandre O'Neill...

Abraço,
António

Gil disse...

Gostei muito da pintura, gostei das lembranças...

Abraço
Fernanda