Uma Revista que se pretende livre, tendo até a liberdade de o não ser. Livre na divisa, imprevisível na senha. Este "Estudo Geral", também virado à participação local, lembra a fundação do "Estudo Geral" em Portugal, lá longe no ido século XIII, por D. Dinis, "o plantador das naus a haver", como lhe chama Fernando Pessoa em "Mensagem". Coordenação de Edição: Luís Santos.
quinta-feira, 27 de março de 2014
QUINTA BRAAMCAMP - Mexilhoeira, Barreiro, por Fernanda Gil
Sob o reinado de D. Maria I, diversas fábricas do Estado foram entregues à administração ou à propriedade de particulares. De entre elas, algumas das mais importantes. Assim, no relatório das fábricas datado de 1788, somos informados terem sido entregues à iniciativa privada, entre outras, fábricas como a do vidro, em Coina e a importantíssima fábrica têxtil de Portalegre.
De referir, que uma lei datada de 1785, proibiu as manufacturas têxteis no Brasil, à excepção do pano de algodão barato usado pelos escravos e para sacas. Deste modo, a maior parte da produção artesanal portuguesa seguia directamente para o Brasil. A crescente necessidade de panos nessa colónia, a par da limitação à importação de panos e outros artigos, impostas através de medidas decretadas durante o consulado de Pombal, visando o incremento da indústria portuguesa, irão contribuir para o desenvolvimento e consequente importância das fábricas de têxteis nacionais. A primeira de entre elas, será a de Portalegre, a qual virá a ter três vezes mais trabalhadores produzindo para a sua unidade industrial, em teares domésticos espalhados pela região, caso de Estremoz, que nas suas instalações, em 1779, para um total de 1348 operários, só 370 laboravam dentro dos seus portões.
O privilégio da exploração desta fábrica, será concedido por carta régia datada de 29 de Março de 1788, pelo período de doze anos, a Geraldo Venceslau Braamcamp de Almeida Castelo Branco e a Anselmo José da Cruz Sobral, e extensivo a seus herdeiros, conforme carta de privilégio que refere ainda: « (...) que em consideração às muitas vantagens que resultarão ao bem comum deste Reino e particularmente aos povos da província do Além Tejo, no adiantamento da Industria, aumento e perfeição das Fábricas de Lanifícios: É Sua Majestade servida declarar, que sempre que nestes importantes objectos e por efeito das diligências, aplicações e despesas deles interessados Anselmo José da Cruz Sobral e Geraldo Venceslau Braamcamp de Almeida Castelo Branco se verifique e desempenhe a confiança que faz do seu zelo e préstimo, os atenderá e remunerará por tais serviços, como feitos à Coroa e conforme a Sua Real Grandeza (...)».
Acresce dizer, que Geraldo Venceslau Braamcamp foi o primeiro proprietário da quinta situada no Mexilhoeiro, no Barreiro, onde hoje se encontra uma unidade corticeira. A quinta do Braamcamp tornou-se em vida do seu proprietário uma importante granja de criação de bichos-da-seda, produção destinada à indústria têxtil.
Geraldo Braamcamp nasceu em 28.10.1752 e morreu em 6.6.1828. Abastado comerciante, recebeu o título de 1º barão de Sobral em 1813. Essa nobilitação ficou a dever-se e inscreve-se nos novos ventos que a partir de Pombal, vinham marcando a vida portuguesa. O Comércio havia sido declarado profissão nobre e os comerciantes autorizados a constituir morgados com os seus bens, privilégio que até então se considerava exclusivo da nobreza.
Quanto a Anselmo José da Cruz Sobral, falecido em 1802, era sogro de Venceslau Braamcamp. Abastado comerciante e capitalista de Lisboa, entre outras actividades constaram as de provedor da Junta de Comércio, co-arrematador do contracto dos Tabacos e financiador da construção do Teatro Real de S. Carlos. Protegido pelo Marquês de Pombal e acarinhado pelos governos de D. Maria I, teve papel de relevo na sociedade capitalista do seu tempo, ficando como um dos melhores exemplos da nobreza de dinheiro dos finais do século XVIII. Iniciado maçon em Loja e data desconhecidas, teve contactos com maçons além-fronteiras.
À morte de Geraldo Venceslau Braamcamp, passou a quinta para a posse do seu filho segundo, Anselmo José Braamcamp, que a alienou em 1837 (...)
O Moinho de Maré do Braamcamp foi edificado no séc. XVIII nos terrenos da Quinta Braamcamp, possuía 10 pares de mós. A partir de 1897 instalou-se no edifício a Sociedade Nacional de Cortiças.
Fonte: http://www.artbarreiro.com/news/quint... e outras
Música: Loreena McKennitt, "Caravanserai"
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3 comentários:
Interessantes peças.
As coisas que se vão descobrindo e aprendendo aqui neste EG...
Abraços e venham mais.
Manuel João Croca
nós, alhosvedrenses somos assim: quando menos se espera, tumba!!! :)))
abraço!
Belo trabalho, Fernanda!!!
APRENDI!!! O que é FENOMENAL!!!
Obrigadíssimo!!!
Beijocas.
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