“Corcundas Mãos Fiando A Mente”
Pensamentos feitos de lã sentimental
Tecidos confeccionados por ideias desfiadas
Pano fiado com fios de meada novelada
Teares em perpétua movimentação
Dedos que se curvam pela tecelagem do tempo
Gente nua sem pele ou alma
Povos correndo sem receio do medo
Populações inteiras ressurgindo-se por vontade própria
Pessoas enfrentando a morte e a vida tambem
Multidões subindo e descendo sem pressentimento de perigo
Ventres corroídos pela tempestade humana
Outros consagrados pela benção da concepção
Navegando na limpidez de liquidos ameneóticos
Expelindo matéria vitalizada para a luz do dia
Acrescentando alegria em contrapeso ao ambiente
Uns chegam à realidade como filhos da natureza
Há os que se transformam em pó para sempre
E os que se convertem em cinzas passadas
Levadas pelo vento para um futuro incerto
Quiça trazidos de nenhures de volta pela esperança
A última de todas as ceias começa no seio de seios
Ali a aventura inicia seu turbulento caminho
Lá atrás fica a agrura da poeira na boca
Degusta-se o verbo dos que falam com azedume
Canta-se a guerra e a paz nas bermas do carrossel...
Sapatos sem pés e pés descalços enroscam-se num turbilhão
Sons de gritos lambidos e languidos tropeçam uns nos outros
Ecos ressoam sem qualquer som nas gargantas profundas
Os rios correm sem perguntas ou respostas
Questões ficam pairando no ar como gaviões famintos
Mãos de pele suave agarram-se a casacos de pele curtida
Gemidos indeléveis de prazer arrastam olhos curiosos
Segue tudo num burburinho de uma marcha timida
Vai-se o sonho com a solenidade de uma rara ocasião
Até as sombras partem para a eternidade sem deixar marca...
Para trás fica a dança da saudade intrinseca da
renovação...
Escrito em Luanda, Angola, a 8 de Marco de 2013, por
Manuel Duarte de Sousa, em Homenagem ao Dia Internacional da Mulher...e as Mães
do Planeta Terra, sendo elas Mulheres Humanas ou de outras Espécies, tanto da
Fauna, assim como da Flora, etc, etc...
o sono nasce de flores com cardos
a minha querida mulher, Solange,
arruma no convento o sono,temos
de partir para a caminhada rezada
são horas de ir para a praia, azul
" Me tiram o sono não o sonho"
avança a primeira parte da oração
o teu corpo é belo nu sobre a areia
o sono nasce de flores com cardos
escolho a maior fatia do bolo de chocolate
para te colocar no colo, vibra o tempo todo
em que a noite dá lugar ao dia
avança na estrada S.João, Estoril,Monte
é preciso olhar com muita atenção
o sol ainda não nasceu
arruma no convento o sono e a gelatina
de Mirtilo sinto os teus seios nas costas
não há nada como a praia de madrugada
vamos mergulhar amor, a água está mágica
José Gil
INCIDENTAL
A mulher cruza a peça
em direção ao corredor interno.
Sua perna falseia a verdade
da caminhada. Os pés
desistem da cena. A mulher
desaparece no vão da escada.
Espada em punho o homem
acompanha a cena. A lâmina
trespassa seu braço. As mãos
tremem o aço oxidado. O sangue
inunda o vão da escada.
Outra mulher leva nas mãos o pano
de limpeza e o balde. Ajoelhada
passa o pano no vão da escada.
Espreme o pano dentro do balde.
O balde transborda na mulher
desaparecida e no braço
do homem oxidado
na temperada espada.
2 comentários:
Maravilha! Grato pela nclusão do Incidental. Coloquei o link no meu blog. Abraços. Pedro.
Fortíssimo o seu "incidental", caro Pedro. Gostámos muito. Obrigado.
Aquele Abraço.
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