Cristiana Penna de Amaral
Título: Flor do Lácio
Técnica: Mista sobre tela
Data: 2014
Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...
Amo-te assim, desconhecida e obscura.
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela,
E o arrolo da saudade e da ternura!
Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,
em que da voz materna ouvi: "meu filho!",
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!
(Olavo Bilac)
4 comentários:
Flor do Lácio é uma expressão usada para designar a Língua Portuguesa.
No soneto “Língua Portuguesa”, o poeta brasileiro Olavo Bilac (1865-1918) escreve no primeiro verso “Última flor do Lácio, inculta e bela”, se referindo ao idioma Português como a última língua derivada do Latim Vulgar falado no Lácio, uma região italiana.
As línguas latinas (também chamadas de românicas ou neolatinas) são aquelas que derivaram do Latim, sendo as mais faladas: Francês, Espanhol, Italiano e Português.
O termo "inculta" usado pelo poeta, se refere ao Latim Vulgar falado por soldados, camponeses e camadas populares. Era diferente do Latim Clássico, empregado pelas classes superiores. Para Olavo Bilac, a Língua Portuguesa continuava a ser "bela", mesmo sendo originada de uma linguagem popular.
É muito bom ter um amigo como você, Luís.
Viu? Aquela conversa toda sobre a Língua Portuguesa ... e logo nasceu uma nova Flor do Lácio.
Abraçaço!
Cristiana,
Incrível a beleza da Flor do Lácio. Nunca a tinha visto. Muito obrigado. A partir de hoje, quem quiser ver a Língua Portuguesa que não só falar com ela, já pode. Deixou de ser só uma referência imaterial e passou também a ser uma coisa concreta e às cores. Esperemos que a CPLP a possa adotar... Tal e qual como o"trém das cores" e com o céu de um azul celeste, celestial.
Com muito orgulho de ser seu amigo.
Abraçaço!
Belas revelações coloridas, dançantes, ao som de ritmo antigo.
Imagem poema que enriquecem este nosso Estudo Geral que está ficando sempre mais atraente e variado.
Parabéns e muito obrigado pelas partilhas.
MJC
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