MIRADOURO 37 / 2014
Foto: Edgar Cantante
Gosto
quando as palavras saem assim como que sopradas por um vento interior. Não
pensadas, impensadas, mas que ao serem soletradas evocam toda a racionalidade
que já se não pensa porque nos constitui.
Digo
(por
exemplo)
amor, mãe, terra, filho, árvore, rio,
criança, fruto, comunidade, semear,
pássaro, luar,
sim, pensar é, por vezes, um
exercício incómodo que provoca acidez, coisa que revolta mesmo que não convoque.
O país social hoje.
Tempos difíceis.
Campeia a barbárie sob forma de terrorismo
social que cerceia direitos e regalias
fundamentais.
No entanto, exacerbam-se egos gerando
intolerâncias com os que são próximos e parceiros de tantos caminhos ou de esperas
prolongadas, enquanto se adiam ideias e atitudes perante o alargar da teia de
interesses, irresponsabilidades, incompetências e corrupções de quem exerce o
poder no mundo em que nos é dado viver. Um mundo onde a mentira já se não
dissimula, ao serviço de interesses sombrios e anti-sociais que geram e promovem
desigualdades e exclusão.
Estranhos comportamentos estes.
Intolerantes para com os mais
próximos, quando não mesmo iguais por condição, passivos e impotentes para com
os que tomaram como propósito infernizar a vida dos cidadãos negando-lhes a
possibilidade de uma existência digna e ensombrando-lhes as expectativas de
futuro.
pai, silêncio, sol, flor,
irmão, montanha,
amigo, vale, azul, pedra,
céu, mar,
digo
paz, …
Manuel João Croca
3 comentários:
Quem fala assim não é gago...
e sabe utilizar as palavras certas na contundência e sem esquecer a beleza formal!
Parabéns, amigo!
Abraço,
António
.. e também gostei imenso da foto!
abraço
Obrigado Amigos.
Abreijos.
MJC
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