domingo, 5 de outubro de 2014



MIRADOURO 37 / 2014



Foto: Edgar Cantante


Gosto quando as palavras saem assim como que sopradas por um vento interior. Não pensadas, impensadas, mas que ao serem soletradas evocam toda a racionalidade que já se não pensa porque nos constitui.
Digo
(por exemplo)

amor, mãe, terra, filho, árvore, rio,
criança, fruto, comunidade, semear, pássaro, luar,


sim, pensar é, por vezes, um exercício incómodo que provoca acidez, coisa que revolta mesmo que não convoque.
O país social hoje.
Tempos difíceis.
Campeia a barbárie sob forma de terrorismo social  que cerceia direitos e regalias fundamentais.
No entanto, exacerbam-se egos gerando intolerâncias com os que são próximos e parceiros de tantos caminhos ou de esperas prolongadas, enquanto se adiam ideias e atitudes perante o alargar da teia de interesses, irresponsabilidades, incompetências e corrupções de quem exerce o poder no mundo em que nos é dado viver. Um mundo onde a mentira já se não dissimula, ao serviço de interesses sombrios e anti-sociais que geram e promovem desigualdades e exclusão.
Estranhos comportamentos estes.
Intolerantes para com os mais próximos, quando não mesmo iguais por condição, passivos e impotentes para com os que tomaram como propósito infernizar a vida dos cidadãos negando-lhes a possibilidade de uma existência digna e ensombrando-lhes as expectativas de futuro.


pai, silêncio, sol, flor, irmão, montanha,
amigo, vale, azul, pedra, céu, mar,

digo

paz, …

                                                                                                 Manuel João Croca

3 comentários:

A.Tapadinhas disse...

Quem fala assim não é gago...

e sabe utilizar as palavras certas na contundência e sem esquecer a beleza formal!

Parabéns, amigo!

Abraço,
António

Gil disse...

.. e também gostei imenso da foto!

abraço

MJC disse...

Obrigado Amigos.

Abreijos.

MJC