domingo, 26 de outubro de 2014



MIRADOURO 40 / 2014
 
Aula Querida
Ás 8.30h acordei do meu habitual sono e tomei um duche. Era uma terça-feira e ás 10h tinha que estar na escola.
Vesti-me, tomei o pequeno almoço e sai de casa, procurando o café ideal para esse dia, porque se há coisa que admiro é poder variar a rotina começando pela escolha do café ou pastelaria consoante o dia da semana nunca indo dois dias por semana ao mesmo café.
 O alpendre da escola aproximava-se alheio a mim e pelo puxador da porta principal disse um: “Bom dia alegria” a educadores e funcionários, olhei de frente o relógio marcava a 10h em ponto.
 Pela janela da porta onde me cabia entrar, vislumbrei de socapa os bébés meus alunos e estudei a melhor forma de entrar sem os assustar. Era a minha aula, aula essa que tinha o nome de: Música expressão e drama, um misto de música, teatro e circo, que no tempo de vida daquelas crianças são elas mesmo a própria música, o próprio teatro e o próprio circo em que talvez o maior aluno seja eu.
Bati á porta devagar esboçando um sorriso e entrei, a educadora começou cantando uma canção de “Bom dia Diogo” enquanto elas me olhavam correndo e gritando para mim. Já sentadas no tapete reinou o silencio. Meti uma música suave no rádio e ao mesmo tempo comecei-me a vestir de palhaço, sempre ao som da música enquanto elas estudavam fixamente a minha figura. Quando a música era agitada o palhaço assustava-se pelas expressões do corpo, quando a música era suave o palhaço oferecia um pouco de ternura dançando.
Que alegria ver vê-las sorrindo encantadas com o que digo e faço. Toda aquela sala era emoções sinceras, quando eu batia com a pandeireta na cabeça e me assustava era risada geral que ecoava dentro do meu peito provocando uma sensação de riso e choro em mim.
Quando me despi e voltei a mim peguei na caixa dos instrumentos e distribui-os por cada bébé, os seus entusiasmos eram do tamanho do mundo os seus olhos faiscavam ternura batendo com as clavas uma na outra imitando-me e com as pandeiretas, reco-recos, caixas chinesas, flautas que faziam o favor de explorar livremente os sons assim como brincarem com eles como se fossem bonecos. Um prazer enorme percorria-me a pele brincava com eles á música emitindo sons com a boca e ritmos com as mãos e passava dos sons, á linguagem não verbal e a seguir ás vozes de animais, que eles tanto gostam.
Olhei em frente, marcava 10.30h no relógio de parede. Disse á educadora: Está na minha hora. Arrumei os instrumentos na caixa e ela pôs-lhes a cantar e a gritar festas em minha honra e eles, incitados por ela, diziam-me
                    adeus cheiros de alegria nos olhos inocentes.
Quando a festa acalmou e eu ia a sair o Lucas começou a chorar, pois não queria que me fosse, tive de voltar atrás e dar-lhe um beijinho em sua face enquanto lhe pegava ao colo.
                                                                            Diogo Correia

3 comentários:

MJC disse...

Amigo Diogo,

obrigado por esta crónica maravilhosa.

Obrigado por mostrares a dimensão mágica.

Não é seguro que sem a tua ajuda a ela conseguisse aceder.

Grande abraço.

Croca

luis santos disse...


Amigo Diogo

Que Bom algumas das nossas crianças poderem dançar contigo!

Aquele Abraço.

Diogo Correia disse...

Obrigado Amigos!!

É este o meu "ganha-pão", que diga-se de passagem me dá bastante gozo e inspiração ehehehehhehehe

Abraçosssss
Diogoo