MIRADOURO 40 / 2014
Aula Querida
Ás 8.30h acordei
do meu habitual sono e tomei um duche. Era uma terça-feira e ás 10h tinha que
estar na escola.
Vesti-me, tomei o pequeno almoço e sai de
casa, procurando o café ideal para esse dia, porque se há coisa que admiro é
poder variar a rotina começando pela escolha do café ou pastelaria consoante o
dia da semana nunca indo dois dias por semana ao mesmo café.
O alpendre da escola aproximava-se alheio a
mim e pelo puxador da porta principal disse um: “Bom dia alegria” a educadores
e funcionários, olhei de frente o relógio marcava a 10h em ponto.
Pela janela da porta onde me cabia entrar,
vislumbrei de socapa os bébés meus alunos e estudei a melhor forma de entrar
sem os assustar. Era a minha aula, aula essa que tinha o nome de: Música
expressão e drama, um misto de música, teatro e circo, que no tempo de vida
daquelas crianças são elas mesmo a própria música, o próprio teatro e o próprio
circo em que talvez o maior aluno seja eu.
Bati á porta devagar esboçando um sorriso e
entrei, a educadora começou cantando uma canção de “Bom dia Diogo” enquanto
elas me olhavam correndo e gritando para mim. Já sentadas no tapete reinou o
silencio. Meti uma música suave no rádio e ao mesmo tempo comecei-me a vestir
de palhaço, sempre ao som da música enquanto elas estudavam fixamente a minha
figura. Quando a música era agitada o palhaço assustava-se pelas expressões do
corpo, quando a música era suave o palhaço oferecia um pouco de ternura
dançando.
Que
alegria ver vê-las sorrindo encantadas com o que digo e faço. Toda aquela sala
era emoções sinceras, quando eu batia com a pandeireta na cabeça e me assustava
era risada geral que ecoava dentro do meu peito provocando uma sensação de riso
e choro em mim.
Quando me despi e voltei a mim peguei na caixa
dos instrumentos e distribui-os por cada bébé, os seus entusiasmos eram do
tamanho do mundo os seus olhos faiscavam ternura batendo com as clavas uma na
outra imitando-me e com as pandeiretas, reco-recos, caixas chinesas, flautas
que faziam o favor de explorar livremente os sons assim como brincarem com eles
como se fossem bonecos. Um prazer enorme percorria-me a pele brincava com eles
á música emitindo sons com a boca e ritmos com as mãos e passava dos sons, á
linguagem não verbal e a seguir ás vozes de animais, que eles tanto gostam.
Olhei em frente, marcava 10.30h no relógio de
parede. Disse á educadora: Está na minha hora. Arrumei os instrumentos na caixa
e ela pôs-lhes a cantar e a gritar festas em minha honra e eles, incitados por
ela, diziam-me
adeus cheiros de
alegria nos olhos inocentes.
Quando a festa acalmou e eu ia a sair o Lucas
começou a chorar, pois não queria que me fosse, tive de voltar atrás e dar-lhe
um beijinho em sua face enquanto lhe pegava ao colo.
Diogo Correia
3 comentários:
Amigo Diogo,
obrigado por esta crónica maravilhosa.
Obrigado por mostrares a dimensão mágica.
Não é seguro que sem a tua ajuda a ela conseguisse aceder.
Grande abraço.
Croca
Amigo Diogo
Que Bom algumas das nossas crianças poderem dançar contigo!
Aquele Abraço.
Obrigado Amigos!!
É este o meu "ganha-pão", que diga-se de passagem me dá bastante gozo e inspiração ehehehehhehehe
Abraçosssss
Diogoo
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