domingo, 12 de outubro de 2014



MIRADOURO 38 / 2014


O que vivemos e a forma como acontecemos no que nos houve traduz aquilo que somos.
É muito diferente chegar ou estar sem nunca ter saído.
Quando se chega, trazem-se sempre marcas das viagens realizadas.
Nas memórias impossíveis de apagar,
Nas emoções registadas porque vividas
No mapa-itinerário interior onde perpetuamente se elabora a personalidade.
E nisso, somos todos diferentes e todos iguais porque nada é a fingir.

 Manuel João Croca


Foto de Edgar Cantante

9 comentários:

estudo geral disse...


Já agora revelo a que veio a seguir:

http://www.youtube.com/watch?v=J_i4Kc1MLDg

estudo geral disse...


E por fim "todo errado": http://www.youtube.com/watch?v=ygwm3N9yrSk

A.Tapadinhas disse...

Tem de ser bom o texto e a imagem que nos transporta, numa viagem intemporal, para Claude Lelouch, "Les uns et les autres", para o Bolero de Ravel, para Caetano Veloso e "Uns".

Vou comprar essa viagem, agora que já estou a meio caminho, nem fazia qualquer sentido desistir...

Abraços,
António

12 de Outu

MJC disse...

Luís, viva!

Quando os textos nos remetem para algum lugar é porque uma viagem se faz.
Viajar implica deslocamento, movimento, quer seja físico ou interior.
Pode ser esse o propósito dos textos que se escrevem.
Ou não.
De qualquer forma, a viagem com várias estações que partilhaste é indiscutivelmente (para mim, claro)uma bela viagem.
As viagens em que nos tempos mais próximos passados me tenho empenhado, têm-me levado para outras latitudes, é outro o registo que faço das paisagens percorridas mas, é mesmo assim,
cada um viaja à sua maneira por territórios diversos e, naturalmente, os registos diarísticos diferem.
Não quer dizer que uns sejam melhores ou piores que os outros, são apenas diferentes.
Aliás, para mim é esse o enorme sortilégio das viagens: a descoberta pessoal e transmissível.
Já há muito tempo que não revia aquela sequência do "Les uns et les autres" e é de facto magnífica.

Muito obrigado pela partilha e pelos comentários.

Um grande abraço.

Manuel João

MJC disse...

Viva António.

A foto quase que poderia ilustrar aquele título da Duras "O tempo esse grande escultor" e sobre o texto não digo mais nada.
Quanto à viagem que o amigo Luís proporcionou também tirei bilhete claro, até já a fiz e, como era esperado, foi uma bela viagem.

Grande Abraço.

Manuel João

luis santos disse...


Creio que ficou alguma coisa por dizer sobre a fotografia que acompanha o belo texto. Aquela terra, plena de tesão, com aquele falo bem firme, merece bem todas as nobres palavras e músicas que por aqui se atravessam.

bem hajam.

MJC disse...

É engraçado ...
normalmente as fotos do Amigo Edgar que escolho para fazer conjunto com os meus textos não pretendem ser ilustrativas mas, neste caso, até havia essa pretensão.
De facto, a bela foto (como muitas outras que ele tem registado) mostra o papel do tempo e dos elementos enquanto escultores da natureza. Creio que connosco também acontece assim, facto que é normal por nos ser difícil entender o homem fora da natureza.

Mas isto, como diria o Gedeão, é como tudo:

"Vê moinhos? são moinhos.
Vê gigantes? são gigantes."

e assim se constata que para a mesma paisagem ou acontecimento haverá sempre olhares e interpretações diferentes.
E é assim que está certo.
Para que a grande aventura gratifique e possa continuar.

Abraço.

Manuel João Croca

luis santos disse...


Nem mais. A multi-interpretação para lá das paisagens, das peças artísticas, é inerente à própria vida, ao próprio ser.

Vês matéria, tens matéria, etc. Mas D. Quixote não foi ao fundo da questão. Quer dizer, "to be or not to be, is not a question!..."

Abraço.

MJC disse...

Bem, o textinho que publiquei pretendia ter a ver com isso, com o ser ou melhor com as maneiras de se ser.
Creio que, de facto, os comentários "deslocalizaram" a questão que passou a ser outra como eu creio ter entendido muito bem.
Enfim, ideias, sentimentos, em movimento, expressando-se...
A gente tenta entender, entende.

Abraço.

Manuel João Croca