quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

“Meu Psíquico Eu Insectífero E Biológico Ao Mesmo Tempo”

Embrulho-me com frio extremo em um mui apertado casulo psíquico
Metamorfoseio-me às pressas e pressionado pelo estresse quotidiano
Transmuto sem me dar conta de que continuo aparentemente o mesmo
Negoceio a mudança de forma atrás de acções financeiras na bolsa de valores
Pode-me chegar a doer a cabeça por falta de óculos de ler ao perto
Continuarei a ser um insecto armado e polivalente e multifacetado
Mantenho a intenção de me encaixar na maneira psicótica de ser de terceiros

Corro ou voo mesmo contra o tempo e a favor da ventania forte vinda do norte
Não me assusta o meu estado de lagarta precoce ou sem experiência alguma
Porquanto polinizo outras mentes com palavras ensacadas e pesadas ao quilo
Até as pulverizo lá do alto enquanto viajo aereamente e mentalmente
Vivo uma vida plena de tantos acontecimentos e de uma magia incompreendida
Interpreto meus vãos reflexos ao espelho como se não estivesse a eles atento
Alugo disfarces em uma casa de motivos carnavalescos e visto-me de abelha

Mudo a pele física de xis em xis tempo e altero minha maneira de ver e ser
Fico translúcido por momentos e da invisibilidade sopro balões de inspiração
Movo-me em tom meio fantasmagórico e deixo um rasto espiritual na parede
Amalgamo ao minuto o pensamento e as ideias amarroto-as sem dó algum
Grilo amiúde quando me entrecruzo como outros de filosofia reciproca
Segredo para o ar novos e velhos conceitos sem me aperceber da quantidade
Passeio com as ninfas imaginárias de braços dados em jardins celestiais

Fujo dos insecticidas a sete pés e viro-me para produtos ditos biológicos
Alimento-me à toa de ilusões e de desilusões larvares e afins mal saio do ovo
Eclodo primeiro a rastejar no seio da realidade e viro-me para outras soluções
Dou uns enérgicos passos movimentados de dança-de-salão com bichos-da-seda
Deixo que as longas asas de borboleta me nasçam no centro das iris dos olhos
Quase me arrepio de vez ao sentir ser parte de um uno criador de tudo isto
Abro os braços de um lado ao outro do universo e abraço todos de uma só vez …

Escrito em Luanda, Angola, a 29 de Novembro de 2015, por Manuel de Sousa, em Homenagem aos Insectos do Planeta Terra, e sobretudo, às Abelhas, às Borboletas, às Formigas e a outros Polinizadores da Natureza, e ao seu tão importante papel e impacto na divulgação, na proliferação, na polinização, na fecundação e na expansão da vida por este nosso único e mágico mundo terrestre…

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