“A derrota do comunismo deixou um imenso buraco negro na alma das comunidades (…).” (1)
Esta tarde, quando saí do escritório, estava um arco-íris magnífico no céu.
Passam hoje vinte e cinco anos sobre o início do pontificado de João Paulo II.
Não sendo cristão, pouco posso dizer a respeito do seu trabalho, se bem que reconheça que a pertinência de muitas das suas posições residisse precisamente no facto de estas terem repercussões para a Humanidade e não apenas para a sua comunidade religiosa. Estou a pensar no papel que teve no despertar não só da consciência mas sobretudo na vontade dos polacos lutarem contra o regime imposto pela ocupação soviética na Polónia, com o que serviu de exemplo e rastilho para outros países do então Pacto de Varsóvia. Neste aspecto, tenho para mim que ainda foi mais relevante o acento tónico que colocou na dignidade humana e nos direitos dos homens, no que também ele terá contribuído para que a derrota daquele sucedâneo do estalinismo não tenha sido, em termos absolutos, a vitória do cinismo da lei dos mais fortes.
Não será assim de estranhar que aquele que foi o primeiro Papa a entrar na Sinagoga de Roma, tenha sido um paladino na aproximação entre os homens, ao ponto de ter incentivado o diálogo inter-religioso e de ter sido suficientemente humilde para pedir desculpa às vítimas de crimes levados a cabo por católicos. Tanto judeus como muçulmanos reconhecem e alegram-se com tamanha virtude. Neste patamar, o texto que escreveu sobre a memória de Auschwitz cria um rubicão para que não mais seja possível qualquer tipo de justificação do anti-semitismo da barbárie nazi que, em boa parte, teve sementes daninhas no milenar anti-judaísmo dos cristãos.
Na eventualidade de um futuro ecuménico, dir-se-á então que o mesmo teve em Karol Woitila um dos seus mais lúcidos pioneiros.
A Matilde tem sentido crítico. A letra a da palavra menina é aquela em que diz ter mais dificuldades e, de facto, é aquela que fica mais mal desenhada.
“-Que bonito, pardalito. Está muito bem escrito. O paizinho fica muito orgulhoso, querida.”
E a Margarida, esta tarde, quando a apanhei à saída da escola, vinha toda entusiasmada por ter passado o turno após o almoço com os arranjos do cantinho da leitura.
A China Popular lançou hoje o primeiro voo tripulado para o espaço.
Yang Liwei ficará para a História como o primeiro astronauta chinês.
Curiosamente, como já tinha acontecido com a União Soviética em relação ao ano da revolução de Outubro, também aqui se passaram cinquenta e quatro anos depois da fundação da República Popular.
Na aula de hoje continuaram os exercícios em torno da palavra menina e das sílabas que a compõem.
Assim falou também o trabalho de casa.
E os estudantes do ensino superior continuam a sair à rua para dizerem que não querem pagar propinas.
Portugal rima com arraial
carnaval
e pantanal.
Deixem lá, não faz mal.
Tomamos um melhoral.
Alhos Vedros
16/10/2003
NOTA
(1) Michnik, Adam, O PAPA REVOLUCIONÁRIO CONSERVADOR, p. 12
CITAÇÃO BIBLIOGRÁFICA
Michnik, Adam, O PAPA REVOLUCIONÁRIO CONSERVADOR, In “Público”, nº. 4956, de 16/10/2003
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