Caio muitas vezes em poços abismais até ao meio
Abro paraquedas feitos de efémeras nuvens claras
Tento por tudo travar o mais possível e o impossível
Agarro-me com todas as mãos imaginárias às paredes
Quebro a velocidade no entretanto para poder meditar
Finco os pés lateralmente descalços de preconceitos ígneos
Cravo no próprio vácuo a vontade de parar a queda
Bato com a cabeça nua nas várias densidades do ar
Enfio-me em cada nesga de buraco ou de túneis abertos
Falta-me vislumbrar a luz remota oculta lá ao fundo
Em socalcos de proféticas montanhas oiço o que o vento traz
Há tanto barulho contido no silêncio que mal o distingo bem
Bato com o nariz empinado mesmo no centro do solo fértil
Rebenta de seguida uma velha semente ali plantada há muito
Cresce um arbusto carregado de esperança e de menus prontos
Desço aos confins do universo mental para beber um copo de água
Refresco-me com palavras soltas na correnteza de frases liquefeitas
Amontôo silabas em pacotes cheios de tantas outras dissilábicas
Misturo-me com a humidade ambiente de cada sentença curta
Seco a pele com o pó de letras tão antigas quanto o tempo
Deixo que um sem número de serpentes passe pelo meu passado
Apago a imensidão de memórias e ideias à pressa com um apagador
Lavo todas as reminiscências de lembranças com champô multifunções
Múltiplo pelo nada absoluto um amontoado de contas de dividir
Unifico o pensamento de agora como alguns antigos de autoria dúbia
Penso limitar-me às circunstâncias mais ou menos envoltas em questões
Abro a boca para responder a perguntas para as quais há limites nas respostas
Reponho a verdade por de cima de uma pilha de inverdades encobertas
Desligo a luz a uma parte da realidade que mais parece uma mentira pegada
Desapego-me a custo da materialidade pressentida de um pequeno momento
Conecto-me com maior facilidade a uma caixa cheia de surpresas imprecisas
Encaixo-me perfeitamente no resto do jogo jogado por vias intelectuais
Dissimulo regras que nada têm que se pareça com uma sequência lógica
Piso nos quadrados brancos e pretos da vida visualizando uma ponte para cegos
Atravesso o deserto da ignorância em tempestade controlada a velocidade moderada…
Equilibro-me sem esforço e sem sofrimento alguns entre o abstracto e o concreto da ilusão...
Escrito com muita alegria e esperança, por Manuel (D’Angola) De Sousa, em Luanda, Angola, na sessão de lançamento do (importantíssimo compendio/obra de perscrutação) livro “Autores e Escritores de Angola – 1642-2015”, de autoria de Tomas Gavino Coelho (nascido em Angola), na União de Escritores Angolanos, a 3 de Março de 2017. Por tal única, grandiosa e louvável iniciativa. Por tal, sou a Homenagear merecidamente, não só o autor aqui em questão, mas, todos os Angolanos que têm tido a coragem e a vontade em escrever o que lhes vai na Alma e de o compartilhar com todos nós, os Angolano e com todos os outros honrosos Seres Humanos do Mundo…
Este livro em si, é um autentico hino e homenagem aos Criadores Literários Angolanos ou ligados a Angola, desde a primeira edição de que se tem regist(r)o oficial ou conhecimento, às edições mais actuais produzidas em Angola ou por Angolanos.
Viva a Literatura Mundial e todos os impulsos possíveis que possam ser dados por todos nós, tanto leitores como escritores, para que haja liberdade de expressão e produção literária em todo o Mundo Terrestre, pois, só assim, a Humanidade e o Planeta Terra podem-se desenvolver harmoniosamente e em proporção equilibrada e simultânea…
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