Uma Revista que se pretende livre, tendo até a liberdade de o não ser. Livre na divisa, imprevisível na senha. Este "Estudo Geral", também virado à participação local, lembra a fundação do "Estudo Geral" em Portugal, lá longe no ido século XIII, por D. Dinis, "o plantador das naus a haver", como lhe chama Fernando Pessoa em "Mensagem". Coordenação de Edição: Luís Santos.
quarta-feira, 30 de março de 2011
d´Arte - Conversas na Galeria XXXI
Amarras Autor António Tapadinhas
Óleo sobre Tela 60x100cm
Continuando a dar notícia da minha expedição fotográfica de que resultou a série que tenho estado a apresentar, chegou a altura de mostrar os elementos que mantêm a unidade entre a terra firme e o elemento líquido: os cabos. Neste caso, apresentam as mazelas naturais de uma vida de trabalho com o salário baixo (para ser mais verdadeiro, sem salário), sem benefícios sociais, mas com uma força que resistiu a todas as provas, embora sejam nítidos os sinais dessa vida de trabalho: diríamos rugas, se os cabos tivessem qualquer coisa de humano. O quadro mostra o casco do navio, corroído pelo sal e intempéries, apesar de levar tintas especiais contra a corrosão, com os cabos em primeiro plano balançando ao sabor da brisa.
Para ser verdadeiro, não me lembro se havia brisa e não sei sequer se ela conseguiria mexer os cabos. Considerem a frase uma liberdade poética…
A GRANDE CORRIDA AO POTE
PASSOS COELHO, que não é seguro que venha a ser o substituto de Sócrates, é um fulaninho inovador, vendo que tacho era palavra demasiado gasta e plebeia para designar a ocupação do poder, introduziu o provincianíssimo pote, mas, por precaução franciscana, disse à Judite de Sousa que não tinha pressa de se lambuzar. O lambuzar, acrescento eu, no pressuposto de que o pote é de mel por dentro e de barro por fora. De modo nenhum me ocorreria que o pote entrasse neste contexto na acepção mais popular, até porque já se não usa. Nem que fosse de azeitonas, por causa do cheiro desagradável que exala. Ainda pensei no pote das migas, mas isso não é um pote, é um prato, ficando portanto aquém do tacho. Mas deixemo-nos de semânticas.
Sócrates — o homem sabe-a toda! — convencido que a grande aliança entre a Lapa e Belém será inevitável e que a desaprovação do próximo OE ditaria o seu afastamento do pote em condições favoráveis ao PSD, usando a política como quem joga xadrez — deve ter aprendido com o Vítor Constâncio — aplicou um gambito tão bem engendrado que o introdutor do pote teve de tomar (ou comer) a peça do lúdico ardil. É que a coisa era (e é) assim nos cantares do Ney Matogrosso: se ficar, o bicho come; se fugir, o bicho pega. Dito de outra maneira: Se Passos Coelho cai no laço do PEC4, os barões do seu partido apeiam-no do assento etéreo onde se pendurou; se não cai, se não viabiliza, fica com o odioso do mel do pote se entornar, o que só é bom para as moscas e as formigas, mas de qualquer modo favorável aos intentos socráticos, pois ninguém se admiraria com a eventualidade do PS suceder ao PS na mesmíssima condição minoritária. E, se outro fosse o cenário, nada mais se imagina do que ser o PSD a ficar com a colher do mel na mão, mas sem se poder lambuzar à vontade, ou seja, a ingovernabilidade continuaria…
Fica a dúvida: será que o pote aguenta tantos safanões e piparotes na tampa?
Será que ainda há mel no pote?
Publicado em 25 de Março de 2011 no Jornal do Barreiro
ABDUL CADRE
terça-feira, 29 de março de 2011
FACES
Jurema sabe que o pai do pai de seu avô foi escravo e apesar de liberto, tanto ele como seu filho mais não conseguiram que permanecerem escravos, deixando tão só ao seu avô a liberdade de buscar refúgio em Salvador, em cujo porto foi moço praticamente até à hora da sua morte. Seu pai foi operário e actualmente é motorista. Moram numa casa que têm vindo a construir de acordo com as necessidades familiares, em Santa Cruz, um bairro pobre que se foi favelando consoante o crescimento que a miséria tem quando se instala num sítio. Jurema acabou o ginásio e começou de imediato a trabalhar, dada a sua arte natural, como ajudante de cabeleireira, perto da Barra. Esforça-se um pouco mais e à noite frequenta um curso de informática, numa escolinha providencial sediada no edifício do shopping, a menos de cinco minutos do salão. É árduo, de segunda a sábado sai de casa às seis da manhã, para regressar depois das onze da noite. E no entanto, Jurema mantém um sorriso de íntima satisfação. Ela acredita que assim virá a melhorar a sua condição.
São Salvador da Bahia, 2 de Agosto de 1995
domingo, 27 de março de 2011
O Movimento das Forças Interrogativas (MFI), é Fixe!
Equivalente ao MFI, na altura, só mesmo o MFA(P), Movimento das Forças Armadas em Parvas. Senão vejamos alguns exemplos:
- MRPP, Movimento Revolucionário do Partido do Proletariado. Só conheço uma pessoa que ainda hoje era capaz de pôr esta sigla num Movimento. Bem, talvez duas.
- PCP(R), Partido Comunista Português Reconstruído. Naturalmente que depois de todos os Partidos Comunistas, Russo, Chinês, Albanês, Portugal tinha que arranjar um melhor que os outros todos. E quantos rios de tinta foram gastos para o legitimar. Como seria engraçado ver outra vez alguns amigos meus a vender o Bandeira Vermelha. Claro que hoje seria mais natural tratar-se do jornal do Benfica.
- PCP(ML), Partido Comunista Português Marxista Leninista. Uma vez um conterrâneo amigo levou-me a um comício deste partido. Pretendia angariar novos simpatizantes. O homem do discurso era na altura o Eduíno Vilar. Talvez tenha sido daqui que veio Francisco Louçã, ainda antes do PSR (Partido Socialista Revolucionário), ou talvez não. De qualquer maneira, um acontecimento digno do “isto só vídeo”.
- Isto já para não falar na OCMLP, da FEC(ML), da UEDP, do COPCON, ou do POVO UNIDO QUE LAVAS NO RIO, da tal GAIVOTA que voava, voava (claro que agora é a Águia Vitória), do AVANTE camarada Avante, ou de uma ESTÀTUA DE FEL A ARDER... E é claro que, pelo meio, acabava sempre por aparecer o Tino Flores, que antecedia as discussões sobre os inconvenientes das refeições burguesas onde entrasse o marisco, ou das razões porque os gajos que iam aos bailes eram social-fascistas.
Hoje a coisa está mais refinada. O PCP já não é comunista, embora ainda se inspire nas ideias de Marx, mas evita dizê-lo em voz alta por causa dos “mal entendidos”. O PS, já há muito que tirou o Socialismo da gaveta e meteu-o no lixo, juntamente com o arreda Marx Satanás, e tornou-se um Partido Social Democrata. O Partido Social Democrata, democrata mas não muito, é acima de tudo neo-liberal próximo de uma orientação política na alta finança. E, por fim, o Partido Popular que de popular tem pouco ou nada, embora sejam de excluir as peixeiradas do mercado da Ribeira, com o devido respeito pelas senhoras.
E é assim que vai seguindo todo este en-fado da política cá no Burgo. As questões relativas ao Plano Director Municipal, BPN, TGV e empresas público-privadas, mais salários dos respectivos administradores, serão abordadas na secção dos lobbies-homens.
Luis Carlos
em versão actualizada
sábado, 26 de março de 2011
Vidas Lusófonas
O rigor histórico não está condenado à prosa de notário,
é possível conviver com as figuras do passado.
Saber o que foi, pode ajudar-nos a talhar o que será.
A respeito da guerra em Moçambique
SAMORA MOISÉS MACHEL
http://www.vidaslusofonas.pt/smachel.htm
avisa
MÁRIO SOARES:
- A paz é inseparável da independência...
Depois instala-se em
VIDAS LUSÓFONAS
http://www.vidaslusofonas.pt/
onde já moram 137.
Naquela casa
tudo está a acontecer,
cada vida / cada conto.
Por isso já recebeu
mais de 22,9 milhões de visitas.
sexta-feira, 25 de março de 2011
quinta-feira, 24 de março de 2011
d´Arte - Conversas na Galeria XXX
Vigia Autor António Tapadinhas
Óleo sobre Tela 100x100cm
Perto de minha casa há uma unidade industrial de desmantelamento de navios de grande porte. De vez em quando, passava por lá para tirar fotografias a pormenores dos gigantes prestes a serem trucidados. As tintas degradadas que deixavam ver os primários aplicados, as chapas corroídas pela água e pelo sal, ofereciam cambiantes que me deixavam com inveja dos elementos naturais que os transformavam em objectos de arte.
Na fotografia da tela, embora não se distinga muito bem, procurei, com a grande quantidade de tinta e a sua aplicação com a espátula, dar a textura da chapa corroída, descobrindo as cicatrizes que as sucessivas camadas de tinta não conseguiam disfarçar.
Esta série de pinturas foi interrompida quando um dos seguranças da empresa me ameaçou com uma tareia (maneira suave de dizer que me partia os cornos!), por andar a fotografar e a espiar um local privado. Apesar dos meus tímidos protestos: "Eu sou um pintor, não sou um espião ao serviço de qualquer potência estrangeira", acho que ele não acreditou.
Quem acreditou nas suas ameaças fui eu: ele tinha na mão um ferro mais duro que a minha cabeça. Julguei eu, na altura... e continuo a julgar, porque nunca mais lá voltei!
quarta-feira, 23 de março de 2011
Sobre a mestiçagem brasileira
As etnias nativas do Brasill tinham ligações de parentesco com outras etnias e, com a chegada de europeus e africanos, também mantiveram, inclusive espontaneamente, uniões com estes.
Darcy Ribeiro, em O Povo Brasileiro, relata o fenômeno do cunhadismo, que consistia em conceder uma mulher índia ao estrangeiro integrado à comunidade. Tornando-se esposo, este passava a fazer parte da sociedade nativa, pois tornava-se parente de todos os membros da comunidade: "Isso se alcançava graças ao sistema de parentesco classificatório dos índios, que relaciona, uns com os outros, todos os membros de um povo. Assim é que, aceitando a moça, o estranho passava a ter nela sua temericó e, em todos os seus parentes da geração dos pais, outros tantos pais ou sogros. O mesmo ocorria em sua própria geração, em que todos passavam a ser seus irmãos ou cunhados. Na geração inferior eram todos seus filhos ou genros" .
Também os portugueses são um povo mestiço que surgiu da mistura de muitos povos,no decorrer de mais de 2000 anos, tanto europeus (ibéricos, cónios,celtas, visigodos, lusitanos,bárbaros, lusitanos e outros), quanto africanos(mouros, berberes) e asiáticos(semitas). A falta de um orgulho racial (nada comparável ao anglo-saxão) revelou-se na política portuguesa de estimular uniões com as populações conquistadas, seja com os ameríndios (Diretório dos Índios, do Marquês de Pombal), seja com indianos (como fez Afonso de Albuquerque, em Goa, na Índia), seja com outros povos.
O povo brasileiro é o resultado de toda esta soma de povos e culturas.Um patrimônio riquíssimo.
E como bem disse Darcy Ribeiro:“Os, brasileiros, são um povo em ser, impedido de sê-lo. Um povo mestiço na carne e no espírito, já que aqui a mestiçagem jamais foi crime ou pecado. Nela foram feitos e ainda continuam os fazendo. Essa massa de nativos viveu por séculos sem consciência de si… Assim foi até se definir como uma nova identidade étnico-nacional, a de brasileiros…” E será...
Contudo, esta realidade, nem sempre é compreendida ou aceite. Julgo que também no Brasil o racismo existe e humilha.Lamentável.
Margarida Castro
Fonte:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Movimento_mesti%C3%A7o
http://aceltrebopala.tripod.com/raizes.html
terça-feira, 22 de março de 2011
FACES
A prima Helena é filha de portugueses mas nasceu e foi criada no Brasil, em Porto Alegre.
Os seus pais eram comerciantes e souberam educá-la nos bons princípios da decência e do trabalho, desde muito nova levando-a a crer que a cada um compete ganhar a vida de forma honesta, sem servir de sobrecarga para ninguém e não ofendendo o alheio. A prima Helena é católica.
E como sabe tirar partido das balizas que o tolerável lhe impõe…
É claro que estamos num país um tanto ou quanto desorganizado e com situações desconcertantes.
Mas a prima Helena sempre foi muito despachada, é a sua índole.
Assim se explica que depois de vinte anos como professora primária, durante os quais acumulou dois horários completos, ela tenha conseguido reformar-se de um e ainda tenha encontrado ânimo para, no entrementes do turno liberto, primeiro cursar direito e posteriormente exercer a profissão.
Tal como ela aconselhou a uma amiga que a acompanhou num curso de Psicologia.
“-A coisa é simples. Basta ler umas coisinhas e aquilo se faz num instante.”
Se com isso a outra obteve uma aposentação por grau mais elevado e melhor remunerada, ela ganhou um lugar nos serviços do Ministério que para além de lhe deixar mais tempo livre, oferece-lhe um vencimento consideravelmente maior.
É mesmo da prima Helena que uma vez percorreu Portugal de lés a lés à custa da bondade do meu irmão mais novo.
Só agora entendi como foi isso possível.
De visita para rever a família, fui recebido com todo o calor e solicitude, tendo ela a gentileza de me reservar um quartinho num hotel quase paredes meias com o prédio onde tem o seu apartamento, mesmo no centro da cidade.
Sendo solteira por opção e vivendo só, naturalmente procurou evitar qualquer mal entendido que a minha presença portas a dentro poderia provocar no seu círculo de relacionamentos.
Mas não foi por isso que deixou de ser uma anfitriã inesquecível.
Levou-me a comer nos melhores restaurantes e fez-me passear de táxi pelos pontos mais interessantes do burgo e arredores. Logicamente paguei eu, pois outra coisa não seria de esperar de um cavalheiro pelo que sempre andou desprevenida com o dinheiro.
A prima Helena é assim e ficou contente por me ver de boa saúde.
Diz que retribuirá a minha visita. Oxalá não cumpra a promessa.
São Salvador da Bahia, 1 de Agosto de 1995
domingo, 20 de março de 2011
CONFISSÃO
reconheço o prego
ao ser pregado
o parafuso
ao ser enroscado
a água
ao ser fervida
o dia
ao ser mudado
para a tarde
noite
dos regressos
ser fechado
confesso o crime
de escutar a vida
por todos os lados.
Pedro Du Bois, inédito
http://pedrodubois.blogspot.com
sábado, 19 de março de 2011
Apelo aos Lisboetas
De amores se perde
A cidade ao cair da noite.
Flores são necessárias para
Enfeitar quem do amor está perdido.
Tragam tudo o que der e couber
Na cidade em tom romântico,
Escrevam cartas a anunciar
A paixão urbana que vos preenche.
A verdade está na realeza dos vossos gestos.
A noite mantém–se mais limpa
E a cidade agradece.
OBRIGADO!
sexta-feira, 18 de março de 2011
“Mêdo E Terror Alheios”
Temos um monstro à solta
Mata e esfola o seu próprio povo
Enquanto canta de galo impunemente
Com todos nós a assistirmos de mãos cruzadas
De repente era a notícia principal dos noticiários
Para num momento para o outro quase nem se falar
A hipocrísia tomou conta de políticos e de nós mesmos
É tao fácil esquecer aqueles que lutam contra o mêdo
Fechamos os olhos à carnificina e ao sacrifício
Encerramos a mente ao mal e deixamo-lo continuar
Que reine a maldade por mais mil anos
Enrolamos os rabos cobardes por entre pernas
Fingimos que nada temos nada a ver com isso
Somos globais para o que não nos dá dôr de cabeça
Viramos a cara para o lado oposto aos problemas
Somente o egocentrismo e egoísmo nos convém
Queremos tão só o que nos conforta o ego
Adoramos viver a sociedade de consumo
Nos preocupamos apenas como nossas seguranças pessoais
O resto não interessa nem mais ao menino Jesus
Que se lixe se algures cai gente revoltos
Jamais queremos sabêr quando o sangue alheio vira pó
Heroísmo alheio não nos diz respeito algum
Estamos atentos sobretudo ao preço dos combustíveis…
Viramos as costas à tirania e aos injustiçados deste Mundo…
Escrito em Luanda, Angola, a 13 de Março de 2011, por manuel de sousa, em Homenagem ao Honorável e Supra Heroíco Povo Líbio, que com armas de brinquedo e um exército de Populares, mal treinados e mal armados, luta contra a tirania apocalíptica de um Gigantesco Monstro sanguinário, que nao se importa de à custa do derramamento de sangue de seu próprio Povo, tudo fazer para manter seu Reinado de Terror e de Impunidade absoluta.
…E até quando, nós a Humanidade dita consciente, vamos continuar a observar tais terríveis acontecimentos promovidos para gáudio de uma só Individualidade ou de um pequeno Grupo de interesses, que perpetuam a desgraça e a crueldade sobre parte da Sociedade Humana, sem que nada façamos?...
quinta-feira, 17 de março de 2011
d´Arte - Conversas na Galeria
Olho de Ulisses Autor António Tapadinhas
Óleo sobre Tela 120x120cm
Há uns anos, resolvi fazer uma série com pormenores de embarcações da região, utilizando as suas formas elegantes e funcionais e os elementos decorativos pintados no seu casco, nomeadamente flores, as santas padroeiras, das quais a Nossa Senhora da Boa Viagem é um exemplo, e dos olhos pintados na proa de alguns barcos que, ao contrário do que se poderia pensar, não serve apenas para ornamento. Já na antiga Grécia, desenhar ou gravar olhos nos objectos servia de mágica protecção contra o mau-olhado, para os defender e aos seus donos, das invisíveis forças do mal. Neste caso das embarcações, a sua origem é atribuída a Ulisses, o lendário guerreiro grego.
Não sei se tem algum efeito em termos de protecção, mas que são bonitos, lá isso, são!
quarta-feira, 16 de março de 2011
Lançamento de Revista/Livro na Azulejaria Guerreiro, em Alhos Vedros
"Lançamento da Revista em Portugal: " Aventuras de jerílio no Séc. 25 - 1º episódio - Tudo começou em Máfio! com apresentação do painel/poster do segundo episódio: "Objetivo Asteroide Repto-Confederação Monárquica-Império Zrakiano"
Nos Arquivos Guerreiro em Alhos Vedros, Rua Duarte Pacheco nº4 perto das bombas de gasolina foi o primeiro lançamento da minha revista: "Aventuras de Jerílio no séc. 25 - 1º episódio-Tudo Começou em Máfio" com sessão de autógrafos pelo autor, oferta de bandanas desenhadas a quem comprou a revista, beberete e belisquetes, passagem de filmes, música ambiente selecionada, o artista convidado Luís Carlos Santos, lançou o seu livro de contos em papel "O Espírito dos Pássaros", depois de ter sido já um êxito em PDF!
Houve uma sessão de poesia dedicada à crítica do políticamente correto, diversos convidados trouxeram as suas poesias mais politicamente incorretas.
Os Murais de Brasília de que também participei sobre a direção de Delei do Grupo Operação Plástica, lançaram um calendário que foi também apresentado neste evento.
Os Arquivos Guerreiro que agora completaram 10 Anos garantiram um ambiente de Festa e Alegria Geral.
Como foi véspera de eleições presidenciais houve alguns minutos de tempo para reflexão..."
O Video está em exibição no Sítio da Azulejaria Guerreiro-Artistic Tiles, que também foi estéticamente melhorado, tendo agora imagens diferentes no cabeçalho em todas as suas páginas.
Abraço,
--
Luís Cruz Guerreiro
http://www.azulejariaguerreiro.com/
terça-feira, 15 de março de 2011
FACES
Centenas de quilómetros pelo interior do Mato Grosso. Céus, como são grandes as distâncias neste reino.
A terra cor-de-laranja entranha-se-nos nas narinas.
Viajamos numa decrépita station volkswagen e a canícula impõe as janelas abertas.
Caminhos de areia e o desconforto de assentos com molas erodidas por uma vida de solavancos.
Mas a paisagem compensa.
Seja pelo verde do sertão que nesta época do ano está sequioso, seja pela exuberância da floresta tropical, a milhas mesclada por povoados de ruas rectilíneas e largas, sempre pintalgadas por casas térreas de cores berrantes.
As aves selvagens, essas, vão aparecendo em qualquer lugar.
Por aqui e ali moradas de caboclos, em madeira e muitas delas com alpendre, quasi todas envilecidas.
À noite avista-se a grandiosidade da Via Láctea, mas no interior da selva húmida pantaneira, as estrelas têm o acompanhamento de uma milhena de sonidos, alguns indistintos, saídos da vida que por lá brota de todos os lados.
Do alto da Chapada dos Guimarães, perto do marco geodésico que, segundo os locais, assinala o centro do continente sul americano, distingue-se bem uma das delimitações do planalto central brasileiro.
Aí, o desnível que se expressa em forma de canyons, está infestado com uma florestação densa e de grande porte, adornada e alimentada pelas cascatas de cujas águas se alimenta a rede hidrográfica que dá forma ao Pantanal.
Cuiabá, 31 de Julho de 1995
segunda-feira, 14 de março de 2011
Interligação de Universos (13)
- Abordar o tema da mente é permitir que a mesma fale de si própria. Visualizai uma escada, a que chamais mente e que se encontra graduada desde o degrau mais baixo até ao degrau mais alto. Assim, como quando subis uma escada estimulado pelo que procuras alcançar ao subir, a vossa mente é o vosso processo de ascensão interno. Ao primeiro degrau chamamos mente racional ou material, aquela que todos vós conheceis e na qual se encontra posicionada a maior parte da humanidade, por empatia vibratória. É lá que se emitem os pensamentos, a procura das vossas actividades diárias. A permanência neste patamar, sem estímulo à subida, à ascensão, produz no ser humano a angústia, a ansiedade, a pré-ocupação. Faz o homem girar em torno de si próprio, às vezes durante milhares de anos, acreditando estar a progredir, caindo assim numa letargia e ignorância não evolutiva. Quando cansado de tanto caminhar, pára para pensar e tem o privilégio de deixar de o fazer, nem que seja por alguns segundos, podem surgir-lhe vislumbres do degrau seguinte, aquele em que já não prepondera o material. Se audaz, dá pequenos passos interiores na direcção do novo e como em dia de nevoeiro começa a vislumbrar algo mais subtil, que o atrai, mas que também por ser desconhecido receia. Aí, se persistente, começa a ter noção de uma mente já não compulsiva, não rotineira, é a mente intelectual. Não aquela das escolas, das faculdades, não o vosso Q.I., mas sim a que faz a ligação ao mais alto, à serenidade, ao não esforço, ao que aparentemente é novo, mas que sempre esteve lá, apenas esperando a chegada do Novo Homem. Aqueles que lá conseguem chegar saciam a sua sede nesse oásis e já não querem voltar à etapa anterior, o da mente concreta, racional, mas também sabem que esse ponto de que se aproximam é apenas mais um marco na subida em espiral, dessa escada infinita de evolução da Consciência. Termino a resposta à tua pergunta, pois a escrita verbal não permite a entrada em áreas a que não tem acesso, mas informo-te que o ultimo degrau evolutivo da mente é a abstracta. Houve consciências que passaram por esta Terra e deixaram testemunhos vibratórios práticos desses patamares de Conhecimento, aqueles a quem chamais Mestres Ascensos.
Antonio Alfacinha
domingo, 13 de março de 2011
Carta de Navegação
na forma redonda em que se ergue uma onda
no som da espuma quando se espreguiça
no certo respirar do mar
Depois vem a simplicidade do Olhar
paz que se afirma em crença alheia
infinitas maneiras de não ser
olhos nos olhos, doce feitiço de almas gémeas
A seguir, criar o jeito de não iludir
não furtar o que se desajustou
de Alguém que canta quando dança
e ao dançar reconhece o caminho
Logo virá o dom de não dizer mal
maldição no maldizer, triste
de quem jura falso testemunho
cadáver adiado que se anuncia
E ai do que se atreve a matar
porque esse haverá de morrer
sobras do sofrimento em que agiu
queda profunda nos abismos da mente
E se mente e não se redime
não sonha com substancial vacuidade
não conhece a doce ilusão da vida
e tenta explicar mais do que sente
pensa que sabe quando escreve
não ouve o silêncio do coração ao bater
não acerta o passo ao marchar
e, sobretudo, se Deus não o chamar
Então, de pouco lhe valerá a música,
musa única.
Luis Santos
5/3/2011
sábado, 12 de março de 2011
O Bardo na Brêtema
Direito de profanação
“A racionalidade intrínseca de uma civilização confere uma validade universal à sua cultura e permite-lhe impor as suas luzes às outras civilizações”(1) , afirma Laurent de Briey em O conflito dos paradigmas.
Como cultura dominante –e com a «boa consciência» de sentir-se sob a proteção divina, que Eduardo Lourenço identifica em O esplendor do Caos(2) – podemos profanar as crenças e conhecimentos de outras culturas, mas não será aceite que essas culturas ‘inferiores’, abandonadas do ‘deus verdadeiro’ (capital, religião, filosofia, bem-estar) ousem ofender os nossos valores. Profanamos o silêncio dos que pensam e não suportamos que os seus pensamentos esclareçam a nossa confusão; desrespeitamos o espaço sagrado dos outros e irritamo-nos quando se aproximam do nosso templo.
Na cultura islâmica, o termo ‘música’ está reservado à vida secular e mundana, portanto não pode ser utilizado num espaço de oração como uma mesquita(3). Se insistimos em chamar música à recitação melismática do Alcorão, estaremos a cometer um ato de impiedade, um sacrilégio.
Para um ator, como para um músico, o seu território sagrado, de veneração e respeito, é o palco e não deveria ser profanado. Mas quando se profana aos criadores vivos, roubando ou ignorando seu trabalho, a sociedade europeia situa-se na condição de consumidora passiva de uma ideia de cultura-comércio dominada pelo poder da mass media usa-americana.
Todos temos os nossos sacrários, onde arrumamos as coisas que retiramos da esfera pública, protegendo-as com o direito à privacidade. Ofende a dignidade humana quem as restitui ao uso profano sem consentimento(4).
Qual o direito que nos autoriza a profanar a cultura dos outros? Acaso a intranscendência da cultura pós-moderna? Eduardo Lourenço diz-nos que “à globalização ideológica e política sucedeu a forma de poder mais sedutor que os homens inventaram: a globalização cultural”(5). O cultural é mais do que ópio para o povo e quem é proprietário do imaginário, com um poder de sedução sem igual, é virtualmente o senhor do mundo. O cultural deixou de ser a imagem e o esplendor de uma economia para se transformar numa mercadoria de rendimento infinito com a culturização de todos os objetos de consumo(6).
Na mochila dos soldados americanos viaja esse ópio culturizante em forma de musiquetas, pastilha elástica, coca-cola ou comida lixo que seduz as vontades dos indivíduos num simulacro de satisfação. O manto sublime do cultural cobre todos os conteúdos da existência numa “feérie cultural permanente” que E. Lourenço diz ser “puramente decorativa e fantasmagórica”(7).
Octávio Paz, ao longo da sua obra, fala de um futuro no que a humanidade se dividirá em dois: os que leem e os que veem televisão. Talvez agora seja mais elucidativo falar dos que defendem a cultura e dos que a profanam.
(http://www.soutelo.eu)
(Vila Praia de Âncora: 20-XII-2010)
(1)Briey, L. d. (2009). O conflito dos paradigmas. (R. Pacheco, Trad.) Lisboa: Instituto Piaget, p. 26. (2)Lourenço, E. (2007). O Esplendor do Caos (5ª ed.). Lisboa: Gradiva, p. 95.
(3)Wade, B. C. (2004). Thinking Musically. New York: Oxford University Press, p.6
(4)Agambem, G. (2006). Profanações. Lisboa: Cotovia.
(5)Lourenço, E. op. cit., p. 120.
(6)Ibid., p. 22
(7)Ibid., p. 124
(8)Queiroz, E. d. (1980). A correspondência de Fradique Mendes. Lisboa: Europa-América, p. 79.
sexta-feira, 11 de março de 2011
QUARTA-FEIRA DE CINZAS - Começo da Quaresma
Durante este tempo muitos cristãos não comem carne ou privam-se de algo em favor de alguém necessitado.
Não se trata de renunciar por renunciar a alguma coisa. A finalidade do jejum e abstinência é possibilitar uma experiência de alma especial, uma experiência de interioridade espiritual. Muitos são sufocados pelas experiências de fora sem lugar para a própria experiência, por se encontrarem sempre a correr. Na auto-estrada da vida precisamos de pousadas para satisfazer as necessidades corporais e espirituais.
Geralmente andamos longe de nós mesmos, apesar das doenças que surgem a bater-nos à porta, a chamar-nos a atenção para pararmos e mudarmos o sentido da vida.
A prática do jejum e abstinência destina-se a adquirir a experiência espiritual da proximidade de si mesmo, da proximidade de Deus. O jejum pelo jejum pode reduzir-se apenas a um acto de disciplina, que não nos aproxima nem nos afasta de Deus, pode talvez num primeiro momento levar à auto-observação. A vida é para ser vivida profundamente em todas as suas diferentes dimensões.
Muitos escolhem a semana antes da Páscoa par jejuar intensivamente. Não se trata de experimentar a fome mas de a superar de modo a que o corpo reduza o seu consumo ao mínimo e assim disponibilizar energias especiais que favorecem a experiência espiritual. Esta precisa dum ambiente recatado e de silêncio.
As pessoas não são obrigadas a jejuar. Têm a oportunidade de o fazer. Podem reduzir as turbinas da velocidade ao mínimo. Além da experiência interior verifica-se que se consegue viver com menos e que isto faz bem à saúde corporal e espiritual.
O mundo do consumo traz-nos sempre a trote, desviando-nos do essencial, da felicidade, que é relação. A Páscoa é o símbolo dum objectivo e dum estado de vida na realização da felicidade. Quem tem um objectivo chega a algum lado, doutro modo perde-se pelo caminho ou mantem-se na roda do Hamster.
O jejum consequente levita o corpo e dá espaço ao espírito. O jejum também tem regras a que se deve estar atento para não se prejudicar o corpo.
O tempo da quaresma destina-se também a reencontrar os ideais da vida. O que se tem a mais pode ser deixado para os que têm a menos.
9/3/2011
António da Cunha Duarte Justo
antoniocunhajusto@googlemail.com
(in, dialogos_lusofonos@yahoogrupos.com.br )
quinta-feira, 10 de março de 2011
d´Arte - Conversas na Galeria XXVIII
Musa Óleo sobre Tela 65x54cm
(Clic sobre a imagem para ver pormenores)
Foi uma associação de ideias, que me impeliu a criar esta obra, quando da morte de Raul Solnado.
Entre os programas que apresentou destacou-se pela sua importância, Zip-Zip, o primeiro talk show português. No primeiro programa, a 26 de Maio de 1969, uma segunda-feira, em plena Primavera Marcelista, o convidado principal foi Almada Negreiros, amigo e admirador de Fernando Pessoa. A sua presença na televisão entusiasmou tanto os portugueses que, a partir desse dia, as ruas e as salas de espectáculo ficavam vazias à segunda-feira: ninguém queria perder o programa!
Almada Negreiros editou a revista Orpheu, juntamente com Fernando Pessoa e Mário de Sá Carneiro.
Júlio Dantas, a maior figura da intelectualidade institucional da época, afirma que a revista é feita por gente desmiolada. Almada Negreiros responde com o manifesto Anti-Dantas:
... Basta PUM Basta!
Uma geração, que consente deixar-se representar por um Dantas é uma geração que nunca o foi. É um coio d’indigentes, d’indignos e de cegos! É uma resma de charlatães e de vendidos, e só pode parir abaixo de zero! Abaixo a geração!
Morra o Dantas, morra! PIM!
No fim assina: POETA D' ORPHEU, FUTURISTA E TUDO.
É inspirado num seu desenho, o quadro que apresento.
quarta-feira, 9 de março de 2011
TEATRO DO MUNDO
tu emprestas o teu nome e
para o mundo
- que não sabe –
o nós, és tu.
Entre-existimos
sem perto nem longe.
Sem distância.
Directa-indirectamente
como terra e raiz, água e fruto, abelha e flor.
Pulsamos num nós
mesmo que não visível
na composição.
Pele que envolve a polpa,
Favo, colmeia, mel.
mj
Manifestação pacífica pelo Tibete e comemoração do 52º ano da Revolta Nacional Tibetana
Vimos informar da acção a realizar já esta quinta-feira, frente à embaixada da R.P.C. em Lisboa:
Manifestação pacífica pelo Tibete e comemoração do 52º ano da Revolta Nacional Tibetana.
Apelamos à vossa presença neste que é certamente o dia mais importante do calendário político Tibetano.
Tragam as vossas bandeiras, T-Shirts e posters, tragam amigos e conhecidos e divulguem esta acção!
Contamos convosco!
10 Março 2011 - 19h00
Rua de Santana à Lapa, 2 - Lisboa
Saudações
Grupo de Apoio ao Tibete
--
Grupo de Apoio ao Tibete
http://grupodeapoioaotibete.blogspot.com/
terça-feira, 8 de março de 2011
FACES
Estava um índio junto do rio.
Ele tchinha uma cúia e estava tirando água do rio pára lávar á cara.
O índio ali estava lávando á cara, lavando á cara e aí chregou um pórtuguêêx.
E o índio qu’istava lávando á cara, lávando á cara com á água de sua cúia, o índio pegou um susto.
O pórtuguêêx não era mau não, ó era… Xita qu’ê nem sei.
Más o índio pegou um susto.
Ihihih foi um susto grraaande, um susto muito graande.
O índio tinha medo do pórtuguêêx. E aí deu um salto.
E quando deu um salto deixou cáir á cúia.
E disse:
“-Cúia bá.”
Que quer dizer á cúia cáiu.
E assim ficou o nome de Cuiabá.
Pantanal, 29 de Julho de 1995
segunda-feira, 7 de março de 2011
domingo, 6 de março de 2011
As primeiras manifestações literárias brasileiras
Descrição do Rio de Janeiro no séc. XVI (Fernão Cardim).
Narrativa Epistolar de uma viagem
Fernão Cardim nasceu em ano incerto, na década de 1540 em Viana do Alentejo (Portugal), e morreu em 1625, na Aldeia de Abrantes, Bahia(Brasil). Foi um jesuíta português que em 1566 ingressou na Ordem fundada por Inácio de Loyola e que em 1583 veio para o Brasil com o governador Manuel Teles Barreto e com o visitador Cristóvão de Gouveia. Depois de percorrer as capitanias da Bahia, Ilhéus, Porto Seguro, Pernambuco, Espírito Santo, Rio de Janeiro, e São Vicente (São Paulo), escreveu cartas e textos importantes para a Companhia de Jesus sobre as terras do novo mundo. Suas anotações seriam posteriormente fonte de pesquisa histórica e etnográfica para colonos, missionários e estudiosos dos primeiros tempos do Brasil Colônia.
Fernão Cardim foi reitor do Colégio dos Jesuítas na Bahia e do Colégio de São Sebastião, em 1596, no Rio de Janeiro.
Em Roma é eleito Provincial do Brasil. Na viagem de volta ao país, em 1601, o barco aonde vinha é tomado pelo corsário inglês Francis Cook. Aprisionado, é levado para Londres e seus manuscritos sobre as terras, as plantas, o clima, e os índios do Brasil são confiscados. Após ser resgatado pela Companhia de Jesus, volta pela segunda vez ao Brasil e assume finalmente em 1604 o cargo de provincial. Vinte e quatro anos depois, em 1625, ano da sua morte, parte do seu trabalho (Do clima, e da terra do Brasil. Do principio e da origem dos índios do Brasil) é editado em Londres pela primeira vez, na língua inglesa, dando como autor Manuel Tristão, português que viveu muito tempo no país. Porém, no final do século XIX, o historiador brasileiro Capistrano de Abreu identificou o verdadeiro autor.
Após publicações em Portugal e Brasil no século XIX, Rodolfo Garcia reuniu e editou em 1925 todos os textos conhecidos da obra de Fernão Cardim sob o título Tratado da Terra e gente do Brasil.
No Brasil, os trabalhos escritos pelos jesuítas dos séculos XVI e XVII são na maioria das vezes descritivos, informativos, voltados principalmente para a educação e catequese dos colonos e indígenas, são as primeiras manifestações literárias brasileiras.
O jesuíta Padre Antonio Vieira no Brasil (desenho de autor desconhecido).
Maria Eduarda Fagundes
Uberaba, 22/02/11
Fontes:
Enciclopédia Delta Universal
Antonio Salles Campos (Português Colegial)
Wikipédia
sábado, 5 de março de 2011
sexta-feira, 4 de março de 2011
XXII Encontro Inter-Religioso de Meditação
Convidamos toda a comunidade budista e não budista a associar-se a este encontro de praticantes de diferentes tradições e religiões para vivermos, em silêncio meditativo, a experiência da presença em comum perante o que para cada um for mais sagrado.
Esta iniciativa enquadra-se no compromisso que a União Budista Portuguesa assumiu com Sua Santidade o Dalai Lama de tudo fazer para promover a harmonia inter-religiosa em Portugal, um dos próprios empenhos fundamentais de Sua Santidade.
A recepção será feita a partir das 18.30 e a sessão começará com breves leituras de textos representativos de cada tradição, intervalados por dois minutos de meditação sobre cada um, seguindo-se 25 minutos de meditação em silêncio. No final os participantes poderão, caso desejem, partilhar a sua experiência.
Contamos com a vossa presença e divulgação.
Para que o diálogo inter-religioso se enraíze na experiência do silêncio e da Paz profunda.
A Direcção da UBP
Local: União Budista Portuguesa, av 5 de Outubro, 122, 8º Esq, 1050-061 Lisboa
Contactos:: 21 3634363, Email: sede@uniaobudista.pt
Indicações:Metro: Campo Pequeno
Autocarro: 21, 38, 44,49, 54, 56, 83, 727, 732, 738,745
Paulo Borges
arevistaentre.blogspot.com
www.pauloborges.net
quinta-feira, 3 de março de 2011
d´Arte - Conversas na Galeria
Águas-furtadas Autor António Tapadinhas
Óeo sobre Tela 120x120cm
As nossas águas-furtadas ou trapeiras, como também são chamadas, sempre me fascinaram. Para ser mais preciso, era a palavra francesa que me atraía, mansardes, assim chamadas por terem sido inventadas pelo arquitecto francês, François Mansart. Na minha imaginação, as mansardas francesas estavam povoadas de escritores e pintores, desconhecidos, procurando o seu reconhecimento artístico.
Recordo-me de um filme que também contribuiu para essa minha fixação: Descalços no Parque (Barefoot in the Park) de Neil Simon, 1967, com Robert Redford e Jane Fonda, que fazem, como seria de esperar, um par maravilhoso, nesta comédia.
Vi o filme no Tivoli com a minha mulher e, tal como eles, estava em lua-de-mel. Para tudo ser igual, quando saí da sala de cinema, descalcei os sapatos, tirei as meias e andei descalço no parque que havia em frente do cinema.
Esta obra foi logo adquirida no primeiro dia da sua exposição. Sei que a fotografia não lhe faz justiça, mas não tenho outra. As partes iluminadas têm uma textura que não se nota, principalmente nas paredes brancas, que perdem muito da sua expressividade.
Quem não perdeu expressividade e beleza foram os protagonistas deste filme… Para ver ou rever, clique aqui.
quarta-feira, 2 de março de 2011
Silêncio Simples
Silêncio….
Silêncio corrosivo da alma,
que entra gritando pelos ouvidos dentro,
a dor chegada na ponta da seta perfurante:
Tímpanos… tambores….
Silêncio na forma da mão invisível que te cala a palavra
mesmo dizendo, mesmo saída silvando pela boca e pela ponta dos dedos
coisa simples na compreensão das simples coisas da vida
o silêncio… simplesmente o silencio….
As cordas que te puxam para o lugar onde deves ficar,
queimam a pele quando tentas escapar.
É simples, não vês?
Pára. Deixa ficar.
Mas algo que não é nomeado te impele para onde não sabes,
E ficas circulando como o vento,
uivando fúrias de coisas incompreendidas,
coisas simples no fundo, como dizem…
O silêncio no vácuo da vida por fora…
O grito rasgando tudo por dentro….
Fica. Sossega. Se parares não dói.
É simples… não vês como é simples?
Não vejo. Não ouço. Não sinto.
… silêncio… simplesmente o silêncio…
Cléo.
15/2/2011
terça-feira, 1 de março de 2011
FACES
“-Filho dje peão é p’rá sáii peão mesmo.”
E assim foi. Findo o primário onde aprendeu a ler e a escrever, a contar e a fazer contas, Adilson começou como moço de mão de seu pai, peão de confiança do senhor de uma grande fazenda de gado.
Com ele aprendeu a montar e a cuidar dos animais, a conhecer o meio e aí saber sobreviver e ainda na companhia do progenitor fez as primeiras boiadas. Depressa se autonomizou e passou a peão boiadeiro.
“-Era duro p’rá caramba.”
Aquilo não era vida de homem, os bichos viviam melhor. E um dia em que um feliz acaso o colocou diante de um grupo de estranhos que pescavam piranhas junto de uma pequena ponte em madeira, pelas conversas que ali ouviu e pelas risadas daquelas pessoas, como que por encanto compreendeu que poderia ganhar dinheiro e viver como aquela moça e aquele rapaz que acompanhavam os turistas.
Tirou-se dos seus cuidados e, pé de onça, lá demandou uma fazenda com exploração hoteleira e virada para o aproveitamento turístico das curiosidades pantaneiras. Caminhou a pé durante um dia e quando lá chegou e apresentou tantos passeios diferentes, com as mais variadas actividades de lazer, o informal empresário contratou-lhe de imediato os serviços de guia.
Adilson fazia um preço por cada indivíduo, o proprietário do hotel aplicava-lhe uma taxa e vendia aos hóspedes visitas e aventuras pelas vias de água que dedilham a selva húmida.
“-Nóóóssa sênhora. Meu filho pássou a gánhárr muito mais do qui táva ganhando.”
Ele era esperto e ambição não lhe faltava. Ensinou outros moços, contratou os serviços de jovens saídas das escolas de agentes turísticos e com isso montou uma firma, a “Viagens Pantanal”.
Por ora está estabelecido em Cuiabá, com escritórios e contabilidade, oferecendo pequenos tours por praticamente todo o estado de Mato Grosso do Sul. É um bem sucedido e já tem fortuna, contudo ainda gosta de ir a conduzir a combi, ou a remar na canoa, explicando aos forasteiros aquilo que não está nas coisas que vêem.
Perto dos trinta, o Adilson continua solteiro.
“-Más tem namorada.”
Agora possui outro sonho, montar uma padaria, talvez com o tempo, quem sabe, uma rede de padarias.
“-Só qui tem qui sêr numa zona dji pobre. Pobre é qui come o pão.”
Pantanal, 29 de Julho de 1995