sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Encontros com Agostinho




AS ÚLTIMAS CARTAS DO AGOSTINHO
2ª edição


CARTA VII

Queridos Amigos

Ouçam então, que a história é simples. Há uns quinhentos ou seiscentos anos fomos expulsos de Portugal, por desagradarmos a Reis mais interessados na Europa do que na Península e a Papas para os quais o que ia importar era o movimento das descobertas, que fomos expulsos e proibidos de voltar, dizia eu, todos os que éramos felizes com a idéa de que no futuro, o da Era do Espírito Santo, da plenitude de Deus, em sua fusão com o que criara, estaríamos em êxtase diante do Divino que em tudo de concreto íamos ver, sem que, no entanto, deixasse seu outro reino do abstracto. Todos os Meninos seriam então os primeiros dos homens verdadeiramente inspirados, dedicados ao mundo, como aquele que, na Trindade que Cabral levou ao Brasil, a de Belmonte, está no braço da Criatividade Suprema, dando de comer a pomba, isto é, ajudando à sacralização do Universo. A vida ficaria gratuita, com símbolo na comida gratuita do dia da Festa. Finalmente desapareceriam as prisões e estariam libertos seus presos e seus guardas. Só que aquela extraordinária linha de costa que definia Portugal, não uma simples praia para um mar, mas inteiro litoral para um interminável oceano, era o ponto donde partir à conquista do que não tomara no período clássico aquele Império Romano que teria, portanto, de abordar tôdas as terras. Navegação esta que foi proeza dos Portugueses, mas não a que teria sido mais importante, a daqueles que, como missionários, teriam implantado em todo o mundo o Reino do Espírito Santo.

Entretanto, guardados no Brasil para o futuro, tinham feito tôdas as tentativas para chegarem ao Pacífico, mas não como Magalhães, demasiado servidor da Europa. Até Pedro Teixeira o quis, mas já era tarde, com a força espanhola instalada nos planaltos. O tempo dessa navegação, última e perfeita, chegou agora e de alguma parte dela talvez nos traga informe alguma destas Folhinhas para que tendes paciência.

Lua Luar dum Maio do 93.

POETAS DE FORA EM LINGUAGEM DE DENTRO
Alemanha

Heinrich Heine 1797-1856

Quando olho para os teus olhos
dor e tristeza se vão
e quando beijo teus lábios
fico sempre mais que são.

Quando me encosto a teu peito
entra em mim a luz do céu,
mas quando dizes: “Eu te amo!”
choro eu à larga e sem véu.

 Nicolas Lenau 1802-1850

Passa a lua devagar
por sobre as águas do lago
ao verde canavial
junta rosas luar mago

Erguem ao céu grandes olhos
os veados na colina,
às vezes um bater de asas
às ternas canas inclina.

Meus olhos ficam chorando
e bem dentro da minha alma
o ter saudades de ti
é prece na noite calma


Eduard Morike 1804-1875

Na verde terra de estio
há juncos perto do rio.
Que inocência de menino
ao colo dela com tino,
dela, a Virgem sua mãe,
no carinho que o retém.
Mas bem perto, em doce luz,
já na árvore cresce a cruz.

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