Uma Revista que se pretende livre, tendo até a liberdade de o não ser. Livre na divisa, imprevisível na senha. Este "Estudo Geral", também virado à participação local, lembra a fundação do "Estudo Geral" em Portugal, lá longe no ido século XIII, por D. Dinis, "o plantador das naus a haver", como lhe chama Fernando Pessoa em "Mensagem". Coordenação de Edição: Luís Santos.
domingo, 23 de outubro de 2011
O círculo
O centro converte o criado em criador.
Dentro e fora dele desenho-o para compreender o que não há para compreender
Numa crença cega penso que assim o alcanço.
Mudo de posição várias vezes, umas vezes sou exterior, outras vezes sou interior.
Mas mesmo assim não o integro em mim.
Criei outros tantos na falácia da comunicação,
Na tentativa de conseguir entender o que não há para compreender.
Os que criei foram-se interligando na tangência do tempo.
Criaram palavras, narrativas discursivas autónomas
Riam-se de mim...
Foram-se emancipando de mim, legitimaram-se.
Tornaram-se eles próprios círculos independentes da linha temporal.
Criaram vida, sonhos, utopias.
Apenas expiravam.
De tanto expirar o que inspiravam,
De tanta ânsia do exterior
Obscureceram o interior, a inspiração.
Nesse obscurecimento nasceu a necessidade de evaporar o nevoeiro
De aclarar o círculo, de o tornar uno, de os agrupar num todo.
Que desenhado na folha de papel seria tão branco como ela,
Não se veriam as fronteiras, diluíam-se.
Nessa diluição a acção e o tempo seriam apenas acção e tempo.
Não haveria categorizações, apenas silêncios.
Mas lembrei-me agora que o círculo é o meu pensamento,
A minha acção, o meu tempo, as minhas categorizações,
O meu Eu.
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Apenas queria alcançar a vacuidade...
Maribel Sobreira
8 de Junho de 2010
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