Um pulsar é uma estrela de neutrões muito densa (400 mil vezes a massa da Terra) cujo estudo pode trazer novidades sobre vários fenómenos do universo.“São os objectos mais compactos que existem (depois dos buracos negros) e têm um núcleo atómico gigantesco”.
Até 2008 tinham-se descoberto seis pulsares. Apenas são detectáveis através de ondas de rádio pois emitem raios-gama. Só depois da NASA lançar o Fermi, telescópio espacial de raios-gama, se tornou mais fácil encontrá-los. Agora são já mais de cem os detectados. Sabe-se que existem mais de 2000. Uma investigação internacional que envolveu o português Paulo Freire, do Instituto Max Planck, descreve um pulsar milessegundo muito especial. Em conversa com o «Ciência Hoje», o investigador explica por quê.
O pulsar – denomidado PSR J1823-3021A – encontra-se dentro daquilo que se chama de enxame globular, um tipo de aglomerado de estrelas antigas de formato esférico e muito denso. O enxame onde foi encontrado chama-se NGC 6624 e está a 27 mil anos-luz.
O que torna especial este pulsar “é que consegue emitir energia equivalente a 100 pulsares e o seu período de rotação é de 183 voltas por segundo”. O estudo destes pulsares binários (associados a uma estrela) é útil para se “testar a teoria da relatividade geral”.
“Os pulsares são usados para fazermos testes de teoria da relatividade. Até agora, todos os testes confirmam a teoria de Einsten”.
Esta investigação, que reuniu numerosas instituições de vários países (Alemanha, EUA, Itália, Espanha, França, Japão e Suécia), está publicada na «Science» com o título «Fermi Detection of a Luminous γ-Ray Pulsar in a Globular Cluster».
Bolsa para estudar leis do Universo
Além de mostrar satisfação com a publicação deste estudo, Paulo Freire confessa que os últimos meses têm sido muito bons. O cientista foi um dos poucos privilegiados que conseguiu este ano ganhar um apoio da European Research Council, concorrendo na secção Starting Grant. Esta bolsa específica “visa dar apoio a investigadores que estão, como eu, numa fase inicial de carreira, já depois de terem feito o doutoramento”, explica
Paulo Freire vai, assim, continuar a aprofundar a sua investigação em pulsares. O projecto chama-se«Beacon» e é bastante ambicioso. Durante os cinco anos previstos para a investigação, o investigador estudará pormenorizadamente os pulsares através de um novo tipo de radiotelescópio para fazer “medições ainda mais precisas”.
“O estudo vai permitir excluir algumas teorias da gravidade alternativas. Vai tentar responder à pergunta: Será que existe mesmo matéria escura ou são as leis da gravidade que estão erradas?”. Seja qual for a resposta, “esclarecerá muitas dúvidas sobre as leis fundamentais do universo”.
(in, Ciência Hoje, Revista Digital)
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