segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

REAL... IRREAL... SURREAL... (5)



Café Autor António Tapadinhas

Tinta da china sobre cartolina rosa, 27,5 x 27,5 (Pormenor)

DESGOSTOS DE AMOR

Entrei no café.
Ele estava debruçado sobre a minha amiga e mostrava uma tatuagem que tinha nas costas:
- A Senhora vê? Vê isto que eu tenho aqui?
(a tatuagem?)
Isto foi o que o meu pai me fez. Deu-me uma que eu até afocinhei.
Mas eu cá também não me fiquei. Fui direito ao marido da minha namorada e cheguei-lhe uma sova que ele ainda agora deve estar a ganir.
(o marido da namorada dele?)

Olhei, curiosa. Ninguém reagiu.Na TVI, a Catarina tinha tido dois desgostos de amor.
(a Catarina?)

Provavelmente, um dos desgostos de amor da Catarina era ele.
E talvez a Catarina fosse casada e o seu outro desgosto de amor fosse o seu marido.

Nunca saberei. Não vejo a TVI e vou deixar de ir ao café.
Seguramente.

Maria Teresa Bondoso
4 de setembro de 2012

4 comentários:

Anónimo disse...

Teresa, a sua história fez-me lembrar uma outra história, real e ao mesmo tempo surreal, que gostaria partilhar consigo.

Aos 18 anos o meu filho informou-me que iria viver com a namorada! Vivia no estrangeiro e, mesmo não conhecendo a namorada, achei bem e perguntei-lhe, ao telefone:
'E como vão mobilar o apartamento?' (arrependi-me logo da pergunta porque senti, daquela forma que só as mães sentem, que não iria gostar da resposta...)
'Ah, não te preocupes, vamos a casa do marido dela buscar umas coisinhas!' - gelei!
'Do marido dela?', gaguejei.
'Sim, mas não te preocupes, mãe, tass bem! E devias ver a aliança dela: é uma tatuagem linda no dedo anelar!'
'OK!',limitei-me a responder, sem fazer mais perguntas... Alguns meses mais tarde conheci-a e descobri-lhe nas costas umas enormes asas tatuadas que a fizeram voar para longe! Provavelmente um voo transformado em desgosto de amor... Mas que como a maioria dos desgostos de amor também ele partiu... soube-o há 3 anos, quando recebi um outro telefonema do mesmo filho, numa 4ªfeira à tarde:
'Mãe, vou casar na 6ª feira, achas que consegues vir?' - engoli em seco e respondi 'Claro!'. E fui! E ainda bem que fui!

luis santos disse...

Thank you.
Wonderful words in your comment to Maria Teresa Bondoso.
I appreciate a lot.
A very good complement for a very nice image and poem.
Congratulations for all on this very interesting general study.
Thank you.

Unknown disse...

Deliciosa, a situação... se eu hoje casasse, também tatuava a aliança.
Mas já não tenho 18 anos, idade em que tudo, mesmo tudo, tem ou terá um fim feliz.

E já agora, tank you também pela parte do poema. Da imagem, devolvo o cumprimento ao António Tapadinhas.
Bem-hajam!!!

Teresa Bondoso

Anónimo disse...

1. Thank you for your kind words.

2. Teresa, é sempre Tempo - até de tatuar uma aliança!