A
Tradição Islâmica
Tradição fundada por Maomé (570-632). Maomé nasceu em
Meca, o centro espiritual do islamismo.
Durante um dos retiros espirituais que Maomé
costumava fazer nas cavernas dos Montes Hira para orar e meditar, foi visitado
pelo Anjo Gabriel que lhe anunciou ter sido escolhido por Deus como o último
dos profetas da Humanidade.
Gabriel aparece suspenso na posição de lótus,
estende-lhe o Corão, o livro sagrado do islão, e pede-lhe que ele o recite. Na
tradição oral diz-se que Maomé foi levado pelos anjos numa viagem ao Paraíso,
onde viu os diferentes níveis de existência (planos infernais, intermédios
(purgatório) e divinos).
Allah (Deus), já é referenciado pela cultura
árabe politeística, anterior a Maomé, sendo considerado como o Deus supremo.
Maomé, como diz Mircea Eliade, em “História das Crenças e Tradições Religiosas”,
(…) vem dizer que não há Deus senão Deus, e que só Ele é digno de ser cultuado,
tirando realidade ao homem e ao mundo. A criação é uma teofania e toda a
criatura é uma manifestação de Deus.
Maomé funda, então, uma nova tradição religiosa
assente em cinco regras fundamentais:
1) Shalat
– oração quotidiana cinco vezes por dia, virados para Meca.
2) Zakât –
esmolas legais para benefício de todos.
3) Sawn –
período de jejum durante o Ramadão
4) Hajj - peregrinação a Meca, pelo menos, uma vez na
vida, com exceção para os que não têm recursos.
5) Shahâdat
– Só há um Deus e Maomé é o seu profeta.
Existe um islamismo esotérico (interior) que
passa só pela oralidade, reclamado pelos Sufis como vindo diretamente do
Profeta. Sustentam que as revelações visionárias de Deus não são credíveis, mas
sim as auditivas. Este princípio que, de alguma forma, desacredita a
experiência de Moisés sempre lhes trouxe alguns problemas...
Os Sufis (os sábios) usavam roupas muito pobres
que consistiam nuns bocados de tecidos cozidos uns aos outros. O Sufismo é a
entrada no comportamento exemplar que consiste em morrer para si e viver em
Deus (ver Sufismo, de Carl W. Ernst, Edições Chambala).
Já os dançarinos Dervishes rodopiam (numa
oração integral com o corpo, a alma e o espírito) até entrarem em transe, de
forma a chegarem a Deus. Segundo eles, a dança constitui a forma mais rápida
para aceder ao divino. Esta importância que se dá à dança acontece igualmente
noutras culturas.
Uma última nota: O conceito de Jihad (esforço
que se deve fazer para chegar a Deus – “guerra santa”), não tem uma
interpretação exclusivamente violenta. Para os Sufis a Jihad é para ser feita
contra si próprio, contra a não submissão a Deus que existe em cada um.
Carlos Rodrigues
2 comentários:
O interesse habitual só que desta vez com um acrescento.
Ando às voltas com uma história onde entra um marroquino que, embora numa versão soft, professa esta religião.
Nem de propósito...
Abraço.
Manuel João
"É engraçado a força que as coisas parecem ter quando elas precisam de acontecer". Ainda bem que ajuda. Abraço.
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