sábado, 27 de abril de 2013

Os caminhos do espírito



A Tradição Islâmica

Tradição fundada por Maomé (570-632). Maomé nasceu em Meca, o centro espiritual do islamismo.
Durante um dos retiros espirituais que Maomé costumava fazer nas cavernas dos Montes Hira para orar e meditar, foi visitado pelo Anjo Gabriel que lhe anunciou ter sido escolhido por Deus como o último dos profetas da Humanidade.
Gabriel aparece suspenso na posição de lótus, estende-lhe o Corão, o livro sagrado do islão, e pede-lhe que ele o recite. Na tradição oral diz-se que Maomé foi levado pelos anjos numa viagem ao Paraíso, onde viu os diferentes níveis de existência (planos infernais, intermédios (purgatório) e divinos).
Allah (Deus), já é referenciado pela cultura árabe politeística, anterior a Maomé, sendo considerado como o Deus supremo. Maomé, como diz Mircea Eliade, em “História das Crenças e Tradições Religiosas”, (…) vem dizer que não há Deus senão Deus, e que só Ele é digno de ser cultuado, tirando realidade ao homem e ao mundo. A criação é uma teofania e toda a criatura é uma manifestação de Deus.
Maomé funda, então, uma nova tradição religiosa assente em cinco regras fundamentais:
1)    Shalat – oração quotidiana cinco vezes por dia, virados para Meca.
2)    Zakât – esmolas legais para benefício de todos.
3)    Sawn – período de jejum durante o Ramadão
4)    Hajj  - peregrinação a Meca, pelo menos, uma vez na vida, com exceção para os que não têm recursos.
5)    Shahâdat – Só há um Deus e Maomé é o seu profeta.
Existe um islamismo esotérico (interior) que passa só pela oralidade, reclamado pelos Sufis como vindo diretamente do Profeta. Sustentam que as revelações visionárias de Deus não são credíveis, mas sim as auditivas. Este princípio que, de alguma forma, desacredita a experiência de Moisés sempre lhes trouxe alguns problemas...
Os Sufis (os sábios) usavam roupas muito pobres que consistiam nuns bocados de tecidos cozidos uns aos outros. O Sufismo é a entrada no comportamento exemplar que consiste em morrer para si e viver em Deus (ver Sufismo, de Carl W. Ernst, Edições Chambala).
Já os dançarinos Dervishes rodopiam (numa oração integral com o corpo, a alma e o espírito) até entrarem em transe, de forma a chegarem a Deus. Segundo eles, a dança constitui a forma mais rápida para aceder ao divino. Esta importância que se dá à dança acontece igualmente noutras culturas.
Uma última nota: O conceito de Jihad (esforço que se deve fazer para chegar a Deus – “guerra santa”), não tem uma interpretação exclusivamente violenta. Para os Sufis a Jihad é para ser feita contra si próprio, contra a não submissão a Deus que existe em cada um.

Carlos Rodrigues

2 comentários:

MJC disse...

O interesse habitual só que desta vez com um acrescento.
Ando às voltas com uma história onde entra um marroquino que, embora numa versão soft, professa esta religião.
Nem de propósito...

Abraço.

Manuel João

luis santos disse...


"É engraçado a força que as coisas parecem ter quando elas precisam de acontecer". Ainda bem que ajuda. Abraço.