Canteiro Platónico
A planta do jardim
Namorou o regador
Enamorou-se de tal ardor
Que em cúmulo se julgou capim.
Conta as horas a planta
Os dias, os meses, os anos,
Tempo é brasa de um coração em danos
Nem com água, pela rega se lhes espanta.
Sente por alturas o regador,
Todo o dia esperando sinal de si,
Dirige-lhe ele rodando para si
Cristal em planta à luz daquele amor.
Mas não te iludas pobre planta.
O regador é leão de todo o jardim,
Nem rosa, malmequer, capataz e afim
Quem dá de comer é senhor, pois vêde
Lavradora de ar em lágrimas de santa.
Lavradora de ar em lágrimas de santa.
Diogo Correia
“Guerreiro Alquimista”
Estou preso é para bater na testa, as mãos
algemadas,
É para bater a pedra da fronte nos dedos de osso
Estou cego sob a lua da música do guerreiro
alquimista
É para bater as feridas e as lágrimas, onde
errei, bate
bate o arco da bravura onde a coragem está presa
da anona
Fruta do Conde para beijar na boca, devo estar a
sonhar
Avanço pelo caminho, quero caminhar junto ao
oceano
Todos os
dias antes do sol nascer, o fogo abre o sentimento
Frágil no doce olhar da venda
Solta as mãos para dançar, solta a venda , bate
no crânio
Até a Pedra Viva, bate a astúcia de saltar,
construir o corpo
Recupera o poder no corpo livre da manga doce do
beijo
Entre Birre e a Torre nascemos devagar sem
estranheza
Já não estou preso, tenho a flor do frio da
esperança – a angústia
Ainda não há o movimento pessoal – liberta as
amarras do conforto
Vibra o primeiro passo na água salgada, a voz
interior é para bater a
Carne cor de rosa vivo do guerreiro alquimista ao sol
Ainda fica a pergunta quem vai dormir comigo o
corpo em fogo
O medo mora comigo, Cascais abre-se como vila
clara
JOSÉ GIL
Rua das Nespereiras , Birre , Cascais, 6 de
Abril 2013,Portugal
Jovialidade
A memória
uma capacidade física
que, como tudo no mundo
com o tempo se esvai.
A sua tradução em energia subtil
o que mais importa.
Luís Santos, Versículos
VIDAS
No calor da pugna
no calar da ruína
no colar exposto
na prática prisão
dos elementos: o ouro
reluzente
craveja a pedra
arremessada
o colar sufoca
a vida
inexistente.
(Pedro Du Bois, inédito)
3 comentários:
Mais um encontro feliz no largo do Estudo Geral.
Eu registo e fico feliz também, claro.
Manuel João Croca
E eu agradeço pela companhia. Abraços a todos, Pedro.
...um jovial, canteiro platónico, nas vidas de um guerreiro alquimista. Feliz e em boa companhia. Um regador de palavras aos abraços.
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