sábado, 13 de abril de 2013

Poemas que se encontram


Canteiro Platónico

A planta do jardim
Namorou o regador
Enamorou-se de tal ardor
Que em cúmulo se julgou capim.

Conta as horas a planta
Os dias, os meses, os anos,
Tempo é brasa de um coração em danos
Nem com água, pela rega se lhes espanta.

Sente por alturas o regador,
Todo o dia esperando sinal de si,
Dirige-lhe ele rodando para si
Cristal em planta à luz daquele amor.

Mas não te iludas pobre planta.
O regador é leão de todo o jardim,
Nem rosa, malmequer, capataz e afim
Quem dá de comer é senhor, pois vêde
Lavradora de ar em lágrimas de santa.


Diogo Correia



“Guerreiro Alquimista”

Estou preso é para bater na testa, as mãos algemadas,
É para bater a pedra da fronte nos dedos de osso
Estou cego sob a lua da música do guerreiro alquimista
É para bater as feridas e as lágrimas, onde errei, bate
bate o arco da bravura onde a coragem está presa da anona
Fruta do Conde para beijar na boca, devo estar a sonhar
Avanço pelo caminho, quero caminhar junto ao oceano
Todos os  dias antes do sol nascer, o fogo abre o sentimento
Frágil no doce olhar da venda

Solta as mãos para dançar, solta a venda , bate no crânio
Até a Pedra Viva, bate a astúcia de saltar, construir o corpo
Recupera o poder no corpo livre da manga doce do beijo

Entre Birre e a Torre nascemos devagar sem estranheza

Já não estou preso, tenho a flor do frio da esperança – a angústia

Ainda não há o movimento pessoal – liberta as amarras do conforto
Vibra o primeiro passo na água salgada, a voz interior é para bater a
Carne cor de rosa  vivo do guerreiro alquimista ao sol

Ainda fica a pergunta quem vai dormir comigo o corpo em fogo

O medo mora comigo, Cascais abre-se como vila clara


JOSÉ GIL

Rua das Nespereiras , Birre , Cascais, 6 de Abril 2013,Portugal



Jovialidade

A memória
uma capacidade física
que, como tudo no mundo
com o tempo se esvai.
A sua tradução em energia subtil
o que mais importa.

Luís Santos, Versículos



VIDAS

No calor da pugna
no calar da ruína
no colar exposto
na prática prisão
dos elementos: o ouro
                       reluzente
                       craveja a pedra
                       arremessada

         o colar sufoca
                     a vida
              inexistente.


(Pedro Du Bois, inédito)

3 comentários:

estudo geral disse...

Mais um encontro feliz no largo do Estudo Geral.

Eu registo e fico feliz também, claro.

Manuel João Croca

Pedro Du Bois disse...

E eu agradeço pela companhia. Abraços a todos, Pedro.

luis santos disse...

...um jovial, canteiro platónico, nas vidas de um guerreiro alquimista. Feliz e em boa companhia. Um regador de palavras aos abraços.