quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Alhos Vedros 500 Anos de Foral


Igreja Matriz de Alhos Vedros

Sobre as Origens de Alhos Vedros

Um dos textos mais antigos que se conhecem escritos em Português é o testamento de D. Afonso II, datado de 27 de Junho de 1214. Recentemente foi descoberto um outro “A Notícia de Fiadores”, de 1175, que faz recuar no tempo a história da escrita da Língua Portuguesa.
Sobre Alhos Vedros, um dos textos mais antigos que existe, senão o mais antigo, refere-se à sua Igreja e remonta ao ano de 1236.*

É sabido que D. Afonso Henriques, no movimento de reconquista do território peninsular, então ocupado pelos mouros, chega a Palmela em 1147, ano em que se dá início a alguns avanços e recuos territoriais entre cristãos e árabes. A conquista definitiva desta vila só acontece no ano de 1205 com D. SanchoI.

Reza a lenda que por estas alturas, corria em Alhos Vedros um Domingo de Ramos, estavam as suas gentes a comemorar missa na Igreja Matriz quando do alto do serrado de Palmela desciam os mouros para guerrearem com os cristãos.

Avisados da invasão, socorreram-se os habitantes do lugar com aquilo que tinham mais à mão e com as palmas com que comemoravam os ofícios divinos conseguiram derrotar e afugentar o exército inimigo. Dada a clara e inesperada vitória foi de milagre da Nossa Senhora que se tratou. É por isso que, desde então, de forma mais ou menos ininterrupta, se organiza procissão em honra da Nossa Senhora dos Anjos.(**)

A lenda tem pouco valor histórico, mas não erraremos muito se pensarmos que Alhos Vedros se terá constituído como lugar, pelo menos, lá para os inícios da formação da Nação. Mas a pergunta persiste, qual será a sua verdadeira idade?


Luís Santos


(*) SILVA, Víctor, Contributos para a História Local do Concelho da Moita, Vol.1, Edição do Autor, 2005, p.152

(**) idem, p. 144-145

10 comentários:

MJC disse...

Boa malha.

Abraço.

Manuel João

luis santos disse...


Abraço.

Anónimo disse...

Muito interessante e muito bem escrito: a História local, num misto de factos e com o colorido das lendas.
A pergunta final trouxe-me à memória um livro muito interessante sobre a História da língua francesa 'Madame da Langue Française', em que a língua surge na forma de uma Mulher... se pensarmos em Alhos Vedros como uma Senhora, talvez não se chegue a saber-lhe a idade...
Parabéns pelo texto.

Anónimo disse...

'Madame La Langue Française' é o título correcto...

luis santos disse...


Muito elegante o seu comentário. Obrigado. Pensar numa Língua em forma de mulher constitui, desde logo, uma imagem muito sugestiva... Em relação à feminina Alhos Vedros é, por etimologia, de homem que se trata. Quer dizer, "Homens Velhos".

Embora esta definição não seja pacífica, por haver diferentes interpretações, gosto de utilizar esta que me foi dada pessoalmente pelo Filólogo Agostinho da Silva.

E eu, nos meus sonhos às cores, até lhe acrescentei "com Asas", coisa que é bem capaz de escandalizar os mais puristas.

Ou seja, para mim, a sua verdadeira definição é mesmo "Homens Velhos com Asas", o que em resumo se pode traduzir como "seres angelicais", ou mais simplesmente, "Anjos". Mas se alguém a quiser definir por "Madame da Langue Portugaise" achamos que também ficará muito bem servida.

Anónimo disse...

Muito bonito o nome que atribui à sua terra, fruto dos seus sonhos às cores - agradeço a explicação.
No entanto, pessoalmente, olho para a terra no feminino - a terra Mulher, Mãe ou, eventualmente, Madrasta. Independentemente do nome com que tenha sido baptizada:
'What's in a name? That which we call a rose/By any other name would smell as sweet' (Shakespeare, Romeo and Juliet, Act II, Scene 2)...

Diogo Correia disse...


Boa Luisssss!!!!


Alhos Vedros, não dá hipótese.

Já estamos no mapa aos séculos eheheheh

Grande Abraço Companheiro
Diogo

estudo geral disse...


Bem, no fundo os anjos não têm sexo. Mas a partir de agora para lá de mulher fica o excelente cognome "Madame de Langue Portugaise". Belo título: Alhos Vedros...

...que, como diz o Diogo, é verdade, já está no mapa desde que há mapas, digo eu, que percebo muito pouco da história da cartografia.

Abraços.

Viva disse...

Da origem da palavra, nunca percebi bem, porque seria: "outros velhos". Onde estariam os Velhos de referência? Poeticamente, gosto de Homens Velhos com Asas! Dá-nos uma leveza!

luis santos disse...


...com asas do latim "aliu", segundo o dicionário etimológico de José Machado Pais, se consigo recordar bem de memória, o que com um pouco de boa vontade, indo buscar a etimologia ao latim "allius", que pode muito bem não ter nada a ver uma coisa com outra, mas que na forma poética, como disse, chegamos lá.

Enfim, ideias de sonhos dos nossos às cores.