Igreja Matriz de Alhos Vedros
Sobre as Origens de
Alhos Vedros
Um dos textos mais antigos que se conhecem escritos em
Português é o testamento de D. Afonso II, datado de 27 de Junho de 1214.
Recentemente foi descoberto um outro “A Notícia de Fiadores”, de 1175, que faz
recuar no tempo a história da escrita da Língua Portuguesa.
Sobre Alhos Vedros, um dos textos mais antigos que existe, senão o mais antigo, refere-se à sua Igreja e remonta ao ano de 1236.*
É sabido que D. Afonso Henriques, no movimento de
reconquista do território peninsular, então ocupado pelos mouros, chega a
Palmela em 1147, ano em que se dá início a alguns avanços e recuos territoriais
entre cristãos e árabes. A conquista definitiva desta vila só acontece no ano
de 1205 com D. SanchoI.
Reza a lenda que por estas alturas, corria em Alhos Vedros
um Domingo de Ramos, estavam as suas gentes a comemorar missa na Igreja Matriz
quando do alto do serrado de Palmela desciam os mouros para guerrearem com os
cristãos.
Avisados da invasão, socorreram-se os habitantes do lugar
com aquilo que tinham mais à mão e com as palmas com que comemoravam os ofícios
divinos conseguiram derrotar e afugentar o exército inimigo. Dada a clara e
inesperada vitória foi de milagre da Nossa Senhora que se tratou. É por isso
que, desde então, de forma mais ou menos ininterrupta, se organiza procissão em
honra da Nossa Senhora dos Anjos.(**)
A lenda tem pouco valor histórico, mas não erraremos muito se pensarmos que Alhos Vedros se terá constituído como lugar, pelo menos, lá para os inícios da formação da Nação. Mas a pergunta persiste, qual será a sua
verdadeira idade?
Luís Santos
(*) SILVA, Víctor, Contributos para a História Local do
Concelho da Moita, Vol.1, Edição do Autor, 2005, p.152
(**) idem, p. 144-145
10 comentários:
Boa malha.
Abraço.
Manuel João
Abraço.
Muito interessante e muito bem escrito: a História local, num misto de factos e com o colorido das lendas.
A pergunta final trouxe-me à memória um livro muito interessante sobre a História da língua francesa 'Madame da Langue Française', em que a língua surge na forma de uma Mulher... se pensarmos em Alhos Vedros como uma Senhora, talvez não se chegue a saber-lhe a idade...
Parabéns pelo texto.
'Madame La Langue Française' é o título correcto...
Muito elegante o seu comentário. Obrigado. Pensar numa Língua em forma de mulher constitui, desde logo, uma imagem muito sugestiva... Em relação à feminina Alhos Vedros é, por etimologia, de homem que se trata. Quer dizer, "Homens Velhos".
Embora esta definição não seja pacífica, por haver diferentes interpretações, gosto de utilizar esta que me foi dada pessoalmente pelo Filólogo Agostinho da Silva.
E eu, nos meus sonhos às cores, até lhe acrescentei "com Asas", coisa que é bem capaz de escandalizar os mais puristas.
Ou seja, para mim, a sua verdadeira definição é mesmo "Homens Velhos com Asas", o que em resumo se pode traduzir como "seres angelicais", ou mais simplesmente, "Anjos". Mas se alguém a quiser definir por "Madame da Langue Portugaise" achamos que também ficará muito bem servida.
Muito bonito o nome que atribui à sua terra, fruto dos seus sonhos às cores - agradeço a explicação.
No entanto, pessoalmente, olho para a terra no feminino - a terra Mulher, Mãe ou, eventualmente, Madrasta. Independentemente do nome com que tenha sido baptizada:
'What's in a name? That which we call a rose/By any other name would smell as sweet' (Shakespeare, Romeo and Juliet, Act II, Scene 2)...
Boa Luisssss!!!!
Alhos Vedros, não dá hipótese.
Já estamos no mapa aos séculos eheheheh
Grande Abraço Companheiro
Diogo
Bem, no fundo os anjos não têm sexo. Mas a partir de agora para lá de mulher fica o excelente cognome "Madame de Langue Portugaise". Belo título: Alhos Vedros...
...que, como diz o Diogo, é verdade, já está no mapa desde que há mapas, digo eu, que percebo muito pouco da história da cartografia.
Abraços.
Da origem da palavra, nunca percebi bem, porque seria: "outros velhos". Onde estariam os Velhos de referência? Poeticamente, gosto de Homens Velhos com Asas! Dá-nos uma leveza!
...com asas do latim "aliu", segundo o dicionário etimológico de José Machado Pais, se consigo recordar bem de memória, o que com um pouco de boa vontade, indo buscar a etimologia ao latim "allius", que pode muito bem não ter nada a ver uma coisa com outra, mas que na forma poética, como disse, chegamos lá.
Enfim, ideias de sonhos dos nossos às cores.
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