Nunca
voltemos atrás
Tudo
passou se passou
Livres
amemos o tempo
Que
ainda não começou
Agostinho da Silva
Mais
um ano se aproxima do fim.
Que
dizer do ano que agora finda?
A
nível mais geral diria que foi um ano marcado pela grande ofensiva do capital
financeiro que, recorrendo a um terrorismo social como me não recordo, vem implementando
um estado de fascismo económico escondido atrás de uns enfeites que nos
procuram vender como um tal liberalismo e com o qual nos deveríamos congratular
por ser reflexo de uma sociedade desenvolvida e moderna já livre dos fantasmas socializantes
ultrapassados e retrógrados. O cidadão não acredita, claro, até porque está cada
vez mais, com «uma mão cheia de nada e outra de coisa nenhuma», mas também não
consegue atinar com a maneira de fazer parar o desvario selvagem de quem ocupa
as cadeiras do “poder”. E seria bom que atinasse até porque a ofensiva veio
para ficar e vai continuar se não por estes, pelos outros que com estes vêm
alternando sem significativamente alterarem a música de fundo.
A
nível mais pessoal diria que foi um ano em que se acentuaram situações de
desconforto e se carregaram os tons do horizonte do futuro mais próximo. No intercâmbio
humano com a tribo a que pertencemos acontecerem também algumas perdas irreparáveis
por insubstituíveis.
A
primeira das quais, naturalmente, a de Afonso que assim se chama o meu Pai.
Depois
outros, próximos, que sentimos e percebemos que de nós se afastaram pelos
caminhos da vida. Outros, porém, chegaram e por vezes suficientemente perto
para podermos justificadamente esboçar a construção de algo em conjunto.
O
que mais desejo para 2014 é que, no plano social, consigamos o discernimento a
arte e a habilidade para estancar o desvario e mudar o rumo e a toada.
A
nível pessoal desejo poder ajudar com o meu contributo, para que colectivamente
consigamos redesenhar um novo mapa com novas rotas onde cada um possa ter o seu
espaço para caminhar sem pisar ninguém nem ser pisado e que as situações de
desconforto possam ser neutralizadas e para que cada e todas as cores possam
entrar na composição da paisagem na plenitude da sua matriz original.
E
porque o meu Pai continua comigo nesta deriva, deixo-o aqui também para que o possam
conhecer melhor um pouco.
AFONSO
De um
imaculado silêncio
se eleva
em memória clara
o teu
legado mais profundo.
No
deve e haver da vida
foste
do Ser antes do ter
por
ser mais ao teu jeito
e à
tua medida.
O ter
é breve e finito
só o
Ser pode o desmesurado infinito.
Por
isso tu foste, e és e serás
e
juntos continuamos
enquanto
em nós os caminhos não se acabarem.
Da tua família toda.
Manuel João Croca
5 comentários:
Bonito poema "Afonso"
Bela homenagem a quem nos é querido.
Grande abraço Croca
Diogo
Afinal, contrariamente ao que me disseste, estavas inspirado e, mais, é inspirador para quem lê...
Bom Ano para ti e Família.
Abreijos,
António
...Então, desejos de maior satisfação social e pessoal. Bom Ano para todos.
Caríssimos,
muito obrigado pelos vossos comentários.
Naturalmente tentaremos todos melhorar o nosso nível de satisfação pessoal tornando-nos assim mais fortes para contribuir para o bem estar de toda a comunidade.
Bom ano para todos também.
Abraços.
Manuel João Croca
Bonito... não tenho mais palavras d emomento
Abraço
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