O SOL, O CAVALO E A ERVA
(Continuação I)
Aprender,
pois.
Aprender
porque, é sempre necessário aprender mais para mesmo que sem sair do mesmo
sítio se poder ir mais além.
Mais
além porque, esta(s) realidade(s) incomoda(m) de mais.
De
mais porque, o olhar vagabundo na sua infinita curiosidade, se machuca nos
contornos que encontra, as ideias em reflexão eriçam um sentir que desagua em
revolta.
A
revolta é um sentir que se deve evitar como ponto de chegada ou lugar de
estacionamento.
Porque
a revolta seca, azeda e agita e gostamos mais de calma, de mel e espigas e do
barulho da água gorgolejando na entrada dos esteiros.
Esteiros
porque, é de um rio que falamos.
Rio
que, ainda que com braços que o ramificam e margens que o estreitam ou alargam,
só tem uma nascente e, também, uma só foz e é o percurso entre uma e outra que
lhe conferem utilidade e beleza.
Rio
como metáfora de vida.
Vida
que se deveria interpretar como desígnio de fecundidade e fraternidade.
Fraternidade
porque, «por fim talvez sejamos irmãos».
Irmãos
não se pisam uns aos outros quando caídos, ajudam-se a levantar.
Porque
é de pé que melhor se podem olhar nos olhos e abraçar.
E
depois, juntos, lado a lado, construir as realidades em que melhor nos
realizemos.
É
claro que alguns se auto-excluirão por não ser essa a sua natureza ou condição.
Esses
também farão parte da história só que de uma outra.
Talvez
assim e então, as pessoas não necessitem abandonar as suas casas e mesmo o seu
país, e as ruínas cedam o lugar a novas fábricas onde seja possível laborar e
ganhar o pão de cada dia.
Quanto
ao cavalo, esse é desejável que possa continuar a pastar a sua erva fresca e o
sol poderá continuar a brilhar talvez até com maior propriedade já que mais
consentâneo com a realidade.
Pintura de Luís Delgado (óleo sobre tela)
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