domingo, 15 de dezembro de 2013




O SOL, O CAVALO E A ERVA
(Continuação I)



Aprender, pois.
Aprender porque, é sempre necessário aprender mais para mesmo que sem sair do mesmo sítio se poder ir mais além.
Mais além porque, esta(s) realidade(s) incomoda(m) de mais.
De mais porque, o olhar vagabundo na sua infinita curiosidade, se machuca nos contornos que encontra, as ideias em reflexão eriçam um sentir que desagua em revolta.
A revolta é um sentir que se deve evitar como ponto de chegada ou lugar de estacionamento.
Porque a revolta seca, azeda e agita e gostamos mais de calma, de mel e espigas e do barulho da água gorgolejando na entrada dos esteiros.
Esteiros porque, é de um rio que falamos.
Rio que, ainda que com braços que o ramificam e margens que o estreitam ou alargam, só tem uma nascente e, também, uma só foz e é o percurso entre uma e outra que lhe conferem utilidade e beleza.
Rio como metáfora de vida.
Vida que se deveria interpretar como desígnio de fecundidade e fraternidade.
Fraternidade porque, «por fim talvez sejamos irmãos».
Irmãos não se pisam uns aos outros quando caídos, ajudam-se a levantar.
Porque é de pé que melhor se podem olhar nos olhos e abraçar.
E depois, juntos, lado a lado, construir as realidades em que melhor nos realizemos.
É claro que alguns se auto-excluirão por não ser essa a sua natureza ou condição.
Esses também farão parte da história só que de uma outra.
Talvez assim e então, as pessoas não necessitem abandonar as suas casas e mesmo o seu país, e as ruínas cedam o lugar a novas fábricas onde seja possível laborar e ganhar o pão de cada dia.
Quanto ao cavalo, esse é desejável que possa continuar a pastar a sua erva fresca e o sol poderá continuar a brilhar talvez até com maior propriedade já que mais consentâneo com a realidade.


Pintura de Luís Delgado (óleo sobre tela)



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