MIRADOURO 43 / 2014
Pois, as sirenes deixaram de se ouvir à
medida que as fábricas foram parando a sua laboração.
Acabou a correria da manhã, o passeio curto à
hora do almoço, o bulício do despegar.
O colorido das fardas das operárias apagou-se
das ruas.
As pessoas ficaram desempregadas.
Eram milhares só aqui em Alhos Vedros.
Ficaram os edifícios que com os anos se têm
vindo a degradar até hoje não passarem de ruínas a ameaçar desmoronamento a
qualquer momento.
E ficaram também muitas histórias.
Umas já contadas, muitas outras decerto ainda
por contar.
Memórias que ora repousam calmamente no
interior que albergamos, ora se agitam e revolvem a consciência feita espelho
de sonhos que existiram e se projectam nos novos sonhos que se arquitectam nas
sirenes com que a vida sucessivamente nos convoca.
Manuel João Croca
Foto: João Ramos
2 comentários:
A fotografia ilustra muito bem o texto: uma casa em ruínas e a janela que insiste numa fresta de esperança.
Só precisamos de aprender a resolver a questão do desemprego nos casos em que ele se torna um problema, porque o resto resolveu-se por si próprio...
Foi bonita a festa pá... e Abraço.
É, a festa foi bonita.
A terra-velha rejubilou e ficou linda com "aquele brilhozinho nos olhos".
Igual ao que eu senti ao ouvir a declaração de Amor da D. Guilhermina pela sua e nossa terra.
Abraço.
Manuel João Croca
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