domingo, 16 de novembro de 2014

 
 
MIRADOURO 43 / 2014
 
 
Pois, as sirenes deixaram de se ouvir à medida que as fábricas foram parando a sua laboração.
Acabou a correria da manhã, o passeio curto à hora do almoço, o bulício do despegar.
O colorido das fardas das operárias apagou-se das ruas.
As pessoas ficaram desempregadas.
Eram milhares só aqui em Alhos Vedros.
Ficaram os edifícios que com os anos se têm vindo a degradar até hoje não passarem de ruínas a ameaçar desmoronamento a qualquer momento.
E ficaram também muitas histórias.
Umas já contadas, muitas outras decerto ainda por contar.
Memórias que ora repousam calmamente no interior que albergamos, ora se agitam e revolvem a consciência feita espelho de sonhos que existiram e se projectam nos novos sonhos que se arquitectam nas sirenes com que a vida sucessivamente nos convoca.
 
Manuel João Croca
 


Foto: João Ramos

2 comentários:

luis santos disse...


A fotografia ilustra muito bem o texto: uma casa em ruínas e a janela que insiste numa fresta de esperança.

Só precisamos de aprender a resolver a questão do desemprego nos casos em que ele se torna um problema, porque o resto resolveu-se por si próprio...

Foi bonita a festa pá... e Abraço.

estudo geral disse...

É, a festa foi bonita.
A terra-velha rejubilou e ficou linda com "aquele brilhozinho nos olhos".
Igual ao que eu senti ao ouvir a declaração de Amor da D. Guilhermina pela sua e nossa terra.

Abraço.

Manuel João Croca