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Cada palavra do teu silêncio, fere-me o corpo como ferro em brasa.
Elevam-se pelo espaço cornucópias do aroma da carne queimada,
Enquanto vagueia a alma pelo deserto das coisas incompreendidas.
Não vejo, não ouço, não toco….
a viagem feita de olhos vendados e mãos atadas,
não sabendo para onde vou,
não sabendo aonde estou…
Não posso saber. Apenas pressentir… pressentir-te…
sinto-te ondulando no espaço como nuvem invisível; como o nevoeiro suave que desce à terra.
E neste jogo de adivinhar o espaço e o tempo das coisas suspensas,
Chovo a água do desespero…
… que dá depois lugar à calma inflamada dos leitos encharcados.
Amo sem saber o que amo.
Amo como setas que vão e não voltam… que falham, por ventura, o alvo…
Amo com o amor de sempre na floresta densa da solidão dos amores contidos.
… enquanto isso… entrega-se o corpo fértil à erosão das emoções perdidas…
Amores marcados na pele a fogo,
A cada palavra do silêncio que me envias.
Cléo.
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