quinta-feira, 12 de maio de 2011

d´Arte - Conversas na Galeria XXXVII


Azul, Azul Autor António Tapadinhas
Óleo sobre Tela 100x100cm

Um meu amigo tem feito algumas referências aos meus azuis, considerando alguns que o tocam especialmente, de “Azul Tapadinhas”.
Há pintores que são conhecidos por saberem realçar determinadas cores nas suas pinturas. Lembremos Van Gogh e os seus vibrantes amarelos, Cézanne e os seus espantosos verdes e, porque vem a propósito, a história de um azul especial.
Yves Klein, nascido em Nice, França, realizou mais de cinco dezenas de quadros monocromáticos em azul. Gostou tanto de uma das tonalidades, que a registou em 19 de Maio de 1960, no Instituto Nacional da Propriedade Industrial, com a designação IKB (International Klein Blue).
Espero que esta obra se imponha pelo seu azul. Não tem outras cores que o tornem mais suave ou mais profundo, mais alegre ou mais triste…
Acho que as cores são como as pessoas. Dependem muito do que as rodeia. Todos nós nascemos iguais, mas alguns são mais iguais do que outros... As diferenças começam antes do nascimento, e prolongam-se durante toda a nossa vida. Nós e as cores somos sensíveis ao ambiente que nos cerca.
Esta atmosfera é a essência mágica com que se cria o génio ou uma obra-prima.

5 comentários:

luis santos disse...

Azul ao contrário dá luz e lê-se lusa. Portanto, pode dizer-se que é um céu tão azul, de tão luz a zul, que luza, luza, neste céu de lusofonia que vivemos.

E lusa, porque segundo Natália Correia o Espírito Santo é feminino, acentuou ontem o Miguel Real. Embora nós prefiramos mais a versão de Agostinho da Silva que nos dá a criança como o futuro imperador do mundo.

E Abraço!

Luís F. de A. Gomes disse...

O verde é a cor da esperança, diz-se. Será.
“Um Pouco Mais De Azul”, é o título de uma das obras de Hubert Reeves, um astrofísico canadiano que para além de um todo um trabalho de divulgação científica a respeito da dinâmica e da História do Universo, com o qual nos fez entender as interligações entre esses fenómenos e o da Vida no nosso planeta e, com isso e em concomitância, nos põe em evidência a singularidade desse berlindezinho cósmico prodigioso, a nossa casa comum, por enquanto o único lugar que temos para viver e que por consequência do evoluir desse trabalho se tem debruçado nas últimas duas décadas sobre os equilíbrios biológicos e geofísicos em que assenta a sustentabilidade deste oásis inter-estelar, pelos quais tem desenvolvido reflexão filosófica –atrevo-me a dizer e de elevado quilate, quer pela elegância da argumentação, quer pela argúcia das observações e reparos- em que podemos compreender, por um lado a dádiva única que é esta nossa Aventura e, por outro lado, o quanto importa que sejamos capazes de compreender que um mundo mais humano, isto é, uma vivência que tenha por base o respeito pela dignidade do Homem e, por isso mesmo, uma vida ética em que se aceita que a todo o ser humano é devida a oportunidade de poder escolher o seu próprio caminho, uma tal forma de sociedade só será possível se for capaz de se adaptar e respeitar os ciclos naturais da Terra.
Ora se o verde se aponta como a cor da esperança, o azul será assim aquilo que poderemos designar como a origem da mesma, na medida em que poderemos até simbolicamente designá-la como a cor da Vida e isto tão simplesmente por ser desse modo que se pinta este nosso lar maravilhoso a que poderíamos muito bem chamar planeta Oceano. E não podemos olvidar que a primeira daquelas cores se obtém da combinação da segunda com uma outra e não será difícil compreender que a esperança, afinal, sempre será resultado da Vida.

Alexandra Grave assim se chama uma das poucas, muitíssimo poucas, pessoas isentas de maldade com que tive oportunidade de me cruzar ao longo da vida. Sinto-me um privilegiado por isso.
Da sua autoria vi alhures –no tempo e no espaço- uma exposição de uma dezena de quadros em torno de um dos livros de Ítalo Calvino de que não me recordo o nome. Mas lembro-me muito bem de uma das telas, “Pureza”, era o seu título, a qual consistia apenas num branco indistinto em que colara uma pequeníssima pluma no quadrante inferior esquerdo. Não que houvesse ali alguma pretensão de originalidade se tivermos em conta que o mesmo fez Joan Miró, por exemplo, numa das suas fases, se assim se pode falar, mas a pintura impressionava pelo que, na sua simplicidade desconcertante, nos convidava a pensar a respeito da Vida, da Humanidade.
Assim o teu azul que tanto impressiona esse teu amigo, azul de que poderemos então dizer ser a cor da Vida, isto é, afinal aquela de que brota a esperança.

Aquele abraço, companheiro
Luís

A.Tapadinhas disse...

Vou aproveitar para dizer qualquer coisa enquanto o Gates, o Google ou um pirata encartado não me corta o acesso aos comentários.

Não se perderia grande coisa, poderei pensar, o que não seria verdadeiro, porque o que motivou as tuas reflexões, foi a repetição da entrada "Azul, Azul", o que já representa uma inflacção de azuis, com a repetição da repetição de palavras, do título da obra, e não seria verdadeiro porque, para mim, foi muito útil o teu comentário por ficar a saber mais sobre a cor azul, a tal que identifica o nosso planeta, e que figura entre as minhas predilectas quando me disponho a pegar no pincel.

As cores que se convencionou chamar primárias são as mais votadas como preferidas, o que sendo verdade, não deixa de ser estranho, já que chamar alguém de primário, poderá, por alguns, ser considerado ofensivo...

Abraço,
António

luis santos disse...

Hoje de manhã a Maria Luís disse-me assim: "Pai, hoje vou toda de azul". "Olha tem graça que eu também", respondi. "Mas eu, é cuecas e tudo", concluiu. "Tudo bem, Azul, Azul", pensei eu.

Já tinha dito que gosto muito dessa luz a zul, disfarçada luza de lusofonia, concluindo que, tal como o Espírito Santo, nas palavras de Natália Correia, dizia o Miguel Real, temos uma Língua toda virada ao feminino... e aos abraços.

A.Tapadinhas disse...

O teu e meu azul é azul, azul, felizmente, para não fazer lembrar o azul com riscas brancas do nosso descontentamento...

Abraço,
António