Dispersos XIII - 2011
Um desfile, ou torrente, de palavras-sons tantas vezes sem nexo, chegam, correm, tornam a partir e somem-se.
Decerto terão, hão-de ter, alguma razão para vir, ainda que eu não saiba, ou não consiga, ouvir.
Ergue-se depois o olhar e sai de dentro.
Cá fora tudo é mais claro e nítido.
Espraia-se, o olhar, em redor e encontra o outro que também é nós.
Interage com o ouvir que cata e capta um ciciar queixoso e mamífero até que, em expansão incontrolável, se alarga ao espaço vegetal e ao que voga, por o sabermos que não por o identificarmos, no espaço aeriforme carregado de odores que completam o conjunto.
E aí já a balada, apesar dos gritos, apesar da dor, ganhou a dimensão da sinfonia.
Os instrumentos que isoladamente constroem o som total, falam do hoje, do agora e do futuro que, irmãos meus, todos estamos a construir mesmo que o não saibamos, mesmo que o não queiramos.
Porque Entre-existimos.
Sim, isso é claro!
Som da vida.
Uma vontade de paz, justiça social e económica, desejo de devir fraterno, solidário, serviço, servir.
Irrompem então as palavras - mesmo quando a boca se queda em silêncio – acesas no olhar, no sentido directo do abraço e dos intérpretes que, como nós, todos, sabem o significado do verbo, do pão e das espigas.
E assim, quando torna ao dentro, vem o olhar mais iluminado e tudo é mais claro e luminoso.
A alma brilha, refulge, e o possível fica maior, o querer fica mais forte e o som que fica em fundo e envolve é o do amor.
m. j.
26.Abril.11
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