Sagração da Primavera - Autor António Tapadinhas
Acrílico sobre tela 60x100 cm
A génese e execução desta obra, foi o oposto do que aconteceu com muitas outras. O que essas tiveram de instintivo, teve esta de intelectual. Fiz uma série de esboços, experimentei toda a minha paleta, fiz transparências, empastes... Nada me satisfazia. Parecia estar num beco sem saída. A dada altura, quase a desistir, porque não encontrava "a" solução, inconscientemente ia garatujando no papel figuras estilizadas de bailarinos. Quando olhei para a folha e vi o que tinha desenhado, fez-se a luz... A partir daí foi fácil.
Stravinsky disse sobre a sua obra: "Sonhei com um grande ritual pagão! Tive uma soberba visão repleta dos mais inutisados efeitos sonoros"...
Acho que na apreciação da minha tela eu só substituiria "sonoros" por "visuais".
2 comentários:
E no entanto a Primavera não é uma universalidade geográfica. Mas é um facto que é consagrada como se o fosse e por isso lhe associamos sempre a exuberância dos períodos esplendorosos já que ela, em todas as latitudes onde se faz sentir, não só tem por hábito pintar a Terra de arco-íris, como, ao que parece, avaliando pelos mitos que, ao longo dos tempos, os poetas lhe têm oferecido, tem o efeito de espalhar magia nas almas dos seres vivos, ao ponto de quase se poder dizer que não há bicho que não se deixe inebriar por ela.
Ora é isso que a genialidade do russo conseguiu com essa peça marcante da música do século vinte e é justamente isso que esta tua tela nos transmite, pelo que está certa a troca que fazes nos vocábulos. Mas não fosse isso bastante e ainda o consegues com uma sensibilidade que nos remete para os primórdios da Humanidade, na medida em que há um certo toque de rupresticidade, perdoe-se-me o neologismo, nas figurações que usas, como que a lembrar-nos que a arte é uma das criações que nos criaram, isto é, trata-se aquela, afinal, de uma das manifestações que de nós faz humanos.
E assim podemos dizer que darteando, lá nos vamos elevando.
Aquele abraço, companheiro
Luís
Acabaram-se as trevas e, claro, claramente fez-se a luz nas mentes dos deuses do Google ao encontrarem o caminho que nos conduziu ao usofruto integral do espaço cibernético.
Ontem fui à Casa Amarela para entregar uma peça que vai ficar em exposição em Almada. À saída encontrei, e fiquei numa conversa de gente crescida com o meu tio Foch, com o Tonito e outros amigos igualmente respeitáveis...
Dei por mim a pensar que se não tivesse havido o apagão, concerteza este encontro não seria registado aqui.
Faz parte da nossa condição humana, na busca de felicidade, encontrar algo de positivo em tudo que nos acontece: há males que vêm por bem... a tal elevação de que falas.
Para a morte é que não há remédio... por enquanto...
Aquele abraço,
António
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