Dentro imune dividido
Passando o tempo a dar corda
Ao relógio que trago no bolso.
Carrego comigo o desejo de ser
O que de mim há-de ser perfeito,
E tudo tende a ser ignorado quando
Me assumo verdadeiramente no mundo.
Doravante caminhando,
A inata razão circula a meu lado de braço dado
Segreda-me ao ouvido quando dou por mim
Na inconsciência plena sob o comando dos astros.
A minha coerência principia onde acaba uma ilusão,
Voo de aterragem forçada, e em meu peito só resta
A desilusão que acorda o que de mim está adormecendo.
Por isso bebendo esta caneca de leite
Como quem se distrai da insónia,
Festejando o dia que acabou e os dias que hão-de vir,
Transformo o que sinto numa verdade asquerosa
A que me limpo todos os dias antes de sair de casa
E assim o relógio de bolso pára, contando em silêncio
As horas que dá comigo na fronteira que separa
O espaço e o tempo de que sou feito.
Não sou alguém alheio do mundo
Habito nele como se dele houvesse um fantasma
Que de certo modo cria em mim outras vidas paralelas
Há um lado sim, uma parte dividida
O coração que me sustenta o cadáver
Separou com uma arma o fígado que dava sombra á bílis,
O infindável lado continuou obscuro
E o cigarro que trago nos dedos
Queimou o resto do que havia na mortalha
Chegou a hora da verdade
E a paz de continuar vivo
Nasce pelo útero da madrugada.
Diogo Correia
2 comentários:
Pois é Diogo! Cá esta a confirmação, és um dos privilegiados, dono de um suplemento de Alma
Como já tínhamos falado o importante é o que somos e o que temos cá dentro, o resto vem por acréscimo.
Beijinho Amigo
Celeste Beirão
Olá celeste! Esta é só a minha forma de estar na vida e cada vez acredito mais nisso.
Obrigadoooo
Um Grande Beijinho
Diogo Correia
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