A literatura é avessa às generalizações, na medida em que, sendo o fruto criativo daqueles que a cultivam, sempre acaba por se atomizar naquilo a que aqueles a consigam elevar e, por isso, aquilo que possamos querer pensar como universal esbarra, muitas vezes, nos estreitos limites com que cada um aí se revela e, com a obra respectiva, lhe estabelece.
Não tenho portanto qualquer pretensão de considerar os meus próprios pontos de vista como mais relevantes que quaisquer outros nesta matéria e, por isso, as afirmações que sustentar, fora daquilo que a tradição e a reflexão crítica e académica convencionaram e é generalizadamente aceite, como é o caso das definições dos diversos géneros, ou os contornos dos múltiplos movimentos que lhe têm feito a História, fora desses patamares em que é possível encontrar ideias, conceitos e definições – salvo seja a expressão – comuns, as opiniões, as preferências, os gostos que cada Autor possa ter por mais importantes, apenas a ele dizem respeito e de modo algum podem ser entendidas como algo mais que isso mesmo, simples declarações opinativas de gosto e muito menos como teoria a ter em conta. Com isto não estou a defender que não possamos identificar contributos mais ou menos interessantes para as teorias que se vão desenvolvendo em torno da literatura, mas apenas a confinar o que são as opiniões dos escritores aos seus limites particulares.
É, pois, meramente pessoal, o testemunho que apresentarei de seguida.
Toda a literatura sempre assentou – e assim continuará a ser – num binómio mínimo, justamente aquele que se materializa entre a obra feita e aquele que a lê. Poderia ter algum sentido, uma obra que tivesse o propósito de jamais vir a ser lida por quem quer que fosse?
Contudo, mais importante que esta pergunta será, para meu gosto pessoal, questionar se poderia o Autor escrever sem ter em consideração a existência de um Leitor, ou seja, visto de outro modo, se faria sentido que aquele escrevesse sem a mínima preocupação de ser lido e, sobretudo entendido. Para quem escrevemos, apenas para nós próprios?
É claro que para mim, o Leitor é o destinatário daquilo que escrevo e se o ser lido será o preâmbulo desse propósito, ser entendido confere o prémio máximo a que aquele que escreve poderá almejar. Sem quaisquer concessões aos seus gostos e desejos, ainda menos com algum retraimento perante os seus níveis de conhecimento e sabedoria, é esse o respeito que ao escritor ele deve merecer e é nessa dimensão que costumo dizer que nada seria sem ele.
Mas por vezes somos surpreendidos pelo que o Leitor consegue fazer crescer uma obra por aquilo que em ela encontra e que, em alguns casos, nem ao próprio Autor antes ocorrera. Sempre que assim é, impõe a delicadeza que perante ele se curve o escritor, tanto pelo agradecimento que lhe deve, como pela estima que a partir daí aquele passa a merecer. Ora foi esse o meu caso, com a apresentação deste livrinho de alguns dos poemas que escrevi nos primeiros anos da minha juventude. Daí estas palavras, para que o querido Leitor, antes de mais, fique inteirado do quanto lhe estou grato pelo simples facto de o ser mas, acima disso, como fico profundamente tocado por não só ter entendido estes meus trabalhinhos, como ainda mais por, através do(s) retorno(s) que me foi dando pelos comentários que fez, ter elevado este livrinho a um nível que nunca antes eu lhe tinha reconhecido.
Foi um Ilustre Anónimo que escreveu as palavras seguintes: “(…)diria que os teus Frescos me deram outros mundos a conhecer e fizeram-me começar a observar o meu mundo com mais atenção (…)”. E mais à frente agradeceu. “Obrigada pelos bons momentos de leitura e reflexão!” (1) Seria uma grande hipocrisia se pretendesse esconder o quanto me alegrou um tal comentário, mas isso seria passageiro e muito provavelmente estaria agora esquecido se não se tivesse dado o facto de me ter levado a olhar o “Frescos” com uma nova atenção e, com ele, todo o projecto que assinei como Luciano França de que aquele faz parte. Com efeito, desde então tenho reflectido amiúde a este respeito e mais do que a área de experimentação que, no texto em que apresentei esta publicação, já lhe havia reconhecido, vejo agora que este livrinho revela não só uma maneira de ver o mundo – a minha, naquela idade – como esse mesmo olhar, afinal, não só permaneceu como se robusteceu ao longo da minha vida, como, bem vistas as coisas, é substrato importante da minha própria maneira de ser e, consequentemente, da própria base mental em que tenho vindo a alicerçar a minha obra que, no seu conjunto, no que escava ou permite e convida o querido Leitor a escavar a respeito da humanidade, acima de tudo toma como vértice fundamental a dignidade da pessoa humana e toda implicação de justiça que daí decorre e que se pode muito bem sintetizar na comunhão da alegria de receber a Vida como uma Dádiva que, no carinho que estes frescos transmitem pelas pequenas coisas, os pequenos nadas do quotidiano, é precisamente aquilo que neste livrinho acaba por se cantar.
Termino, desta maneira, a publicação desta pequena compilação de poemas, para a qual, ao contrário das anteriores, pelo que escrevi, não me poderia limitar a uma despedida formal. Com ela materializo aquilo que considerarei a sua primeira edição, contando, em futuro breve, levá-la ao prelo para a dignidade de uma segunda, na forma de livro, propriamente dito. Depois da boa recepção que teve neste simpático espaço de ideias e liberdade, tenho para mim que o merece, tal como o mesmo sucede com o querido Leitor que tão bem o distinguiu.
Resta-me dizer que, apesar deste adeus, permanecerei entre vós às terças-feiras, como tem sido habitual, com “A Comunidade do Vale da Esperança – Uma Crónica”, cuja saga, longe que ficou o cenário de uma amálgama de sonhos de juventude, nos vai revelando como tem vindo a evoluir aquilo que a narradora considera um pequeno pedacinho de céu. Vamos ver o que nos reserva o futuro.
Curvo-me perante a gentileza da companhia que me vão concedendo.
Não tenho portanto qualquer pretensão de considerar os meus próprios pontos de vista como mais relevantes que quaisquer outros nesta matéria e, por isso, as afirmações que sustentar, fora daquilo que a tradição e a reflexão crítica e académica convencionaram e é generalizadamente aceite, como é o caso das definições dos diversos géneros, ou os contornos dos múltiplos movimentos que lhe têm feito a História, fora desses patamares em que é possível encontrar ideias, conceitos e definições – salvo seja a expressão – comuns, as opiniões, as preferências, os gostos que cada Autor possa ter por mais importantes, apenas a ele dizem respeito e de modo algum podem ser entendidas como algo mais que isso mesmo, simples declarações opinativas de gosto e muito menos como teoria a ter em conta. Com isto não estou a defender que não possamos identificar contributos mais ou menos interessantes para as teorias que se vão desenvolvendo em torno da literatura, mas apenas a confinar o que são as opiniões dos escritores aos seus limites particulares.
É, pois, meramente pessoal, o testemunho que apresentarei de seguida.
Toda a literatura sempre assentou – e assim continuará a ser – num binómio mínimo, justamente aquele que se materializa entre a obra feita e aquele que a lê. Poderia ter algum sentido, uma obra que tivesse o propósito de jamais vir a ser lida por quem quer que fosse?
Contudo, mais importante que esta pergunta será, para meu gosto pessoal, questionar se poderia o Autor escrever sem ter em consideração a existência de um Leitor, ou seja, visto de outro modo, se faria sentido que aquele escrevesse sem a mínima preocupação de ser lido e, sobretudo entendido. Para quem escrevemos, apenas para nós próprios?
É claro que para mim, o Leitor é o destinatário daquilo que escrevo e se o ser lido será o preâmbulo desse propósito, ser entendido confere o prémio máximo a que aquele que escreve poderá almejar. Sem quaisquer concessões aos seus gostos e desejos, ainda menos com algum retraimento perante os seus níveis de conhecimento e sabedoria, é esse o respeito que ao escritor ele deve merecer e é nessa dimensão que costumo dizer que nada seria sem ele.
Mas por vezes somos surpreendidos pelo que o Leitor consegue fazer crescer uma obra por aquilo que em ela encontra e que, em alguns casos, nem ao próprio Autor antes ocorrera. Sempre que assim é, impõe a delicadeza que perante ele se curve o escritor, tanto pelo agradecimento que lhe deve, como pela estima que a partir daí aquele passa a merecer. Ora foi esse o meu caso, com a apresentação deste livrinho de alguns dos poemas que escrevi nos primeiros anos da minha juventude. Daí estas palavras, para que o querido Leitor, antes de mais, fique inteirado do quanto lhe estou grato pelo simples facto de o ser mas, acima disso, como fico profundamente tocado por não só ter entendido estes meus trabalhinhos, como ainda mais por, através do(s) retorno(s) que me foi dando pelos comentários que fez, ter elevado este livrinho a um nível que nunca antes eu lhe tinha reconhecido.
Foi um Ilustre Anónimo que escreveu as palavras seguintes: “(…)diria que os teus Frescos me deram outros mundos a conhecer e fizeram-me começar a observar o meu mundo com mais atenção (…)”. E mais à frente agradeceu. “Obrigada pelos bons momentos de leitura e reflexão!” (1) Seria uma grande hipocrisia se pretendesse esconder o quanto me alegrou um tal comentário, mas isso seria passageiro e muito provavelmente estaria agora esquecido se não se tivesse dado o facto de me ter levado a olhar o “Frescos” com uma nova atenção e, com ele, todo o projecto que assinei como Luciano França de que aquele faz parte. Com efeito, desde então tenho reflectido amiúde a este respeito e mais do que a área de experimentação que, no texto em que apresentei esta publicação, já lhe havia reconhecido, vejo agora que este livrinho revela não só uma maneira de ver o mundo – a minha, naquela idade – como esse mesmo olhar, afinal, não só permaneceu como se robusteceu ao longo da minha vida, como, bem vistas as coisas, é substrato importante da minha própria maneira de ser e, consequentemente, da própria base mental em que tenho vindo a alicerçar a minha obra que, no seu conjunto, no que escava ou permite e convida o querido Leitor a escavar a respeito da humanidade, acima de tudo toma como vértice fundamental a dignidade da pessoa humana e toda implicação de justiça que daí decorre e que se pode muito bem sintetizar na comunhão da alegria de receber a Vida como uma Dádiva que, no carinho que estes frescos transmitem pelas pequenas coisas, os pequenos nadas do quotidiano, é precisamente aquilo que neste livrinho acaba por se cantar.
Termino, desta maneira, a publicação desta pequena compilação de poemas, para a qual, ao contrário das anteriores, pelo que escrevi, não me poderia limitar a uma despedida formal. Com ela materializo aquilo que considerarei a sua primeira edição, contando, em futuro breve, levá-la ao prelo para a dignidade de uma segunda, na forma de livro, propriamente dito. Depois da boa recepção que teve neste simpático espaço de ideias e liberdade, tenho para mim que o merece, tal como o mesmo sucede com o querido Leitor que tão bem o distinguiu.
Resta-me dizer que, apesar deste adeus, permanecerei entre vós às terças-feiras, como tem sido habitual, com “A Comunidade do Vale da Esperança – Uma Crónica”, cuja saga, longe que ficou o cenário de uma amálgama de sonhos de juventude, nos vai revelando como tem vindo a evoluir aquilo que a narradora considera um pequeno pedacinho de céu. Vamos ver o que nos reserva o futuro.
Curvo-me perante a gentileza da companhia que me vão concedendo.
Luís F. de A. Gomes
Alhos Vedros, 10 de Fevereiro de 2013
28 comentários:
Bom dia, Luís!
A leitura da tua 'despedida' dos Frescos fez-me recuar até às minhas aulas de Teoria da Literatura, já lá vão tantos anos... e problematizar o papel do Escritor, do Leitor, do processo de escrita, da obra literária em si! E o problematizar das 'coisas'acaba sempre por nos trazer mais perguntas do que respostas, não achas?
O meu velho professor, em todas as aulas, fazia-nos olhar para uma árvore que estava junto a uma das janelas da sala, para nos fazer pensar que todos víamos aquela mesma árvore, com um tronco e não-sei-quantos ramos de uma forma diferente, mesmo tratando-se de algo concreto! O que dizer, então, da Literatura, com toda essa enorme carga de subjectividade que carrega consigo? Porque temos num livro o Escritor, o Narrador, as Personagens e,em última instância, o Leitor! Se a obra for lida, porque caso contrário simplesmente não existirá, mesmo tendo sido escrita!
Será, então, que o Escritor escreve a pensar no Leitor? Se sim, em que Leitor? Porque, suponho, o Leitor não passará de uma figura abstracta, uma vez que todos somos leitores diferentes, da mesma forma que todos olhávamos para a mesma árvore de forma diferente, da nossa perspectiva muito pessoal, muito subjectiva, dependendo do nosso conhecimento e das nossas vivências! Será que quando escreveste os Frescos, há 30 anos atrás, pensaste na possibilidade de eles virem a ser lidos e publicados, ou foi um mero exercício criativo? Provavelmente solitário, porque a escrita é um exercício solitário, não achas? Já a leitura não tem que o ser e a análise literária muito menos! Enquanto leitora, acho que todas a leituras daquilo que é escrito são igualmente válidas e possíveis, o que só enriquece o que é escrito. Um pouco à semelhança do que acontecia na Idade Média, em que a nocão de autor não existia, o Livro pertencia a todos aqueles que o liam e anotavam e completavam e participavam na sua 'contrução', desde o(s) copista(s)ao artista que trabalhava as iluminuras e por aí fora! Assim, também acho que nos dias de hoje o que é escrito pertence a quem escreve enquanto escreve, a quem lê, a quem ouve contar o que se leu... ou não?
Já deve ir muito longo este meu 'comentário', e as minhas desculpas por isso, mas o teu texto é tão rico que nos conduz a estas problematizações, mesmo quando a única coisa que se quer dizer é 'Obrigada pelas leituras e reflexões das 3ªas feiras de manhã!'
Um abraço da cor do Mar!
Amélia
PS - algures a meio do comentário a palavra 'nocão' deverá ler-se 'noção'... sorry...
Boa tarde, Amélia
Antes de mais quero expressar a minha gratidão pela simpatia com que tens tratado estes rabiscos de juventude que, pelos vistos, ultrapassaram a pretensão de um dia virem a ser lidos como poemas. Conjuntamente com outros Leitores , no que destaco um Ilustre Anónimo que não mais voltou, foste tu quem fez elevar o Frescos a um livrinho de poesia. Dificilmente serás capaz de avaliar como isso me tocou e encantou, ao ponto de, como escrevi neste texto, me ter levado a rever todo o Luciano França e, e particular, este “Frescos”. Cresci com isso, como pessoa e como Autor – pobre de mim que assim me vejo, isto é, gosto de me ver – creio que saí enriquecido precisamente no que o meu trabalho se enriqueceu; o agradecimento só pode ser pois, do tamanho da Lua.
Depois quero mais uma vez lembrar que não há comentários longos, apenas ledores apressados.
(continua)
(cotniuação)
Quanto ao resto começo pela segunda parte.
Não posso falar pelos outros confrades e isso por aquilo que escreveste a respeito da subjectividade da literatura e também pelo facto de estarmos aí no domínio dessa mesma subjectividade. Apenas posso falar por mim e nessa dimensão eu direi que sim, escrevo sempre a pensar num Leitor, mesmo quando estou no âmbito de textos de carácter científico. Básica e corriqueiramente, penso em termos genéricos, o mesmo é dizer, num Leitor mais ou menos ideal sobre quem faço recair a espectativa de uma cultura – aqui usado o termo no sentido dos saberes – no mínimo um pouco superior à média, digamos, para ilustrarmos a ideia, com o nível a que chegava um bom aluno ao fim de um Curso Liceal ao tempo em que o fiz. Contudo, já houveram casos – escuso-me aqui de os estar a exemplificar por economia de espaço e de ocasião – em que me foquei num Leitor determinado, numa ou noutra situação uma qualquer pessoa idealizada, na maioria dessas vezes sendo mesmo pessoas concretas e minhas conhecidas. Não me perguntes porquê pois nunca pensei nisso e, pelo menos, agora, não saberei responder com propriedade, mas sempre senti que é uma forma de focar no acto narrativo, propriamente dito, mas igualmente de conseguir manter, enquanto vou escrevendo, os ritmos e os discursos com que pretenda contar a história em causa. Isso, para mim, é assim como que um truque – salvo seja a expressão – que uso para procurar escrever o mais próximo possível daquilo que tenha idealizado.
Já no que concerne aos poemas desta compilação, a resposta é negativa.
(continua)
(continuação)
Já se passaram três décadas desde então e a memória não será tão clara e precisa quanto gostaríamos que o fosse e nem mesmo tenho o auxílio de notas ou outros apêndices de que me pudesse socorrer para tentar ver e compreender o modo como eu próprio via aquilo que ia escrevendo por esses dias de antanho, mas deverei andar muito longe da verdade se disser que nesses momentos apenas me ocorria a vontade de escrever algo, nestes casos específicos, de registar um qualquer relance do que me era dado a ver e a apreender pelos sentidos. Dificilmente nessas ocasiões terei estado preocupado em escrever fosse para quem fosse e de modo algum estaria então sequer a considerar a possibilidade de vir a ser lido e muito menos publicado. Isso até porque estava ciente de duas coisas; a primeira é que haveria de continuar a escrever para o resto dos meus dias, era uma certeza na medida em que sentia que se não o viesse a fazer, se, de qualquer forma ou por qualquer motivo eu não pudesse dispor das contingências para o pôr em prática, por muito que o que vou dizer possa parecer piegas ou conversa de trambiqueiro, pura e simplesmente entraria em sofrimento. Escrever sempre foi a ferramenta que usei para melhor me entender a mim e ao mundo que me envolve e em que envolvi e existo e sempre me pareceu que a não o fazer, passaria pela tensão assustadora de me ver no mundo sem saber para onde ir ou como chegar até lá e daí o ter aprendido, desde muitíssimo novo, a usar a escrita para tentar pôr um pouco de ordem à confusão com que sempre o mundo chegou ao meu entendimento. Sabia portanto que a escrita seria algo que me acompanharia para o resto dos meus dias pois, da mesma forma que não posso deixar de respirar para permanecer fisicamente vivo, não poderia deixar de escrever para me manter mentalmente são. Egoísmo puro, justamente por isso a tal certeza. A segunda coisa de que estava ciente era que eu próprio queria escrever, tinha essa vontade, sentia esse apelo e mais importante que essa pulsão egoísta que me levava a saber que iria escrever, era nada mais que todo o gozo e direi mesmo felicidade que sentia, sinto, sempre senti, ao escrever, enquanto o faço, todo o bem estar pessoal em que vivo quando tal está a acontecer. O “Frescos”, todo o Luciano França, surgiu nesse contexto e por isso o encarei como um desafio a que respondi com o melhor do meu rigor, energias, capacidades e conhecimentos que então possuía e disso mesmo falei no texto de apresentação desta série pelo que não me repetirei aqui. Mas foi assim que eu vi esta minha produção e portanto, àquela época, aquilo que realmente me importava era escrever e nada mais que isso.
(continua)
(continuação)
Curiosamente pelo tempo em que escrevi muitos destes trabalhinhos, aconteceu muitas vezes que escrevi na presença de outras pessoas, amigas e durante algum tempo, tive até uma brincadeira com um amigo de sempre, o Rui Madeira que consistiu na criação de textos poéticos em conjunto; um escrevia algo e lia e outro continuava. No entanto, fora dessa situação específica, a escrita sempre foi para mim não só um acto muitíssimo solitário, como até sempre implicou um enorme isolamento, quer dizer, um afastamento voluntário do convívio com os outros.
Eu tenho formação científica e toda a base da minha racionalidade assenta nesses moldes mas os maiores mistérios da existência, bem ló no fundo o tal porque somos assim e não de outro modo, sempre permanecerá no âmbito da literatura e não é por acaso que há escritores que chegam a antecipar teorias da existência, mesmo filosóficas e até científicas e não estou a pensar na chamada ficção científica, na qual são paradigmáticas as antecipações de um Verne, ocorrem-me de momento um Proust, por exemplo, ou um Golding e tudo o que, respectivamente, eles trataram antes no âmbito da(s) Psicologia(s) e da Filosofia.
E parece-me que disse tudo o que pretendia, inibindo-me de me penitenciar pelo tamanho do comentário.
Estou retribuindo,
Luís
PS
Da cor do mar, o azul gosto; é a cor do céu, lembra-me a harmonia que a todos assiste poder buscar. Se for o verde também que é a cor da esperança, essa centelhazinha sem a qual a Vida, esta(s) nossa(s) vida(s) seria um deserto sem sentido.
2º. PS
2º. PS
Quanto àquilo que dizes da pertença do livro, tinha escrito o seguinte parágrafo que no copy past ficou de fora:
A escrita resulta de trabalho humano – muito – e como tal não temos como questionar os réditos que dela retirem aqueles que a materializam; ninguém poderá julgar um escritor por ganhar dinheiro com as suas obras e até que legue esses direitos aos seus descendentes mais directos. Seja como for, uma vez em circulação, é aos Leitores que os livros pertencem, pois são eles que lhes dão sentido e são eles que melhor os podem fazer crescer e são ainda eles que, afinal, justificam a permanência no tempo. Sem eles, na verdade, a literatura não teria qualquer sentido.
Peço desculpa pelo descontexto, se assim se pode falar.
Luís
Só uma notinha: será que o teu Ilustre Anónimo desapareceu porque ganhou nome??
Ah e mais outra: o mar estava azul, não verde!
Afinal, mais outra: eu não ajudei nada - gosto de ler e gosto de comentar, só isso! O prazer foi todo meu!
Amélia
(Eu estou a rir)
Não me digas que és tu o Ilustre Anónimo...
Melhor ainda - por muito que valorize a esperança - gosto mais do azul, dá-nos mais força para sermos capazes de manter a esperança.
Lovely.
Thank you
Luís
Eu não disse tal coisa, Luís... só me ocorreu... é uma possibilidade, não achas? Embora 'Ilustre Anónimo' seja um nome tão bom como qualquer outro...
You're most welcome!
Amélia
Ok!
And thank you, once again
Luís
Thank you too and a big hug to your wife too - we've been good friends a long time ago, all of us... :)
O quê?
Do que estamos a falar?
Qual a revelação que ainda não alcancei?
Mas nós conhecêmo-nos? Como assim?
Sinto-me verdadeiramente senil...
Por favor, esclarece-me.
Luís
Não foste só tu quem deixou revelações para o final dos Frescos... eheheh... amigos de há muitos anos, sim... e da Luísa também! Não me lembro quando vos vi pela última vez... talvez numa passagem de ano no Porto? Ou na vossa casa em Sesimbra? Na altura em que escrevias os Frescos, imagina! :)
Mau!
Amélia - deixa-me puxar pela memória.
Estás mesmo a falar da época em que ia escrevendo estes Frescos - eles são mesmo uma boa mão cheia aqueles que foram escritos em Sesimbra, por lá e também dessa casa dos meus pais.
Quer dizer então que nos visitaste quando para lá íamos acampar - na casa dos meus pais, como é bom de ver.
Caramba, isso traz memórias...
Loucos, doces, inebriantes e acima de tudo incríveis vinte anos.
Mas peço-te imesa desculpa; é que não poderei adiantar mais em público, não vou começar aqui a dar referências para te situar - teria que falar de terceiros, com muita mágoa, pelo menos um dos quais, já partiu para o Seu regaço.
Faz-me um favor.
Indica-me o teu mail através do mail do EG que é público que eu entro e tiro a tua morada e de imediato apago a mensagem - se o fizeres agora, apanho-o na hora - e só por essa via poderei continuar esta conversa.
Faz isso.
Luís
n estou a conseguir - escreve tu o teu e apaga de seguida - eu apanho-o!Que confusão de final de Frescos! E que animação...
N é o mail que está na página inicial?
Já posso apagar?
bem, o teu endereço mail não deve estar completo... porque não consigo enviar, vem devolvido... :)
ok!
Apago.
Confirma. Tenho o mail aberto.
Já enviei. Tudo OK. Podes apagar!
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