UMA
TERRA ASSIM, QUE FELICIDADE.
Pintura de Luís Delgado
Aqui há dias, a
Fernanda Gil solicitava-me, como a várias outras pessoas, para um comentário
acerca da Alhos Vedros-TV. Há pessoas a que, pela consideração que nos merecem,
não gostamos de dizer não. Assim sendo, e depois de visitar o site, predispus-me ao acto e registei o
seguinte:
Vi, agora e na
totalidade, duas reportagens.
A do Carnaval e a do
Dia da Marinha do Tejo.
As reportagens estão
óptimas e, mais uma vez, estamos na vanguarda.
Achei muito simbólica
a navegação dos barcos - com as velas feitas bandeiras drapejando ao vento e
música de fundo a ajudar - rumando ao futuro e a novas descobertas.
Futuro que - se dependesse da arte, engenho e voluntarismo da alma
navegante que aos portugueses coube em sorte ou souberam construir - nos
poderia sorrir como um abraço que se dá fraternalmente.
Pintura de Luís Delgado
Infelizmente não tem
calhado assim.
O que nos tem calhado
na rifa - por uma surpreendente vontade de uma maioria ainda assim minoritária
- são aqueles que dos barcos e da navegação apenas lhes interessa, quais ratos
de porão, a despensa de víveres, as comissões de “serviço” e o saque.
Seja no Estado ou nas
empresas o clientelismo impõe reciprocidades para que não surjam retaliações e
a grande farra possa continuar.
Mas não convém (não queremos,
nem podemos) desanimar e, portanto, não será aí que nos iremos deter.
Será muito melhor e animador
focarmo-nos e realçarmos o bendito sortilégio desta nossa velha terra e das
suas gentes - crianças, jovens e menos jovens, homens e mulheres - que
continuam a renovar-se e a maravilhar-nos em iniciativas culturais que nos
enriquecem e ajudam a construir.
Não haverá muitas
terras assim.
Não sei, digo eu.
Fotografia de Carlos Baptista
Desde o Corso de
Carnaval, à Feira Medieval (com mais uma edição aí à porta). Da Feira do Livro
(uma das mais antigas do país) aos Festivais de Folclore. Da Bienal de Pintura (em
homenagem a um dos grandes dinamizadores culturais do concelho de seu nome
Joaquim Afonso Madeira), às Feiras de Artes e Artesanato. Dos Festivais que expressam
e celebram a multiculturalidade e completam o arco-íris de um Movimento Associativo
rico e diversificado, aos Artistas Plásticos e Fotógrafos, Escritores e Poetas.
Dos “Encontros” que promovem a reflexão em torno das Artes (temos à porta os
“Encontros de Primavera 2013) a uma Oficina D’Artes e à Escola Aberta Agostinho
da Silva. De um Grupo Coral que, ao longo dos anos, conta com centenas de
actuações em todo o país e também já no estrangeiro, aos inúmeros grupos
musicais que ora surgem ora esmorecem, ora ressurgem em novas tentativas de encontrar
expressões musicais por jovens que procuram emergir desta realidade cinzenta. Já
tivemos Rádios Locais (a “Rádio Tejo” e a “Rádio Opção”), temos agora a Alhos
Vedros-TV.
A recusa ao
fechamento, a necessidade de abertura ao exterior, a vontade de comunicar com o
mundo.
Que mais estará para
nascer hã?
(Gostaríamos muito
fosse possível o ressurgimento de uma Banda Filarmónica já que os sonhos por
vezes se concretizam e é deles que nasce o futuro.)
E a gente, aqui a
viver.
A fazer e a
participar da história diariamente, mês após mês, ano após ano…
Inquieta e sedutora
vila antiga que desígnios te fadaram, que ventos te animaram e moldaram assim?
Curiosa pelo saber,
desenfastiada no realizar, espécie de Terra do Nunca onde os sonhos não
envelhecem e os olhos se escancaram para melhor ver e entender.
Será a terra que dita
os homens ou serão os homens que polenizam a terra?
São, pois, de
regozijo e orgulho estas palavras, escritas à luz do brilho que se nos acende
no olhar e nos requisita para parabenizar os artífices de mais este projecto
que já é uma realidade: a ALHOS VEDROS TV.
Texto; Manuel
João Croca
2 comentários:
Apesar de não fazer parte do culto, não posso deixar de dizer que, posta desta maneira, a coisa até faz sentido. Bom e envolvente texto. Parabéns.
Obrigado pelo seu comentário.
Não precisa fascinar-se mas creio ser bom que se saiba o que por aqui se vai (mesmo!) fazendo.
Realizações no presente, tudo a correr pelo futuro.
Manuel João Croca
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