domingo, 23 de junho de 2013









CALMARIA ou TALVEZ NÃO.


Fim de tarde, muito calor.
Rego as árvores, as plantas e as flores.
Chega a noite e é Lua cheia, enorme.
Passa agora por sobre o castelo de Palmela.
O pinhal aqui ao lado murmura numa linguagem de mar.
É uma ilusão.
Sei-o, porque o mar verdadeiro não se consegue ouvir aqui.
E no entanto deixo-a ficar, alimento-a até.
Porque me é agradável, pacífica, inofensiva.
Deixo mesmo que me embale na redacção deste pequeno texto que vou publicar daqui a pouco no Estudo Geral.
Mas nem todas as ilusões são assim inocentes.
Há as que nos são premeditadamente induzidas com intuitos pouco recomendáveis.
A nossa “democracia” por exemplo.
Aparentemente vivemos em democracia.
Verdade ou somente ilusão?
Um governo que depois de eleito governa exactamente ao contrário do que prometeu quando se apresentou às eleições;
Que viola sistemática e repetidamente direitos e garantias, conquistas do nosso processo civilizacional, consignados na Lei maior do país: a Constituição;
Que promove e pratica uma repartição de direitos e obrigações absolutamente desigual e viciada;
Que mente sucessiva e descaradamente e que assumidamente pretende empobrecer os cidadãos que diz representar;

(poderia continuar a enumerar factos e situações que aviltam o conceito de democracia e estender por muito mais tempo a escrita de linhas que tornariam muito extenso e cansativo o texto)

Esta é uma daquelas ilusões que não pretendo alimentar.
É preciso “democratizar a democracia”.
Dizer: ALTO LÁ!
Não sei de nenhuma fórmula mágica para mudar isto num repente (nem sei se haverá) mas, para já, dou um passo em frente apoiando inteiramente a GREVE GERAL do próximo dia 27.
O passo seguinte logo se verá.



                                             Fotos: Edgar Cantante;
                                             Texto: Manuel João Croca

3 comentários:

luis santos disse...


Pois é povo que lavas no rio, a quanto obrigas. Greve Geral, claro. E, de acordo, a seguir logo se verá... mas já se vislumbra uma outra longa clientela ávida de poder. Máquinas partidárias demasiado caras e difíceis de suportar. Há que tentar contrariar este alterne do bloco central. Hoje, há uma nítida tendência para as pessoas desprezarem a representação política partidária, tal como temos tido até aqui. Vimos isso no Brasil, na Turquia... Conseguir dar solução a esta vontade de representatividade política, a este anseio popular, jovem, não parece tarefa fácil. Mas podemos ir alinhavando alguns princípios: substituição deste espírito de capitalismo financeiro, onde impera a lógica económica bancária; democracia direta, descentralização política; maior distribuição do trabalho e da riqueza; liberdade e auto-responsabilização; maior definição de direitos e deveres, condenação efetiva da corrupção; pacificação; exercícios vários de meditação; proteção da natureza; exigir cuidados e obrigações na alimentação e na saúde; na publicidade; maior incremento e usofruto do tempo livre; vislumbre de eternidade; e Abraços, etc.

Tomás disse...

Pois é. Avizinha-se mais do mesmo. Será que vão ser precisos mais 40 anos até aprendermos? Quanto à greve geral diria, como se diz na terra onde nasci, Angola, "Estamos Juntos!".

MJC disse...

Pois é
a questão que está na ordem do dia é a da alternativa não a da alternância.
Já vimos que por aí não vamos lá.
São assim como as duas faces da mesma moeda.
As ideias que o Luís aponta são óptimas e com certeza figurarão no programa para a construção de uma alternativa.
A situação exige que se dêem passos nesse sentido.
Já que como dizia o Mário Dionísio ("Canta mais alto/avança e canta/junta-te à marcha e não te afastes...)à cada vez mais gente com vontade de se juntar em moldes diferentes.
Há depois o problema da consistência... mais um problema para reflectir.
Quanto à greve geral, devido à situação em que me encontro e ao contrário das anteriores, não a posso fazer.
Resta-me portanto apoiá-la. De momento é só o que tenho na bagagem.

Abraços.

Manuel João Croca