FANTASIA
Sei
que há flores que só se abrem de noite. Descobri que é verdade pelo perfume que
exalam, e que detectei inadvertidamente quando caminhava ao luar por ruas
calcetadas mergulhadas em silêncio. As narinas farejaram e a alma foi atrás. Desaguou
exangue numa praia que existe e é real.
Eu
ouvi, calei e sorri. Pensei: «Grande curte!!!»
Que
coreto querias tu?
Mas
que noite feita manhã.
Manuel João Croca
Foto: Edgar Cantante
4 comentários:
Grande curte!!! Li, calei e sorri. Muito bom, Manuel João. Este fica comigo onde as minhas noites se fazem manhãs - no lugar das palavras.
Boa tarde Teresa.
De facto, normalmente é assim com as fantasias.
Calam-se.
Depois talvez se revelem, mais tarde, um dia, numa crónica, num conto ou num poema ou então fiquem eternamente a voar soltas na mente.
Um abraço.
Manuel João Croca
Prosa poética, trechos curtos, de grande beleza literária. Um género a aprofundar.
Como diria mestre caetano "...cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é."
Abraço.
Amigo Luís, viva!
Outra vez mestre Caetano a marcar a subjectividade que não necessita de se explicitar.
Creio que, quando ele souber que nos acompanha tanto, ainda há-de querer aqui vir, à velha terrinha, para disfrutar.
Sendo absolutamente pacífica e apoiada a constatação enunciada no teu post pela voz do mestre e nosso amigo, talvez não seja essa a gradação que a balança se propõe pesar desta vez.
Talvez seja apenas a ratificação e aceitação das diferentes apreciações de um mesmo acontecimento.
"grande merda" versus "grande curte" ninguém se preocupará em decidir em qual votar.
Será mais como dizia o Gedeão:
"Vê moinhos?
São moinhos!
Vê gigantes?
São gigantes!"
E viva o livre arbítrio.
Abraço.
Manuel João
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