segunda-feira, 24 de junho de 2013

REAL... IRREAL... SURREAL... (34)

Floresta Maravilhosa, António Tapadinhas, 1996
   Acrílico sobre Tela, 50x70cm

Floresta Maravilhosa
Não sabia se estava a acordar para o sonho ou para a vida. Aquela escuridão das últimas longas horas (dias?) estava a transformar-se, lentamente, numa vereda de floresta com os tons laranja de um fogo distante que destruía o escuro e deixava adivinhar o caminho da luz. Penosamente, começou a mover-se na sua direcção. Na cabeça (ou na floresta?) ressoavam vozes que o chamavam para outro lado, com propósitos que não queria considerar. À medida que tomava consciência que a luz estava cada vez mais próxima, os seus passos ganhavam maior vigor e sentia, melhor, sabia que o fim das suas provações era uma realidade. Esta certeza deixava-o com um sorriso de felicidade que queria conservar para o resto da sua vida…

Esta obra foi executada numa manhã em que acordei depois de um sonho de que retive esta imagem. Os pormenores da floresta estavam de tal maneira gravados no meu espírito que o pincel e as tintas pareciam ter vida própria…
Este quadro é de 1996. No dia 10 de Junho de 2008, descobri onde existia esta floresta e percorri a vereda representada no meu quadro, para chegar a uma quinta, onde ia comprar um vinho especial. Já estiveram pela primeira vez num local em que ficam com a sensação de o já ter visitado? Já? A mim também me aconteceu, mas nunca como naquele dia!
Aquele local, situado nas faldas da Serra da Arrábida, tem uma beleza impressionante. A pequena queda de água, a ponte e a sua vegetação luxuriante continuam a esperar por mim…
Esta Quinta está cheia de referências ao Marquês de Pombal, à Ordem de Santiago, às navegações e ao culto do Espírito Santo. A sua Capela tem um cruzeiro que apareceu nas praias de Manguellas, hoje Ajuda, vindo não se sabe de onde, com tão ricos lavores que, diz a lenda, só pode ter sido executado por Anjos…
O Cruzeiro pode não ter sido feito por Anjos, mas o resto não sei, não…

António Tapadinhas

6 comentários:

Unknown disse...

Há alguns anos atrás, um amigo disse-me: “Vamos ali num instante que eu gostava de te mostrar uma coisa.” Andámos 10 km…

Por vezes, um sonho… outras vezes, alguém.
Ao fim e ao cabo, o que mais importa é a obra de um anjo...

Tomás disse...

Belíssimo! Como sempre tudo o que sai dos pincéis do António.

MJC disse...

Amigo António há despertares muito bons que ainda bem que acontecem.
A tela é atraente e misteriosa.
"Quente" também.
Mistério e atracção que se acentuam com a leitura do texto. Muito bom.
Mas não resisto a deixar a pergunta:
a quinta está aberta ao público? pode ser visitada? um dia destes mostra-no-la?

Abraço.

Manuel João Croca

A.Tapadinhas disse...

Croca: A quinta está aberta ao público e pode ser visitada. O proprietário tem muito orgulho em receber visitantes e falar das suas maravilhas... vinícolas também porque tem diversos vinhos premiados internacionalmente, que se podem comprar a preços muito decentes! Tenho diversas fotografias das árvores centenárias e da queda de água que faz um pequeno lago... Mas vou deixar falar o produtor:
A Quinta de Alcube começa na Capela do Alto das Necessidades, no interior da qual se ergue um valioso Padrão do século XV, classificado como Monumento Nacional, e desce pela encosta de S. Francisco em direcção ao vale, dividido longitudinalmente pela ribeira de Alcube, emoldurada por árvores centenárias que escondem um Solar antigo, um ovil, uma queijaria e a Capela de São Macário, terceiro Santo desta propriedade. Na margem esquerda repete-se a fertilidade do vale que termina numas elevações arredondadas a que se deu o nome de Carapuços e que, revestidas por mata mediterrânica, se prolongam em direcção à Serra de São Luís.

É intrigante, não achas?

Abraço,
António

MJC disse...

Amigo António,

mais do que intrigante parece-me muito interessante.
Como apesar das explicações ainda não visualizo bem como lá chegar, quando nos encontrarmos te pedirei mais explicações.

Abraço.

Manuel João Croca

A.Tapadinhas disse...

Croca: Vou enviar-te três fotos tiradas no local, para o teu e-mail, porque me parece que só tu estás interessado no Mistério da Quinta do Alcube...

Uma imagem vale... blá-blá-blá... então o que dizer de três imagens?!

Abraço,
António