Uma Revista que se pretende livre, tendo até a liberdade de o não ser. Livre na divisa, imprevisível na senha. Este "Estudo Geral", também virado à participação local, lembra a fundação do "Estudo Geral" em Portugal, lá longe no ido século XIII, por D. Dinis, "o plantador das naus a haver", como lhe chama Fernando Pessoa em "Mensagem". Coordenação de Edição: Luís Santos.
quarta-feira, 8 de maio de 2013
"O Projecto da Página em Branco"
Recomendaram-nos a publicação de uma página em branco para ver o que acontecia. Chamaram-lhe "O Projecto da Página em Branco". Ao que parece, uma ideia de escrita em grupo para participar "quem quiser, quando quiser". Basta ir nos comentários e, se for caso disso, escrever. Tudo sujeito às mais elementares regras da boa vizinhança. Boas Leituras.
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45 comentários:
Sempre ouvi dizer que a Página em Branco é uma das principais angústias do Escritor com E maiúsculo, a par da outra angústia, a da influência. Da influência de outros escritores, bem entendido!
É claro que tais angústias não se aplicam a meros escrevinhadores (com 'e' minúsculo), para quem uma página em branco é, somente, o que se quiser que seja. E que contém, simplesmente, tudo o que se quiser que contenha! Ou tudo o que a nossa imaginação permita que contenha!
É comum ouvir-se a expressão 'silêncio ensurdecedor' - não poderá uma página em branco ser um 'silêncio ensurdecedor da escrita'? Isto é, não poderá conter em si todos os textos jamais escritos ou, pelo menos, todos os que conhecemos? Bastará imaginá-los lá, para que tal aconteça, creio! Porque tudo cabe num espaço em branco que não é, necessariamente, um espaço vazio. Pelo contrário, é um espaço de liberdade, no qual caberá tudo o que se possa escrever: um poema, um conto, um episódio, uma história de vida, enfim, Tudo o que se quiser - ou Nada, se assim se quiser!
abcdefghijklmnopqrstuvxyz
123456789
A escrita é uma arma
Todos têm armas iguais
Agora é usá-las!
Curioso - depois de olhar para o alfabeto assim alinhado, percebi o pouco espaço que ocupa. Por isso só pode ser Magia que nos permita escrever um número infinito de palavras - infinito, porque podemos sempre inventar novas palavras, o que dá vida à língua, acho! Se assim não for morrerá...
Lembro-me de uma palavra inventada, que costumava usar na minha infância a propósito de tudo e de nada! Adorava-a (aprendi-a numa série juvenil) e ainda gosto dela porque pode ser qualquer coisa. E para a usar neste contexto, diria que 'Escrever é SUPERCALIFRAGILISTICOEXPIRALIDOSO!'
Já temos um mote. Talvez seja preferível ir de mote em mote. Será pegar ou largar. Vejamos:
"A angústia da página em branco", ou "silêncio ensurdecedor". "A escrita é uma arma".
Ora, para nós "o silêncio é uma arma".
Bela ideia. Uma página em branco aberta à imaginação e à criatividade. Porque até uma página em branco pode querer dizer muita coisa. E a primeira constatação é que não há paginas em branco. Basta ver os comentários que já suscitou.
Por ser uma página em branco, era completamente livre e sem propósito.
Desconhecia a sua brancura…
Chegou-lhe depois um colorido silêncio. Veio manso e disse-lhe muito baixinho que ela era uma página branca, sem princípio e sem fim. Sem ritmo.
A página branca corou.
Soube-a num tempo.
E por momentos compreendi que mesmo a cor pode matar.
(Silêncio)
Viver é saber que não se vive
completamente.
A nossa natureza não nos permite apreender
mais do que uma parte da realidade.
Só no mais absoluto silêncio de cada um
que é um em um
se vê alguma coisa de global.
A DOÇURA DAS PALAVRAS
Todas as palavras são DOCES, um pouco como as pessoas.
São os contextos que as podem tornar Amargas, também como as pessoas.
E podem ganhar vida própria, mais uma vez como as pessoas.
Muitas palavras têm vida para além dos contextos - são as palavras que amamos e usamos vezes sem conta.
Porque as amamos.
Como às pessoas.
Gosto da palavra PALAVRA!
Porque gosto de a usar com as pessoas,
de quem Gosto!
“[…] o que eu quero, e quero porque o penso possível, é uma terra povoada de indivíduos livres que livremente se agrupam, jamais procurando no grupo o auxílio de que precisam, mas a oportunidade de chegarem com seu contributo criador, e possam ser tudo para os outros sem que nada percam de si próprios.
Para que nos entendamos, é a isto que eu chamo o Quinto Império, depois dos outros que apontou Pessoa, o da Grécia, que deu a Ideia, o de Roma, que deu a Ordem, o da Cristandade, que deu o Amor, o da Europa, que deu o Poder”
A Escrita é uma arma
Que dispara bolhas de sabão
Das cores do arco-íris
Para todos aqueles
Que as quiserem apanhar!
(...)
Tanto quanto deu para perceber a história do Tapadinhas tem qualquer coisa de verdade.
Seja como for, creio absolutamente na existência de vida extra-terrestre (fora do planeta terra). E depois o que é vida? Um planeta, uma estrela, não estão vivos? Mas outras formas de vida e outras dimensões , algumas que coexistem connosco, outras não, é o que não faltará por aí. Aquilo que conseguimos apreender do que é o universo é mesmo muito poucochinho.
(in, correspondência pessoal)
O rio, aquele braço de rio, pára aqui. Um pouco porque esmorece na correria, outro tanto porque as muralhas que mãos humanas construíram lhe cortam o fôlego para prosseguir. O rio é o Tejo. Não é o rio da aldeia que o genial poeta imortalizou antes é, também, o rio da minha terra ainda que o seja igualmente de muitas outras. É um rio muito grande mas eu gosto particularmente deste seu braço que aqui vem descansar. Talvez porque como dizia outro poeta, o Paracelso, “quanto maior o conhecimento inerente numa coisa, tanto maior o Amor”. E eu aprendi a amar este rio na medida exacta em que lhe fui percebendo os pormenores. E ele tem muitos. Tantos que, tenho a certeza, ainda há muito por descobrir. E então é muito giro porque, ao mesmo tempo que já é um depositário de memórias continua a ser um apelo de descobertas com o travo de aventura que as descobertas sempre acalentam. E assim, vamos crescendo com o rio e as navegações que ele possibilita porque, navegar é preciso.
Manuel João Croca
Hoje não és uma Página em Branco! És uma tela cheia de cores, de sons e de palavras!
Hoje não te escrevo: observo-te, escuto-te e leio-te... no que outros escreveram e também nas cores e sons que me chegam de outras bandas e que fazem deste dia um dia especial, sem qualquer razão para que o seja - apenas É!
Acho que vou 'agarrar' o mote sugerido acima, de que a 'Escrita é uma arma' - ou talvez de que 'A Palavra é uma arma'!
Afinal 'no princípio era o verbo' (referência meramente literária), pelo que tudo o que existe é-o apenas pela Palavra, não é? Para o bem e para o mal... e quando não se quer que seja, silencia-se (basta olhar em volta e observar o que alguns governos fazem ao seu povo...)
As Palavras são armas que ferem e armas que curam - cabe-nos decidir (porque ainda o podemos fazer) como as queremos usar.
“A médio prazo, se não civilizarmos a economia teremos de mudar de civilização. Em diferentes espaços-tempo, segundo ritmos e graus de ambição distintos, com recurso a gramáticas semânticas que só se reconhecem mediante tradução, os objectivos são democratizar, descolonizar, desmercadorizar. Este projecto seria ambicioso e utópico se a alternativa não fosse a guerra incivil, a catástrofe ecológica, o fascismo social montado nas costas da democracia política”
Lennon 'disse'...
(...)
Imagine no possessions
I wonder if you can
No need for greed or hunger
A brotherhood of man
Imagine all the people
Sharing all the world
You may say,
I'm a dreamer
But I'm not the only one
I hope some day
You'll join us
And the world will live as one
“Um antropólogo fez uma brincadeira com crianças de uma tribo africana. Ele colocou um cesto cheio de frutas junto a uma árvore e disse para as crianças que o primeiro que chegasse junto a árvore ganharia todas as frutas. Dado o sinal, todas as crianças saíram ao mesmo tempo e de mãos dadas! Então sentaram-se juntas para aproveitar da recompensa. Quando o antropólogo perguntou porquê elas haviam agido dessa forma, sabendo que um entre eles poderia ter todos os frutos para si, eles responderam: Ubuntu, como um de nós pode ser feliz se todos os outros estiverem tristes?
UBUNTU na cultura Xhosa significa: “Eu sou porque nós somos”
Noite em cheio, a de ontem. Perdemos no futebol, mas ganhámos no jazz. Quer dizer, tivémos um pouco de tudo: perdemos e ganhámos.
A este propósito, aqui fica um versículo que dediquei a um amigo:
(Lição)
Sabe bem o elogio
desagradável é a descompostura.
Bem e mal nos ajudam a crescer
há que aprender, errar e perder.
Ganhar a vida.
E abraços.
UBUNTU 'Eu sou porque nós somos', li num textinho neste espaço! Acho que todos devíamos incluir a palavra UBUNTU na nossa lista de palavras preferidas! Como me disse hoje um amigo quando lhe disse que não conseguiria viver sem amigos: 'Conseguir conseguias, mas não seria a mesma coisa!'! E, de facto, não...
Esta é uma confissão de amor: amo a língua portuguesa. (...)
Se eu fosse muda, e também não pudesse escrever, e me perguntassem a que língua eu queria pertencer, eu diria: inglês, que é preciso e belo. Mas como não nasci muda e pude escrever, tornou-se absolutamente claro para mim que eu queria mesmo era escrever em português. Eu até queria não ter aprendido outras línguas: só para que a minha abordagem do português fosse virgem e límpida.
Descobri recentemente que as palavras têm Cores!
E comecei a ler palavras às Cores!
E cada Cor que chega traz um pedacinho de mundo com ela - os azuis, os verdes, os vermelhos...
Descobri como são fortes as palavras às Cores - porque para além dos seus múltiplos sentidos e dos bocadinhos de mundo que trazem com elas, trazem ainda mais esse outro sentido: o sentido da Cor das Palavras!
Cascais 28
tu és a luz da minha vida, Cascais
a marcha lenta do Swing e do Jazz
das tuas ancas de espuma junto à Baia
aceita outra palavra de Deus
um anjo negro no paredão
o nosso passeio marítimo de mão dada
logo de madrugada até ao Estoril
se fazemos amor na areia
conhecemos a água e se chove
como hoje conhecemos o oceano
traz a vela na prancha dos sentimentos
o poeta morreu na praia, chora mesmo
sinto as pernas a partir ao som dos motores
traz a vela e a prancha dos sentimentos
a luz clareia as casas, vejo daqui
todos acordam ás 5 horas em ponto
solitários, vão avançar para a marginal
não os vejo, apitam outros sonos
'MOONSHOT SONNET' de Mary Ellen Solt (1964)
Reencontrei-me ontem com o 'soneto' de Solt que não consigo aqui reproduzir por se tratar de um texto/imagem (?).
Será que se trata de Literatura, uma vez que é constituído por símbolos em vez de palavras? As regras do soneto estão presentes - os símbolos estão 'arranjados' na forma de duas quadras e dois tercetos. Também não são símbolos aleatórios: trata-se de símbolos que faziam parte de uma grelha que acompanhava um conjunto de fotografias enviadas do espaço por um grupo de astronautas. Provavelmente Salt achou que nada mais se poderia escrever sobre a Lua após o Homem a ter pisado - não concordo! Contudo a questão que se me coloca e que aqui partilho é se o 'soneto' de Salt o é, de facto, da mesma forma que o 'Jabberwocky' de Lewis Carroll, escrito a partir de palavras inventadas pelo autor é, ou não, poesia.
O que determina o que é ou não é: quem escreve? O contexto? O leitor? Poderá um texto constituído por 'não-palavras' ser, mesmo assim, considerado um texto? Existirá, então, o poder da não-palavra, mas que não é silêncio, nem se encaixa em qualquer outra arte?
Não sei... só sei que para mim o Soneto de Salt É!
Uma das várias navegações que gosto de praticar, é percorrer os trilhos á beira-rio exercício que, no entanto, se torna cada vez mais difícil concretizar. O movimento das marés foi corroendo a consistência das muralhas que mãos humanas construíram, a falta de manutenção permitiu o desfecho, a sua derrocada total. Sem a barreira de pedra que lhe cortava o fôlego e o fazia estancar, continua o rio, por mais uns metros, o seu deambular insaciado até se imobilizar no abraço à terra, sua eterna e insubmissa namorada. E ela acolhe-o enfeitada por salgadeiras, cardos (que picam mas também dão flor) e outras plantas que ali fizeram a sua casa e colonizam as zonas húmidas. Namoram ao som do regurgitar dos bivalves quando as marés baixam e dos gritos e chamamentos das aves do mar que folclorizam o ambiente. A elegância sumptuosa dos flamingos desliza sobre o cinzento lodoso e o seu colorido conta-nos que há outros mundos neste mundo que sentimos mais nosso apenas por nos ser mais próximo. Os trilhos arrastados pelo correr da maré tornam mais difícil a incursão, mas a recompensa continua a ser imensa e gratificante. O brilho do sol, o vento no cabelo, o cheiro da maresia, os barcos típicos sobre as águas que, com arte, bolinam os esteiros, domesticados pelo saber dos últimos intérpretes da faina, ou por navegantes ocasionais que no ócio exercitam e cumprem, o fado ou desígnio da alma lusa marinheira.
Manuel João Croca
Foram noites e noites
De frio e medo
De palavras ditas
Ao ouvido em segredo!
Como num bosque de feras
Espreitando cada passo, cada som.
A madrugada esperada
Vinha longe, muito longe
Sem luz nem tom!
Sempre esperando, avançando
O Sol viria e toda a malta o sabia!
Mais um passo companheiro!
De mãos dadas vamos indo
É Abril, e o Sol que vier, é lindo!
E ouvimos o poeta a gritar
As portas que Abril abriu
Nunca mais se vão fechar!
E todos os poetas cantaram
Abriram-se as janelas e o
Povo começou a cantar!
E chorámos e cantámos
Até a noite chegar
E foi essa e nunca mais
Sem medos, sem grades, sem algemas
Um país novo nasceu e
Um jardim de cravos rubros
Como o sangue de um povo livre
Que alegremente correu!
E o Maio que na forja estava
Explodiu com toda a força
Da ganga, do suor, da ceifa e do mar
E em multidão veio para a rua e
Da rua fez sua casa
Mostrando com o punho erguido
Que já nada o faria parar!
E foram dias e dias
De lutas, alegrias, esperanças
E por fim a liberdade!
E havia pão na mesa!
Os filhos a perguntar
Pai, já não vais para a guerra
Lá longe para o ultramar?
E os homens ficaram em terra
E não mais foram matar
Os barcos acostaram no cais
E as armas deitadas ao mar!
Por isso valeu a pena
Abril cumpriu a promessa
A nossa terra sem luto
Sem lágrimas para chorar.
Somos livres
Conquistámos a liberdade
E todos cremos
Veio para sempre ficar!
E como disse o poeta
As portas que Abril abriu
Nunca mais se irão fechar
Porque nós não vamos deixar.
Helena Moleiro
26/04/2003
Fernão Ferro
Tenho umas flores no meu jardim, das quais não sei o nome, que se abrem logo que o sol desaparece. Ao observá-las, cheguei à conclusão que elas abrem as pétalas para recolher a humidade da noite, e a guardam ciosamente, em pequenas gotas de vida, protegidas dos raios solares, durante o dia. Fazem o contrário do girassol que volta o pescoço, olhando sempre o sol de frente!
Concluo: Cada um tem a sua fórmula para chegar ao Criador...
Andava a vaguear um pouco por alguns textos e acabei na 'etiqueta' Cartas. E fiquei com uma saudade do tempo em que se escreviam cartas em vez de SMS cujos códigos são quase indecifráveis ou emails que se escrevem a partir de qualquer lado...
Escrever uma carta era quase uma espécie de ritual: comprava-se envelope e folha de linhas, preparava-se a caneta e uma cadeira confortável e pensava-se cuidadosamente no que se queria escrever. Porque não havia 'Delete', só aquelas borrachas que deixavam tudo esborratado - e as cartas queriam-se com uma boa caligrafia, claras e limpas de borrões! Depois eram os selos, o enviar e o aguardar a resposta, durante dias, semanas, meses, dependendo de para onde e para quem se escrevia... e aquele nervoso miúdinho quando se avistava o carteiro e se esperava uma carta importante...
Hoje os carteiros só nos trazem contas para pagar - as boas (e as más) notícias já não chegam por carta... que pena!
Cheira bem
Já tem sol
Cheira a luar
Cheira a Lisboa
CORES
O meu cinza desfez-se
no azul do mar,
no branco da espuma do rebentar
das ondas,
à velocidade dos meus passos!
E passei a ser só eu
e aquele sem fim de azul,
e o não-sei-que-cor da areia
e o verdejar nas dunas…
Cascais 23
no teu corpo circula a luz
a voz interior da cidade
como um Deus ilumina
no alto do moinho da cidade
a lâmpada é música das tuas
ancas no secreto casulo da nossa
ausência - salta para o outro lado
do oceano infinito circula como o
som rápida e clara
segura a vida num fio eléctrico
como a minha roupa na casa destruída
o mar será os teus seios, ondas de
lágrimas rente aos cabelos
há quanto tempo te espero numa palavra
de luz terna na vila das esculturas
do passeio marítimo para te beijar
A noite guarda-te a palavra verdade
"Tudo se destrói, tudo perece, tudo passa; só o mundo é que fica. Só o tempo é que dura."
"La Mystique Sauvage"
"selvagem, ou como uma flor que, sem mais, irrompe no meio do monte; experiência mística não religiosa."
Caracterização da Experiência:
- súbita alteração da perceção sensorial
- o sujeito não se funde no todo, embora haja plena harmonia entre o uno e o múltiplo
- a enorme intensidade de cada coisa
- há um brilho, uma aura
- há uma energia "quântica"
- homem e matéria se equivalem (homens, animais, pedras, lixo...), onde tudo está integrado, mas sem que se perca a particularidade de cada coisa
- intemporalidade
- um despertar
- beleza, plenitude
- exaltação da vida
- lixo que é luxo
A beleza das pequenas coisas...
o sol reflectido nas paredes brancas,
a intensidade da luz,
a jovem à minha frente que alisa os longos cabelos negros,
o céu azul celeste,
o voo sereno das gaivotas,
o toque da campainha a anunciar mais um final...
"Professor"
O material escolar mais barato que existe na praça é o professor.
É jovem, não tem experiência.
É velho, está superado
Não tem automóvel, é um pobre coitado.
Tem automóvel, chora de "barriga cheia".
Fala em voz alta, vive gritando.
Fala em tom normal, ninguém escuta.
Não falta à escola, é um "Adesivo".
Precisa faltar, é um "turista".
Conversa com os outros professores, está "malhando" nos alunos.
Não conversa, é um desligado.
Dá muita matéria, não tem dó.
Dá pouca matéria, não prepara os alunos.
Brinca com a turma, é metido a engraçado.
Não brinca com a turma, é um chato.
Chama a atenção, é um grosso.
Não chama a atenção, não se sabe impor.
A prova é longa, não dá tempo.
A prova é curta, tira as hipóteses do aluno.
Escreve pouco, não explica.
Explica muito, o caderno não tem nada.
Fala correctamente, ninguém entende.
Fala a "língua" do aluno, não tem vocabulário.
Exige, é rude.
Elogia, é parvo.
O aluno é retido, é perseguição.
O aluno é aprovado, deitou "água-benta".
É! O professor está sempre errado, mas se conseguiu ler até aqui, agradeça-lhe a ele.
Sons...
o rebentar das ondas,
o canto dos pássaros,
o ruído dos motores,
o CD a tocar,
o riso de alguém que passa,
o telefone que toca,
o pronunciar as palavras,
o silêncio... que me engole!
"Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.
Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.
Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não."
Porque hoje é o Dia da Criança, lembrei-me...
... do D. cuja família emigrou, deixando-o para trás porque o dinheiro não chegou para mais um bilhete de avião;
... da B, que só vi uma vez e me confidenciou que estava grávida e não sabia de quem;
... do D. que ficou a cargo dos vizinhos, quando a mãe, prostituta de profissão, mudou de país;
... da T, que ensinei a usar a faca e o garfo no refeitório da escola;
... da J, que organizou uma 'festa do pijama' interrompida a meio da noite quando a mãe chegou 'pedrada' a casa e pôs toda a gente na rua;
... do JC, que não consegue acordar para ir à escola, porque ficou a viver sozinho quando pai e mãe partiram para a Suíça;
... da M, que fazia 'performances' de rua para pagar as dívidas de álcool do pai, na taberna;
... e de todos os outros com quem me tenho cruzado ao longo dos últimos 20 anos e que, sendo crianças, nunca o foram!
Um Bom Dia para todos eles!
...integrar no próprio caminho, nas suas ações cármicas (como são todas elas) a intenção e o gosto de ajudar crianças a manterem acriança que nasceu em si, só pode dar frutos muito docinhos. Uma boa forma de fazer a alma dançar, e bem.
"
Cascais 37
É a natureza
Concha a concha se enrola construo o corpo de joelhos
Venho do iodo e do sal da manhã em Cascais
E tenho outras palavras para enrolar nas conchas
Lúcidas da Galiza .Vamos nos encontrar em Seia
No Outono. Seremos os recitadores lusófonos
Mar e mar enrolado no ventre e nas pernas
Tremo para salvar a natureza do corpo, a natureza
José Gil
"
'Não importa o tamanho da montanha, ela não pode tapar o Sol.'
Provérbio chinês
Sugestão de um Amigo para atenuar o cansaço do dia: 'Escreve um poema.', ao que eu respondi 'Só se for um poema ao contrário!' - aqui está o que saiu:
porque sei do sol
oãn ies de... mim
aserp son, siépap
son sohnos
on, oçasnac
sam ãhnama
o los
árahlirb
siam
!etrof
Todos nós trazemos uma dose de loucura que temos de utilizar no decorrer das nossas vidas. Desconfiai daqueles que não a utilizam enquanto jovens!
Interessante é a vida
que passa cada instante
sem saber do seguinte.
António
O Amor é...
Não conseguir fechar a porta,
Gritar que se ama com gritos silenciosos e telepáticos
e...
comer sobremesas a meias!
(Coração)
Vai a paixão
fica a amizade
o Amor é de sempre
e para sempre.
'I would rather be ashes than dust! I would rather be a superb meteor, every atom of me in magnificent glow, than a sleepy and permanent planet.'
Jack London
Deparei-me ontem com esta citação de Roland Barthes, a propósito da Língua e da interação com o 'outro' e o meu único pensamento foi 'WOW!!!!, que coisa genial!':
'Language is a skin: I rub my language against the other.
It is as if I had words instead of fingers, or fingers at the tip of my words.
My language trembles with desire.'
Até quando se teoriza é possível ser poético - o que só está ao alcance de tão poucos...
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