segunda-feira, 27 de maio de 2013

REAL... IRREAL... SURREAL... (30)


                               Cafetaria Automática, Edward Hopper, 1927

                                             Óleo sobre Tela, 72,4x91,4cm
Amar
Amar de verdade, muitas vezes significa deixar o ser amado ir...voar... se assim ele é feliz...
Não aprisionar, talvez seja o maior dos desafios de amar...
Livre como um cavalo selvagem.
Leve como uma borboleta.
Ligeiro como um beija-flor.
Assim é o amor... Não tente aprisioná-lo, classificá-lo. Nada de catalogá-lo. Não lhe pregue etiquetas, rótulos, códigos de barra, nem data de vencimentos. Não tente armazenar....é a morte do amor...
Ele é volátil, e quando menos voce esperar,
perceberá que nada mais resta em seus "containers"...
O amor é como espirais de fumaça, gotículas de água, a melodia de uma música, a
beleza de uma orquídea...a fragilidade de uma libélula...
Admirar seu voo livre, seu colorido, seu alarido...
Ouvir seu canto, embriagar-se com seus encantos, chorar com seu pranto...
Mas jamais tentar prendê-lo,carimbá-lo, acorrentá-lo;
Engarrafar, represar, estancar, segurar... Jamais!
Amor é liberdade, é infinito, é intocável e admirável...
Amor é sonho, amor é ilusão, amor é emoção...
Amor é para sentir...aspirar, ouvir, sonhar, admirar...
Sorver, em doses mínimas, em pequeninas taças de fino cristal...
A efemeridade do amor é que o torna tão grandioso...
Deixo-o livre, e verá um desabrochar explendoroso... Um brilho esfuziante...
Deixe-o livre...E terá um espetáculo para apreciar, aplaudir, gritar "bravo"!
Aprisione o amor, e terás um funeral...
Portanto, dê-lhe belas asas...
Ensine-o a voar.. ajude-o...
Há que se bastar com isso...!

Alice Freitas


O MEU DESACORDO

Não posso estar mais em desacordo contigo, menina!

Amar de verdade, nunca significa deixar o ser amado voar sozinho...

Se quer ser um cavalo selvagem, carrega você no lombo...

Quer ser beija-flor, então você é a flor...

Não o prende, mas põe um freio para o poder conduzir...

Se é volátil, gotículas de água, então tem de condensá-lo, como fazem as plantas com o orvalho da manhã...

Se ele quiser voar, não lhe corte as asas: voe com ele...

António Tapadinhas

10 comentários:

Amélia Oliveira disse...

Acabei de escrever um comentário e de o perder, mas dizia mais ou menos assim (esta é a 'short version'):

Bom dia Alice e António!

Excelentes os textos! Não sei como é possível, mas concordo com os dois, por isso vou abster-me de os comentar. Parabéns pela qualidade e adoro o Hopper (funciona muito bem nas aulas, já trabalhei com alguns quadros dele, sobretudo para prática da descrição física e psicológica das suas 'personagens'). Mas se o António não tiver nada melhor para fazer com o seu tempo, a aula de Artes Plásticas cai sempre bem e é sempre um excelente complemento a esta 'rubrica'. Tenho a certeza de que não sou a única leitora a pensar assim... :)

Muitos Abraços!

Amélia

Unknown disse...

O amor é cuidadoso, mas confiante. É forte, mas sereno. Surpreende, mas espera-se. O amor prende-nos mas é livre… porque intencional. O amor une na diferença… porque nos faz aceitar. O amor é permanecer, apesar da imperfeição. O amor é uma coisa rara e difícil.
Só se ama quando se vive eternamente…

MJC disse...

O texto é muito bonito e apetece ler.

Quanto ao amar, cada um fá-lo conforme pode, sabe e sente.
Não haverá, concerteza, dicionário algum que ensine o passo a seguir.
Cada um tem que ir pelos seus dedos que é como quem diz coração e razão. Experimentando.

O quadro do Hoper é muito belo.

Abraços.

Manuel João

A.Tapadinhas disse...

Amélia Oliveira: "Tenho a certeza de que não sou a única leitora a pensar assim... :)"

Não sei se tem razão... Tem sido o único leitor a manifestar interesse pela minha opinião sobre o pintor/pintura que ilustra o Texto.

Entre quantidade e qualidade, privilegio esta última e é por isso que sempre lhe tenho dado a minha opinião.

Para mim, Hopper é o pintor da solidão. Não da solidão piegas (como disse The Rabbit:), mas da solidão luminosa, do feérico das cores, de pessoas mergulhadas na sua própria melancolia.
O mar de Hopper, a sua paisagem é feita de tons quentes, deixando adivinhar o optimismo do artista. Mas para nós fica uma sensação de tristeza, de inquietação, que por não ter nenhuma razão aparente, nos causa ainda maior desassossego...

Beijo,
António

MJC disse...

Posta assim a questão tenho de dizer:

Também quero!!!!

É evidente que o 2 em 1 é muito mais enriquecedor.

Revejo-me completamente na tua leitura do Hopper.

Abraço.

Manuel João

Ava disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Ava disse...

Ava disse...
Antonio, qual não foi minha surpresa ao deparar com esse texto/poesia escrito há um tempo atrás, tempo esse que sinto saudade...
Saudade, porque não tem nada mais gostoso que uma alma inebriada de amor!
O amor faz muita falta!
Podemos ter opiniões diferente sobre o amor, mas isso deriva de como o vivenciamos...
Talvez eu não tenha sabido "aprisionar" o meu amor...

Quanto a magnífica tela de Hopper, é a ilustração perfeita para esse estado de espírito, em que amar vai muito mais além apenas uma presença física.
Sinto é como se ele tivesse colocado nessa tela toda a solidão e melancolia de amar...

BB encantados!

Alice

Amélia Oliveira disse...

António,

E mais uma vez lhe agradeço - ficamos sempre todos a ganhar com as suas maravilhosas 'aulas'. É exactamente pelo o escreveu sobre o Hopper que tem feito dele um excelente instrumento de trabalho (e de prazer também, claro!).

Um beijo enorme!
Amélia

A.Tapadinhas disse...

Amélia/MJC: Pronto! Já são dois...

Sempre que a Sra. Inspiração me visitar, deixarei um pequeno apontamento sobre a obra e/ou o seu autor.

Abreijos,
António

A.Tapadinhas disse...

Ava: Sabes? Foi com certo receio que utilizei o teu poema para cumprir a minha postagem da Segunda-feira, REAL...

Infundados os meus receios... e ainda bem!

Recebi BB que me faziam tanta falta!
António