sábado, 25 de maio de 2013

Os caminhos do espírito



A Mística Selvagem

A mística pode ser anti-espiritualista.
Uma mística dos sentidos valorizará mais as realidades mundanas do que a procura de uma experiência religiosa. Neste sentido, a experiência puramente estética (beleza, música, pintura…) será preferível ao sentimento religioso.
Uma mística profana, uma santidade sem Deus.
Pode-se procurar exclusivamente a própria vida, sem imanência nem transcendência.
Tudo se pode reduzir a uma gargalhada cósmica. Na experiência mística o essencial é indizível, inefável. Não é possível lá chegar por palavras. “A rosa é sem porquê…”
A habitual escala crescente da consciência humana – sentir, emoção, desejo, memória, razão, intuição, espírito – carece de sentido.
O Amor Místico precisa doutro tipo de expressão que exceda a linguagem – a embriaguez dos sentidos, a poesia… o vinho invisível, a embriaguez mística como um estado diferenciado de consciência. Um descentramento do indivíduo que, todavia, se faz em direção ao centro de si mesmo.
Na experiência do Amor há uma suspensão do juízo, não há separação, não há dualidade. Raciocinar, pensar, implica sempre estabelecer um limite.
"Cala-te!" Pode-se compreender, mas não se pode expressar.
Ou, como diria Santo Agostinho: “Ama e faz o que quiseres.”

Carlos Rodrigues

FIM

6 comentários:

MJC disse...

Como é hábito a crónica de Carlos Rodrigues é interessante.
O facto de dizer "Fim" quer dizer que vai acabar?

Vou já dizer ao secretariado para preparar a renovação do contrato.

Abraço.

Manuel João

carlos rodrigues disse...


Sim,
um conjunto de apontamentos que chegou ao fim.

Abraço.

MJC disse...

Pronto.
Resta então esperar por um novo conjunto.
Eu, por mim, vou ficar a aguardar.

Abraço.

Manuel João

luis santos disse...


Embora como diria o Chico Buarque:
"não espere sentado
ou você se cansa
está provado
quem espera nunca alcança"

eu, por mim, neste caso vou mais pelo provérbio: "quem espera sempre alcança"

E, então, quem sabe esperar em paz alcança mais ainda.

Abraço.

MJC disse...

Esperar em paz, claro.

Fartos de guerras que nada nos dão a não ser, talvez, a ilusão de que vamos ganhar.
O quê?

Abraço

Manuel João

luis santos disse...


(...)
Mais ou menos como dizia Einstein, "quando leio o Bhagavad Gita e penso nas leis do universo, tudo o resto se torna vulgar."