Estudo feito a partir do retrato do Papa Innocent X,
de Diego Velásquez, pelo artista irlandês,
Francis Bacon, 1953, Óleo sobre Tela, 93,2x76,5cm
de Diego Velásquez, pelo artista irlandês,
Francis Bacon, 1953, Óleo sobre Tela, 93,2x76,5cm
TERRITÓRIOS
DE SOLIDÃO
Solidão
é o mundo a fechar-se no centro de um
mim
emparedando a alma no medo de ser
assaltado.
É marcar por traços a passagem dos dias
sem curiosidade de olhar por cima do
muro.
É uma luz que se apaga ao começo da
noite,
distância que não confronta nem sequer
contesta.
É escutar o som do cabelo a crescer até
cobrir o corpo todo
e ter um copo em cada mão para se
brindar ao que seja.
Solidão
é um olhar que já não procura
num tempo sem emoção
e quando já sem chama e apagada
a lenha se torna carvão.
Solidão…
(podemos começar outra vez)
solidão é
sob um céu rutilante de estrelas
sentir um adeus de velas no mar.
Manuel João Croca
4 comentários:
Bom Dia, António e Manuel João!
MJC:
Invariavelmente, o tema Solidão remete-me de imediato para um conto que li há anos (acho até que já o mencionei aqui) intitulado 'Shopping for One' (lamento mas não conheço a sua tradução). Nunca mais precisei de o voltar a ler porque me lembro dele como se o tivesse acabado de ler. Não é um texto poético, ao contrário do teu 'Territórios de Solidão', mas são ambos textos muito fortes - desculpa-me a comparação, mas afinal a Sra. que o escreveu (ao conto) foi Prémio Nobel da Literatura,(acho) pelo que não deves ficar ofendido...
Só me resta mencionar que é um texto muito bom - 'Well done!'
António,
Então e o resto? Onde está a aula de Artes Plásticas de hoje? :)
Um abraço aos dois!
Amélia
Bem, o mínimo que se pode dizer é que é uma solidão onde cabe muita coisa, muita gente; e, ainda por cima, muito bem enfeitada. Não fora a outra...
Uau!!! que surpresa.
Um poema meu ao lado de um quadro do Francis Bacon, é obra!
Creio que toda a gente, ou pelo menos uma grande parte, vivem momentos assim. Uns verbalizam-no, outros não.
O mais importante é sempre termos uma memória que nos confere identidade e ratifica um percurso a partir do qual é possível traçar caminhos que apontam ao futuro.
Os comentários de Amigos tocam-me sempre.
Remeter para um Nobel de Literatura, ainda que apenas a propósito do tema, só pode lisongear.
Obrigado e abraços.
Manuel João Croca
Por companhia, tenho-me a mim.
Poderia eu ter algo mais ou saber para além do que tudo o que de mim houver?
Penso que não estar só é apenas ter alguém ao meu lado vendo um pouco mais de perto a minha solidão.
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