OUVIR
Ouço no canto o grito do silêncio
nas madrugadas que se ofertam
em oportunidades perdidas
aos dias que se anunciam:
o estupor do corpo
ante a luz
amanhecida
aterroriza o gesto
depois da hora
ouço o desencanto da voz
em conversas e desdouros
o grito sutil da descoberta
do corpo sobre a relva
amanheceres repõem
dúvidas desconsideradas.
(Pedro Du Bois, inédito)
3 comentários:
Gratíssimo, por mais esse destaque. Abraços e bom domingo.
Pedro.
Há pequenas coincidências que nos preenchem a alma e que, mesmo sendo pequenas, proporcionam grandes momentos! Antes da leitura do seu poema tinha estado a reler alguns poemas de 'Leaves of Grass' de Walt Whitman - há já algum tempo que não o relia, nem sei bem porquê! Mas voltei a reencontrá-lo no seu poema, na 'descoberta do corpo sobre a relva'. Perdoe-me este reencontro se não gostar do Whitman - mas deixe-me agradecer-lhe por me ter feito pensar que há acasos felizes!
Lemos e ou-vimos... o silêncio, a descoberta do corpo sobre a relva.
Obrigado pela partilha. Abraços.
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