HENRIQUE ABRANCHES (1932 – 2006)
Nasceu em Lisboa. Foi
para Angola em 1947 vindo a adquirir a nacionalidade angolana. Integrou a
resistência sendo preso pela PIDE, por ocasião do levantamento de 4 de
Fevereiro de 1961, e colocado em Lisboa com residência fixa. Em 1962 conseguiu
fugir e juntamente com Pepetela, em Argel, fundou o CEA (Centro de Estudos
Angolanos) de cuja actividade se destaca um manual da História de Angola. Entre
1976 e 1979 foi Director Nacional dos Museus e Monumentos de Angola. Fundou e
dirigiu o Laboratório Nacional de Antropologia onde organizou a Missão
Etno-Histórica do Soyo e a Estação Arqueológica de Kitala, ao sul de Luanda. Faleceu
na África do Sul.
Para além de topógrafo,
etnólogo, antropólogo, artista plástico e historiador foi também escritor e autor
de BD. Entre as suas criações ficou famoso o personagem Man’kiko, que analisava
o quotidiano luandense com muita sagacidade e humor.
Dos seus escritos
destaco e aconselho a leitura da obra “MISERICÓRDIA PARA O REINO DO KONGO!”,
publicado em 1996 pela Editora Dom Quixote, onde se relata a “formidável
aventura que se viveu no século XVIII em pleno Reino do Kongo, com o cisma
antonino.”
Os acontecimentos
narrados acontecem numa “época de amarga decadência, ou
talvez de um doloroso despertar do desastre que acontecera na batalha de
Ambwila, no final do século anterior. Dizem que durante essa batalha que os
congueses travaram contra o Governo da Colónia de Angola morreram mais de cem
mil pessoas! Entre elas o rei D. Álvaro do Kongo, cuja cabeça acabou
sinistramente integrada na argamassa das paredes da capela da Senhora da
Nazaré, em Luanda.”
Foi assim que morreu “a
unidade do reino do Kongo, que se esfarelou como uma taça de frágil cristal
quebrada em estilhaços.”
Tudo começou com o movimento
dos adoradores de S. António, liderados por Kimpa Vita, também conhecida como
D. Beatriz do Kongo, que viria a ser queimada na fogueira, num Santo Ofício
improvisado, por indicação dos frades capuchinhos italianos que viram nela um
entrave aos ensinamentos da fé cristã.
Este cisma religioso
dura até aos dias de hoje. “Ele existe ainda no espírito dos
basolongo, sob a forma de culto de uma certa S. Maria que, ao que parece, teria
chegado ao Kongo com Diogo Cão…”
Henrique Abranches, um
autor importante para os estudiosos da História de Angola.
Tomás Lima Coelho
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