quarta-feira, 21 de novembro de 2012

D´ARTE - CONVERSAS NA GALERIA (2.ª SÉRIE)



Praia da Luz Autor António Tapadinhas
Óleo sobre Tela 70x90cm

Depois do tornado... a bonança de um quadro:

Durante muitos anos, as férias da família Tapadinhas e da família Simplício foram passadas na Praia da Luz, aquela que ficou tristemente célebre com o desaparecimento da pequena Maddie McCan... A Praia da Luz de agora, não tem muito a ver com a que fez as nossas delícias e dos nossos filhos – estávamos no início dos anos oitenta. Qualquer semelhança com a realidade actual, é pura coincidência.
Já revisitei os locais que permanecem na minha memória... Infelizmente, não há qualquer correspondência com a situação actual: desapareceram os campos de cultivo e as pastagens onde passávamos algumas manhãs a apanhar caracóis, os aldeamentos turísticos afogaram as poucas casas tradicionais que restam, os pescadores são agora empregados da indústria hoteleira, os pastores e os agricultores são trabalhadores da construção civil e os seus filhos vendem apartamentos em time-sharing...
Sobre a fundação da povoação da Luz existem documentos que indicam o ano de 1673. A casa onde passávamos as férias, não era dessa altura mas tinha todos os sinais de antiguidade que tornavam cada ano de férias um acontecimento marcante na vida de todos nós, até hoje...
Um dia, a rever fotografias dessa época, resolvi fazer uma tela que registasse esses tempos, tão longínquos, como o dos dinossáurios – porque não voltam mais...
Escolhi, para lhe dar um sabor de época, a técnica do divisionismo ou pontilismo, assim chamada por derivar de pequenos pontos de cor pura, deixando que seja a retina do observador que faça a sua mistura para obter as imagens coloridas. Numa pincelada vermelha com fundo branco o pintor tem de ter em conta que esse branco é tingido com a sua cor complementar: o verde. No caso do amarelo será o violeta; no caso do azul o laranja. As cores atingem a sua máxima intensidade quando ao lado das suas complementares, segundo a lei do contraste.
Sabem onde está esta obra?
Adivinharam: em casa dos meus amigos. Está linda e não está só: tem por companhia outra com a qual faz um contraste absolutamente arrepiante...
Eu depois mostro, prometo.

6 comentários:

Unknown disse...

A arte ultrapassa o olhar. Vê-se mas também se sabe. Daí, António, uma parte do valor da sua contribuição... pinturas maravilhosas e saberes que distribui, acerca do próprio ato de pintar.
Um abraço.
Teresa

Anónimo disse...

Caro António,
Também conheço bem a Praia da Luz: a de agora (a da belíssima fotografia)e a de há 25 anos atrás, mais próxima das suas palavras. Mas deixe-me dizer-lhe que o Mar, esse, é o mesmo! Os meus parabéns pelo quadro magnífico!

A.Tapadinhas disse...

Cada um de nós (este "nós" inclui todos os seres) tem o seu cérebro e a sua visão adaptados para a sua sobrevivência...

Eu há muito que tento ver para além do que é evidente...

Bem-haja pelas suas palavras

Abraço,
António

A.Tapadinhas disse...

Caro anónimo: (Estranho o tratamento) Espero que continuemos a poder dizer que "o mar é o mesmo"...

Com a poluição que continua... galopante!

Abraço,
António

Anónimo disse...

Caro António,
Quanto à estranheza do tratamento, não tem qualquer importância - é o que se diz que importa,quando se diz o que se pensa, e não quem diz! Quanto ao resto, felizmente ainda temos uns recantos onde o mar é azul, transparente e onde ao mergulharmos não sentimos o sabor do óleo dos barcos, só o do sal que fica agarrado à pele! Perdoe-me o atrevimento, mas sugiro-lhe um bom mergulho nas praias de Sagres...

Anónimo disse...

Devia ter acrescentado ao comentário anterior que poderá sempre aproveitar para jantar um bom sargo - não os há como aí... :)