terça-feira, 29 de janeiro de 2013

FRESCOS


Minúsculos rectângulos dourados sobre o pano do sofá e o chão brilhante, reflectindo um ladrilhado de nuvens, tais conchinhas andantes num céu transmutado pela velocidade do vento.

13 comentários:

Unknown disse...

Hoje acordei e repousei. Sentei-me no sofá e vi... sorri. Eram retângulos dourados a dançar. Que bom que é acordar.

A.Tapadinhas disse...

Parece a descrição do quadro que tenho na minha frente, Poeira de Estrelas...

que está cheio de minúsculos rectângulos dourados...

...a dançar!

Abraço,
António

Amélia Oliveira disse...

Sim, que bom é acordar! Eu também vi os rectângulos dourados a dançar, sobre o pedacinho de mar que avisto da minha janela!

Um bom dia de quase Primavera!
Amélia

Luís F. de A. Gomes disse...

Que bonito é ver uma pessoa como a Senhora que tem alegria no acordar e… Ver. É bom saber que há pessoas assim, luzes de esperança, tochas da esperança que nos faz manter o discernimento de compreendermos que a maldade não é a condenação incontornável a que o animal humano esteja sujeito nesta Terra.

Deixe que possa adivinhar algo de si, por aquilo que vai escrevendo e que nós vamos lendo e pelos comentários que faz e que no cruzamento dos dados vão revelando o coração que guia os olhos que vêm e depois falam. Estarei errado se disser que a Teresa gosta mais de se sentir contente com aquilo que tem do que descontente por aquilo que lhe possa faltar?

É que isso costuma acontecer quando o Ser vem antes do ter e sempre isso é agradável de se saber. Certo?

E tenho a certeza que é a razão pela qual consegue ver algo nestas minhas palavrinhas.

Tiro-lhe o chapéu por isso
Luís

Luís F. de A. Gomes disse...

Não sei porquê, gosto de casas vazias de gente, devidamente arrumadas, com tudo como as pessoas deixaram, antes de saírem, de preferência casas solarengas e que na sua totalidade não sejam avistáveis a partir de um ponto do seu interior, casas que tenham nuances e recantos, um corredor, mesmo pequeno, é sempre um pormenor cativante e, sempre que posso, gosto de satisfazer esse gosto – ainda que neste texto, tenho a certeza pelos detalhes, ainda estivesse na casa dos meus pais – parando para me deixar ficar a contemplar uma fresta de luz por uma porta ou aquecendo o chão a partir de uma janela, ou do entreaberto de um cortinado, ver um ângulo de uma divisão com partes de mobiliário visíveis, em silêncio, simplesmente esperando que a vida volte a insuflar o inanimado. Este, foi um caso desses, as nuvens passantes na imagem reflectida no brilho dos plátanos de uma varanda, com o Sol levando o redeado rectangular de uma persiana meio descaída a derramar-se sobre o pano de um sofá.

E também nisso está o pó das estrelas, afinal de que todos nós temos um pouco.

Aquele abraço, companheiro
Luís

Luís F. de A. Gomes disse...

Acordar com pedaço de mar à janela é um privilégio e se na visão vem o som conversa que aquele mantem com a Terra, provavelmente à pergunta da Lua, como nos contou Redol, o mal amado, então, só por isso, o acordar deve ser uma espécie de planar de gaviota, mesmo pelas horas difíceis. Até no sombrio da névoa distinguimos o rubor de pétalas que mais não são que a Primavera que vamos regando dentro do peito. Afinal, os olhos só vêm o que alma consente – não sei se esta última frase tem algum sentido mas que me parece poética, parece.

Um resto de dia em paz
Luís

Amélia Oliveira disse...

Parece e é - poética! E só por isso já tem todos os sentidos que lhe quisermos dar!

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Pois é, Luís, a alma até consente coisas que nem os olhos conseguem ver. Por isso, o contentamento. E também pelas suas palavras. Que têm luzes lá dentro. Têm, têm, que eu vi!
Teresa

Luís F. de A. Gomes disse...

São olhos poéticos os que assim vêm.

Luís F. de A. Gomes disse...

Iluminação, a sua, Teresa, não tenho qualquer dúvida disso.

Luís

MJC disse...

As nuvens...

sempre as nuvens, nestes frescos.

Fluidas, aeroformes, livres.

Bom.

Manuel João

Luís F. de A. Gomes disse...

Sempre gostei de andar nas nuvens, não me perguntes porquê.

Aquele abraço, companheiro
Luís